Filho.

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Acordei com o rosto dolorido, levanto a cabeça e a primeira coisa que vejo é ela: sentada em minha frente amarrada em uma cadeira. Seus braços presos para trás, um pano amarrava sua boca atravessando a cabeça, e o olhar vermelho com lágrimas que desciam silenciosamente.

Tento me levantar, mas foi ai que percebi que eu também estava com os braços presos na cadeira em que sentava. Olho ao redor tentando reconhecer o lugar, mas nada me vem em mente, eu estava vulnerável em um lugar desconhecido.

Emilio: Ela não parava de falar então eu tive que dar um jeito. - ouço sua voz atrás de mim.

Fecho os olhos brevemente e respiro fundo já perdendo completamente a paciência.
Seus passos lentos eram o único som que ecoava pelo local, ele passa por mim e vai até ela.

Emílio: Você disse que ela era investimento, filho. - disse chegando por trás dela e apoiando as mãos em seus ombros.

Ela fechou os olhos demonstrando que estava agoniada, transmitindo um medo, visivelmente aterrorizada.

Emílio: Eu acreditei em você, pensei, desta vez vou confiar em suas ideias! Mas olha onde isso nos trouxe. - sorri sarcástico - Reconheço o seu desejo por ela, realmente uma delícia. - deslizou suas mãos para baixo alcanço seus seios e os apalpando.

Senti meu sangue ferver por todo meu corpo, parecia que corria pó de vidro por minhas veias.

Emílio: Ai está! Esse seu olhar! - diz animado - Você tem o mesmo olhar do seu pai, ele me olhava assim direto! Estou me sentindo nostálgico. - abre um sorriso de ponta a ponta.

Continuei em silêncio encarando-o com o olhar pesado carregado em ódio.

Emílio: Eu tive que matar a sua mãe pra conseguir a atenção do seu pai, mas você destruiu tudo! Você destruiu tudo o que eu tinha criado pra nós! Eu fiquei com tanta raiva de você por simplesmente ter nascido! Arg! Eu vivi com essa raiva por muito tempo! Mas agora eu não preciso mais! – rir –Porra eu não preciso mais te aturar! Eu não preciso olhar pra essa sua cara que é igualzinha a dela, aquela vadia da sua mãe! Você acredita que antes dela se jogar nos braços do seu pai, ela era minha? Até hoje me lembro de como eu fodi a vagabunda... – o interrompo, farto de ouvir toda essa merda.

Conor: Eu vou te matar desgraçado! – grito com todo o ódio que dilacerava meu coração.

Ele gargalhava em me ver naquela situação.

Emilio: Me desculpa! – tenta conter o riso – Assunto delicado, foi mal.

Conor: Eu acho bom você me matar aqui e agora. Porque se eu sair daqui a única certeza que você vai ter é que eu vou te matar.

Emílio: Mais ameaças. – revira os olhos – Você não cresce! Mas já que estamos trocando sentimentos, o que acha de fazer sua bonitinha sentir um pouco. Hum? – diz tirando seu canivete do bolso.

Meu coração disparou como um foguete dentro de mim, eu nunca me senti assim em relação a ninguém, era incontrolável, martelava meu peito com a sensação de que a qualquer momento fosse rachar.

Ela me olhava com os olhos decaídos, desesperados transbordando em lágrimas de medo.

Conor: Ela não tem nada a ver com essa merda! – tento distraí-lo pra que não a tocasse.

Emílio: Mas é óbvio que tem! O seu olhar entrega de que está doido por ela, mas eu já sabia disso devido aos seus comportamentos nas últimas semanas. Se você se importa com ela, eu machuco ela, e você sofre, simples.

Conor: Eu não me importo, faça o que quiser! – minto.

Emílio: Vamos ver se não se importa mesmo.

Eu achei que ele estava blefando, até que ele começa a deslizar o canivete lentamente perfurando braço dela. O sangue escorreu imediato e seus gritos eram abafados pelo pano que sufocava sua boca.

Meu corpo todo enrijeceu de tanto ódio que corria em minha pele, tento arrebentar as cordas com a força mas realmente era impossível, eu só podia assistir.

Conor: PARA! – grito apavorado entregando o que ele queria.

Ele sorri glorioso, fecha o canivete e se afasta dela satisfeito.

Ela chorava sem parar, o fôlego lhe faltava, a dor que sentia era visível e aquilo estava acabando comigo.

Conor: O que você quer? Deixa ela fora disso. Eu faço o que você quiser! – imploro.

Ele balança a cabeça em negativa vindo até mim sem dizer uma palavra se quer. Fui golpeado no rosto com um soco que arrancou sangue do meu nariz, o ardou queimava minha pele.

Ainda em silêncio ele passa por mim e logo ouço o som da porta bater e trancar, avisando que ele havia saído.

Conor: Sarah, eu vou te tirar daqui tá? Só preciso pensar um pouco. – sussurro.

Ela assente ainda em prantos.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora