Eu não sei o que isso significa.

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Sarah

Olhei para a minha esquerda, vendo alguns idiotas rindo e balançando seus copos enquanto conversavam, em uma mesa há alguns metros, tapando toda a minha visão para a mesa dele. Passei os dedos pelos meus cabelos, penteando-os para trás pela milésima vez. Estou inquieta e sinto que essa inquietação vem mais pela loira que estava sentada com eles do que com o nervosismo de estar com o meu pai.

A sensação de desconforto cresce à medida que tento desviar meu olhar daquela mesa e me concentrar na conversa com meu pai, mas a presença daquela mulher parece preencher todo o espaço ao meu redor, tornando impossível ignorá-la. E agora que eles privaram a minha visão, eu me sinto ainda mais intrigada.

Sim, eu estou sendo uma bela de uma vadia ciumenta. E daí?

Antônio: Filha. – chamou a minha atenção.

Sarah: O que foi pai? – disse ríspida.

Antônio: Você ouviu alguma palavra do que eu disse? – questionou, o tom de voz grosso e impaciente.

Sarah: Não. – ergui as sobrancelhas – E nem quero.

Rafael: Sasa... – me advertiu.

Sarah: E cuida da sua vida você também Rafael. Não pense que só porque tive um momento de fraqueza que você voltou a ser meu irmão querido. – disse pegando a minha taça a mesa e tomando um gole do meu martini.

Rafael: Ainda está nessa? – resmungou revirando os olhos.

Sarah: Óbvio que sim, e vou ficar "nessa" pra sempre. Eu te odeio, merda! – cuspi as palavras.

Antônio: Não tenho tempo para suas birras Sarah!

Sarah: Pode ir embora então. – dou os ombros.

Antônio: Olha aqui sua mimad-

Rafael: Chega! – alterou a voz – Que droga! Sarah, nós queremos o seu bem!

Sarah: Ah! Claro! – ironizei – O papai devia querer muito o meu bem quando me forçou a noivar com aquele estuprador de merda! – eu ri uma vez, perplexa – Me diz Rafael, quando foi que vocês viraram tão amigos? Eu me lembro de você odiá-lo tanto quanto eu. Ou era só fingimento pra ganhar a minha simpatia?

Antônio: Você devia me respeitar! Eu sou o seu pai! – vociferou.

Sarah: Devo? Vai a merda, papai! – sibilei.

Rafael: Urgh! – rosnou, revirando os olhos jogando a cabeça para trás.

Sarah: A dívida pelo carro foi culpa sua pra início de conversa. Gabriel só teve a oportunidade de invadir o meu quarto e me estuprar porque você me forçou a morar naquela casa de novo, e você o provocou naquele dia. Então por favor Rafael, vai a merda você também! – alterei a voz.

Antônio: Sarah não faça cena. – resmungou.

Sarah: Vocês só arruinaram a minha vida. Me deixem em paz! Não acham que essa história já não foi longe demais? Mamãe está morta! Eu estou quebrada! Eu não aguento mais!

Me levantei de supetão e dei as costas, determinada a sair dali o mais rápido possível. Antes que eu conseguisse dar dois passos, fui interrompida por um muro alto de músculos e um perfume inconfundível. O impacto foi como se tivesse trombado em uma parede sólida, e cambaleei para trás, prestes a cair, mas fui salva pelo rápido reflexo de mãos fortes que me seguraram pela cintura. Foi tudo tão rápido que minha única reação foi um suspiro profundo e assustado que escapou dos meus lábios, enquanto eu tentava recuperar o equilíbrio e desviar o olhar do par de olhos profundos que me encaravam.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora