Minha contadora.

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Sua mão tomou minha taça rapidamente, colocando-a no chão, e em seguida, espalmou sobre a minha coxa. Um suspiro escapou dos meus lábios quando senti seus dedos cravarem na minha pele. Meu coração começou a bater forte ao vê-lo se inclinar sobre mim, aproximando-se cada vez mais. Seu olhar pequeno e sedutor preso em meus lábios, a boca entreaberta, faminta por mim.

A mão que apertava minha coxa subiu lentamente, passando pelo meu quadril, cintura, até chegar em meu pescoço. Ele fez eu me sentir ainda menor quando a sua mão apanhou meu pescoço quase por completo. Um maldito sorriso curvou seus lábios, e eu pude sentir o roçar nos meus. Ele estava por cima de mim, com um joelho no sofá e o outro apoiando o pé no chão, o braço esquerdo ao lado da minha cabeça, o direito no meu pescoço. Eu nem percebi quando me deitei, escorada no braço do sofá.

Porque eu estou parada sem fazer nada? Porque eu estou deixando ele fazer isso?

Seu polegar alisou minha garganta, subindo para o meu queixo, em seguida acariciou meus lábios. Um arrepio se estendeu por todo meu corpo, o formigamento onde ele me tocava. O calor entre as minhas pernas e o estômago se revirando como se as borboletas estivessem em um conflito dentro de mim, enquanto a sensação de desejo se misturava com a adrenalina.

Eu quero mais. Me beije. Me toque. Por favor.

Mordi o lábio inferior, prendendo-o entre os dentes, e soltei devagar. Meus olhos procuraram pelos seus, mas eles estavam ainda presos em meus lábios. Eu quase sorri, vendo-o tão fascinado por mim quanto eu por ele.

Conor: Porra... — sua voz saiu tão falha e rouca que mal era um sussurro. — Não faz isso.

Aquela voz, rouca, grave e sensual, ecoou nos meus ouvidos, entrou na minha pele, me arrepiando por inteira. Seu hálito quente e suave roçando meus lábios cada vez mais perto. Eu estava pronta para me entregar, mas a porta se abriu brutalmente, fazendo a maçaneta bater na parede e o baque seco me assustou. Arregalei os olhos pelo susto e empurrei seus ombros com força, tentando afastá-lo. No entanto, ele era forte, nem mesmo se moveu.

O olhar confuso e aquele maldito sorrisinho estampado no rosto dele me irritavam. Bati minhas mãos em seus ombros novamente, e, desta vez, ele se afastou. Aproveitei a oportunidade para me levantar rapidamente, ajeitando minha roupa e cabelo com pressa.

Que porra eu estou fazendo?

— Vejo que você está ocupado — disse um homem grisalho ao entrar no escritório.

Conor: E você está me atrapalhando — respondeu, desviando o olhar na direção do homem na porta.

Sarah: Eu... Preciso ir — murmurei, pegando minha bolsa e saindo às pressas, completamente envergonhada.

Conor

Ele olhou para trás, vendo-a sair, e voltou o olhar para mim com as sobrancelhas arqueadas.

Emílio: Você não tem jeito mesmo.

Conor: Hum — desdenhei, pegando meu copo do chão e virando o resto do uísque.

Emílio: Como andam as vendas legais? — perguntou, sentando-se na poltrona.

Ele mudou de assunto muito rapidamente; isso era estranho.

Conor: Tudo certo esta semana.

Emílio: A Máfia está querendo outro carregamento de fuzis. Quando foi o último?

Conor: Não me lembro, preciso conferir, mas é preciso impor um limite a eles. Estão fazendo o quê? Guerra? Porra...

Emílio: Prefiro não saber.

Ele acendeu um charuto e tragou, me olhando sério.

Emílio: Quem é ela?

Eu sabia que ele não deixaria passar batido.

Conor: Sério? — arqueei as sobrancelhas.

Ele deu mais uma tragada, esperando minha resposta.

Conor: Minha contadora.

Emílio: Você ficou maluco? — disse entre os dentes, com os olhos arregalados.

Conor: Relaxa, ela só sabe dos negócios legais. Se eu tiver alguém cuidando deles, vou poder focar no ilegal — expliquei.

Emílio: Se alguma merda...

Conor: Tio, não vai rolar. Confia em mim, porra.

Ele respirou fundo e balançou a cabeça em negativa.

Conor: Eu pesquisei sobre ela; é uma burguesa que vai adorar trabalhar com tanto luxo que não vai perceber nada.

Emílio: Com luxo ou com você comendo ela? — provocou.

Conor: Não viaja! — me levantei e servi outra dose de uísque. — Você conhece a família dela?

Emílio: Deveria? — respondeu com indiferença.

Conor: Sarah. Fonseca. Cortez. — disse pausadamente, enfatizando o último nome.

Emílio: Cortez? — ajeitou a postura, mostrando interesse.

Conor: É. — sorri. — Eu disse. Ela é um investimento, confia em mim.

Emílio: Investimento... Sei. — desdenhou, mas eu sabia que ganhei o voto de confiança.

Conor: 'Tá de sacanagem?

Emílio: Conor, faz o que quiser. — levantou-se, balançando a cabeça em negativa.

Respirei fundo e fiquei em silêncio.

Emílio: Espero que não foda com meu negócio e que não decepcione seu pai por causa de uma boceta. — disse, dando-me as costas e saindo da sala.

Sarah

Sai andando sem rumo, completamente apavorada, com a mente em outro lugar. Eu só conseguia pensar em quanto eu queria que ele tivesse me beijado, em como sua mão poderia ter descido um pouquinho mais...

Subitamente, acordei dos meus devaneios com uma buzina estridente, que explodiu em meus ouvidos. Gritei de susto, olhando rapidamente para o lado de onde vinha o som, meu coração disparado e as pernas trêmulas.

Sarah: Caralho! — berrei ainda assustada e continuei a andar.

— Olha por onde anda, maluca! — gritou uma mulher de dentro do carro.

Ótimo! Numa semana, um acidente; na outra, um quase atropelo. Na próxima, a previsão é que eu morra de vez. Respirei fundo e voltei a andar até uma cafeteria mais próxima. Me sentei numa mesa sozinha, do lado de fora, e pedi um café.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora