Serei a próxima a sangrar? Ou irei puxar o gatilho primeiro?

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A ansiedade crescia em meu peito, apertando meus pulmões a cada tiro que explodia pelo ar, como se estivesse sendo estrangulada por uma mão invisível. Um zunido ensurdecedor pressionava meus ouvidos, transformando minha respiração falha e acelerada em um eco distorcido, como se estivesse em uma caixa de som, um ritmo frenético que apenas aumentava meu desespero. Cacos de vidro voavam e se espalhavam pelo chão à minha frente, caindo do espaço acima da pia onde eu me escondia, como se o próprio ambiente estivesse desmoronando ao meu redor.

Abracei minhas pernas, apertando-me contra mim mesma, desejando do fundo do meu ser que nenhuma das balas tivesse atingido Conor. Deus, eu não tenho condições pra isso. Por favor. O pensamento se repetia em minha mente como um mantra, uma súplica silenciosa em meio ao caos.

É como assistir a um filme de ação às cegas, onde os sons se transformam em uma sinfonia de caos. O eco distante de tiros reverberando nas paredes parece se aproximar, como se cada estalo de pólvora estivesse sussurrando segredos diretamente no seu ouvido. O cheiro metálico do sangue penetra no ar, misturando-se com a fumaça densa, penetrando o cérebro como agulhas finas.

Corações acelerados podem ser ouvidos, batendo como tambores de guerra, e você sente a adrenalina pulsando nas veias. A agonia cresce angustiante, como uma corda prestes a se romper, arrebentando fio por fio, antes de se partir por completo. Você se pergunta: serei a próxima a sangrar? Ou irei puxar o gatilho primeiro? A incerteza é um veneno que corrói a mente, enquanto o barulho das vozes distantes se transforma em gritos desesperados, ecoando como um lamento sombrio.

Cada segundo parece uma eternidade, e o ambiente está carregado com a tensão elétrica do perigo iminente. As sombras dançam ao seu redor, criando formas ameaçadoras que parecem querer engolir você. O mundo exterior se dissolve em uma névoa de ansiedade, e tudo o que resta é a expectativa insuportável do que está por vir.

Com um movimento automático, abaixei a cabeça e deixei a testa repousar sobre meus joelhos, fechando os olhos com força. Minha mente se tornava um campo de batalha, torturando-me com a visão de Megan ensanguentada no chão.

Por favor, esteja bem.

— Olha o que temos aqui. — A voz soou perto demais. Abri os olhos levantando a cabeça rapidamente, deparando-me com um homem de terno preto e gravata vermelha, usando uma balaclava que ocultava seu rosto, agachado bem na minha frente.

Suspirei assustada, cada músculo do meu corpo se contraindo em um estado de paralisia. Seus sapatos esmagavam os cacos de vidro sob eles, fazendo um som estridente e agonizante.

— Achei ela. — O homem disse, falando com um aparelho em sua mão, um rádio, se não me engano. Na outra mão, segurava um fuzil, apontando-o diretamente para mim.

O rádio chiou, e uma voz respondeu em uma língua que eu não entendia. Minha boca se tornou seca como areia, enquanto meus pensamentos giravam a mil por hora, tentando encontrar uma saída.

Eu não vou ser a primeira a sangrar. Não hoje.

— Vem, bonitinha, quanto menos lutar mais fácil será pra você. — Ele se afastou ligeiramente, abrindo espaço para eu sair de debaixo da pia.

Engoli em seco e obedeci. Afinal, eu não poderia fazer nada sentada ali mesmo.

Molto bene, tesoro. — Cantarolou, enquanto agarrava meu braço ao me puxar para fora abruptamente.

O puxão foi tão forte que me fez cambalear para frente. Num movimento rápido e instintivo, chutei o fuzil que ele segurava. A arma disparou a centímetros da minha perna, o som do tiro ecoando como um trovão em uma tempestade. O fuzil caiu ao chão, arrastando-se para longe.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora