Deseja mais alguma coisa madame?

1.8K 114 8
                                    

O "pip, pip, pip" do alarme ecoava pelo quarto, e eu só conseguia pensar em como aquilo me irritava. Com o rosto enterrado no travesseiro, tateei o criado-mudo em busca do meu celular.

Conor: Urgh! — resmunguei, frustrado.

Finalmente consegui levantar um pouco a cabeça, apertando os olhos contra a claridade. Estiquei o braço até alcançar o celular e desliguei o alarme, mas não tinha forças para me mover. Voltei a me enterrar no travesseiro, tentando ignorar a realidade por mais alguns minutos.

Mas, contra minha vontade, levantei. Tomei um banho gelado que pareceu me dar um choque de realidade, escovei os dentes e me vesti. Peguei as chaves do carro e fui para a empresa, pensando em como tudo estava uma bagunça na minha vida.

[...]

Ao entrar na empresa, vi a Paula logo na entrada.

Paula: Bom dia. — disse com aquela voz mansa, seu olhar meio sonolento e um sorriso que parecia ter um toque de indecência.

Conor: Que que foi, Paula? — falei em tom zombeteiro enquanto passava por ela e entrava no elevador.

Paula: Nada não, chefinho.

Soltei um riso pelo nariz e balancei a cabeça em negativa. O que estava acontecendo? Ou ela teve uma noite incrível ou decidiu que era hora de me dar bola. Subi para o meu andar e percebi que não havia ninguém na adega; nem mesmo o Daniel estava por ali. Continuei caminhando diretamente para o meu escritório.

Abri a porta e dei de cara com Sarah, sentada no sofá, com um vestido que realçava todas as suas curvas. As pernas cruzadas, o cabelo solto em ondas naturais e uma taça de vinho tinto em mãos. Agora tudo fazia sentido: a cara lerda da Paula não era à toa. Ela estava de conchavo com a situação.

O olhar de Sarah se fixou no meu, sério, com os lábios tingidos de vinho. Caminhei até minha cadeira em silêncio, me sentando e respirando fundo, retribuindo o olhar desafiador dela.

Sarah: Eu cheguei e a Paula me disse que você não deixou nada pra mim, nem mesmo avisou que eu viria! Eu não tenho uma mesa, nem computador e nem acesso aos seus documentos. Então eu estou plantada nesse sofá por 1 hora bebendo seu vinho me perguntando o que caralhos é pra eu fazer aqui? — disparou ela, expressando toda a raiva acumulada.

Tentei segurar o riso, mas não consegui. Para disfarçar, cocei a barba enquanto pensava em quão atraente ela estava assim, bravinha. Essa mistura de raiva e charme só aumentava minha vontade de arrancar aquele vestido ali mesmo.

Sarah: Quer saber? Eu vou embora! — disse, deixando a taça na mesa de centro e se levantando.

Conor: Não sou eu que preciso do emprego, Sarah — lancei a provocação, com um sorriso no rosto.

Ela me lançou um olhar severo, a carranca no rosto dizia tudo. O silêncio entre nós era denso, e eu sabia que ela nunca admitiria que eu estava certo.

Conor: Olha, eu só estou brincando. Se você for embora agora, vai perder a chance de resolver isso de uma forma mais... leve. — fiz uma pausa, tentando suavizar a situação. — E quem sabe até aproveitar um pouco desse vinho que você deixou para trás. — deixei a sugestão, sabendo que a deixaria intrigada.

O jeito como ela cruzou os braços e me encarou apenas aumentava minha curiosidade. Havia algo ali que ia além da raiva. Eu só precisava encontrar o jeito certo de desarmá-la.

Sarah

Conor: Eu esqueci, beleza? Aconteceu muita coisa e eu esqueci de arrumar suas coisas...

Aquelas palavras dele ecoavam na minha mente, mas logo foram ofuscadas por pensamentos mais sombrios. A imagem dele com aquelas duas da festa era difícil de ignorar.

Conor: Sarah? — me chamou, interrompendo meus pensamentos.

Sarah: Hum? — arqueei as sobrancelhas, ainda mantendo a cara fechada.

Conor: Você pode usar o meu hoje enquanto resolvo isso pra você.

Sarah: E o acesso?

Conor: Também. Deseja mais alguma coisa, madame? — ele abriu um sorriso malicioso que me deixou em conflito.

Arg! Seu safado! Gostoso! Porém um babaca! Que ódio! Como eu poderia me irritar e ao mesmo tempo achar tudo tão atraente?

Sarah: Se quiser minha ajuda, vai ter que parar com as gracinhas. — ergui a cabeça, encarando-o de volta.

Conor: Hum. — ele se levantou e veio andando lentamente na minha direção.

Sarah: Pode parar com a troca de olhares, os sorrisinhos e caronas, e seja lá o que você está fazendo, pode parar!

Conor: Não gosta de sorriso? Prefere que eu fique de cara feia, assim? — ele fez uma carranca falsa, imitando meu próprio semblante.

Sarah: Urgh! Você entendeu. — Resmunguei.

Era difícil. Ele sabia como me provocar, e por mais que eu quisesse mantê-lo à distância, havia algo irresistível na maneira como ele lidava com tudo isso.

Ele volta a sorrir e se posiciona a poucos centímetros do meu corpo.

Conor: Você gosta. — diz, aproximando-se ainda mais.

Dou um passo para trás, sentindo meu coração acelerar descontroladamente no peito. O calor da respiração dele se intensifica, enquanto a minha se torna ofegante. Continuo recuando, e ele avança, até que meu corpo colide bruscamente com a mesa, o impacto ecoando pela sala. Ele se inclina sobre mim, as mãos apoiadas na superfície, e posso sentir seu hálito quente e opressor contra meu rosto.

Conor: Não gosta? — ele eleva o olhar para os meus olhos.

Sarah: Não. — minha voz sai baixa, quase um esforço.

Conor: Seu corpo me diz outra coisa. — sussurra em meu ouvido.

Ele inclina o rosto em direção à curva do meu pescoço, o calor do seu corpo me envolvendo completamente. Sinto sua língua quente tocar minha pele, ele a beija lentamente, arrancando um suspiro involuntário de mim. Fecho os olhos, entregando-me à sensação agradável de sua boca ali, e não consigo evitar imaginar-o fazendo o mesmo em minha intimidade; quase deixo escapar um gemido.

É o vinho! Com certeza.

Ele leva a mão até o meu pescoço, enforcando-me levemente, e volta a olhar profundamente nos meus olhos.

Conor: Vai me dizer que não te deixo molhada? — murmura em um tom rouco, triscando seus lábios nos meus, enquanto pressiona seu corpo contra o meu, me empurrando contra a mesa.

Sinto seu membro duro contra minha barriga, e uma onda de formigamento percorre minha pele. O calor entre minhas pernas se intensifica, e a dorzinha provocante em meu clítoris se torna quase insuportável. Mordo o lábio, revirando os olhos levemente, entregando-me ao impulso que me consome; minha intimidade pulsa ansiosa por seu toque. Aproximo-me, querendo beijá-lo, mas ele afasta o rosto com um sorriso provocador. Olho em seus olhos, implorando em silêncio. Ele simplesmente recua.

Conor: Pois agora vai ter que pedir.

Fiquei paralisada, incapaz de mover um músculo. Meu coração parecia prestes a sair do peito e o ar me faltava. Engoli em seco e pisquei várias vezes, enquanto ele apenas me deu as costas e saiu da sala.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora