Sem maldade.

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Sarah

Seu braço esquerdo envolveu em minha cintura, eu pude sentir o metal gelado da arma em minha barriga. Uma faca coberta de sangue era segurada por sua mão direita em minha frente na defensiva.

Começamos a andar pelo corredor enorme pelo qual eu já conhecia, seu corpo estava atrás do meu guiando meus passos.

Eu não conseguia pensar em nada, e nem reagir, o medo e o desespero já estava possesso por todo meu corpo. Meus olhos ardiam, minha boca estava seca pelo pano que sugou minha saliva por horas, e também ardia nas laterais.

Andamos até o final do corredor em completo silêncio, fecho os olhos já sabendo do seu próximo passo, apenas ouço o golpe da faca e o barulho do engasgo afogado em sangue.

O vômito chega a subir para a minha garganta, mas eu o seguro a tempo levando a mão em minha boca. O cheiro enferrujado de sangue me embrulha o estômago.

Abro os meus olhos e sinto a lágrima escorrer em meu rosto, eu só quero sair daqui, sair dos seus braços, sair de perto dele.

Não preciso olhar pra saber que tem um corpo aos meus pés, voltamos a andar passando pelo mesmo como se não fosse nada, apenas um obstaculo, uma pedra no caminho.

Olho para baixo pela escadaria e os destroços me fazem lembrar da explosão que senti mais cedo. A casa queimada em tons pretos, vidros por toda parte e rastros de sangue pelo chão.

Conor: Merda. – sussurra tão próximo a mim que senti meus cabelos voarem com seu hálito – Não vai ter como passar por aqui. Vem. – aperta firme minha barriga pressionando mais a arma gelada em minha pele, enquanto dá passos pra trás voltando no corredor.

Entramos no primeiro quarto, estava escuro, apenas com a luz da lua entrando pelos vidros da sacada. Ele fecha a porta cuidadosamente e finalmente me solta, suspiro leve sentindo o alívio percorrer por toda a minha pele. Eu não quero suas mãos em mim.

Conor: Vamos ter que pular. – ele diz indo em direção a sacada.

Arregalo meus olhos claramente descordando dessa maluquice.

Sarah: Eu não vou pular. – balanço a cabeça em negativa.

Conor: Shh! Fala baixo porra! – coloca o dedo indicador em seus lábios.

Fechei a boca, me sentindo enjoada.

Conor: Se quiser ficar aí pra eles te matar, fica a vontade.

Sarah: Meu pai vai me buscar. – afronto.

Ele solta um riso sarcástico e me olha estreitando os olhos. Seus passos vem em minha direção com a faca apontada para mim. Engoli seco a pouca saliva que me restava.

Conor: No momento em que seu pai transferir o dinheiro, esse filho da puta vai te matar. – diz passando a faca na corda que ainda prendia meus braços.

Franzi o cenho e abaixo o olhar repensando enquanto massageava as marcas das cordas em meus pulsos.

É óbvio, todos eles são uns mentirosos do caralho. Ele mesmo disse pro cara que enfiou a faca no pescoço "não confie em ninguém".

Conor: Vamos. – indica a sacada com o queixo.

Fico paralisada olhando-o, até que ele pula, ouço o som de água e corro até a sacada. Olho para baixo e ele estava dentro da piscina me chamando com apenas um gesto na mão.

Com o coração acelerado, jogo uma perna para o outro lado e me sento no parapeito, respiro fundo e sem pensar muito me jogo.

O contato com a água fria da piscina fez meu corpo todo arrepiar, em seguida com seus braços envolvendo minha cintura me puxando para cima.

Conor: Vem, eles devem ter ouvido. – sorri me olhando como se estivesse gostando daquilo.

Sem questionar o sigo. Saímos da piscina e corremos pra a frente da mansão nos escondendo atrás dos carros.

Um grupo de umas oito pessoas passam correndo por onde acabamos de passar, armados, olhando atentos pra piscina e ao redor na área.

Sinto sua mão segurar a minha e logo sou puxada, voltamos a correr abaixados passando entremeio os carros, até chegarmos em uma lamborghini preta, na qual eu me lembro bem. Foi nessa porcaria de carro que tudo começou.

Ele entra no carro e eu faço o mesmo, sinto seu olhar sobre mim com um sorriso que apesar de lindo, me deu calafrios.

Desvio o olhar e o mesmo da partida acelerando com força total, solavancando meu corpo contra o banco.
Os sons dos tiros disparados contra nós aparecem distantes por causa do vidro blindado fechado, de toda forma nenhum nos acertou.

Conor

Já faz alguns minutos que estou dirigindo em alta velocidade na pretenção de sumir de perto daquele lugar. Olho-a por um instante antes de voltar meu olhar pra estrada, ela estava encolhida abraçando seus braços, com a cabeça deitava no vidro e olhando pra qualquer lugar, menos pra mim. Não faço questão e continuo dirigindo.

Sarah: Me deixa em casa. – quebra o silêncio.

Conor: Não posso. Eles podem saber onde você mora. – nego com a cabeça sem tirar os olhos da estrada.

Sarah: Por favor. – sua voz sai falha e trêmula – Eu quero ir pra casa. – funga, passando as costas das mãos em seu rosto.

Sem questionar faço a rota para seu apartamento. É arriscado, ela ainda pode estar em perigo já que a tirei das mãos do Emílio, era a sua barganha para faturar com o Cortez. Mas eu não aguento mais. Eu não aguento mais me sentir estranho. Sentir esse ardor no meu peito que esta relacionado a ela. Eu não aguento mais vê-la chorar. Eu não aguento mais vê-la sentir medo.

[...]

Ela dormiu agarrada em seus braços, no carro no caminho para casa, tento acorda-lá, mas assim que a toquei senti seu corpo estremecendo de frio, seu queixo batia rangendo os dentes.

Desço do carro e dou a volta para pega-lá em meus braços, sua pele estava tão fria que chega estar pálida.
Tranco o carro e subo, abro a porta do apartamento que aparentemente estava destrancada.

A primeira coisa que vejo era o Daniel sentado no sofá com a Mariana deitada em seu colo. Franzi o cenho sem acreditar nessa merda.

Eu fodido e esse filho da puta... Arg! Eu não posso nem pensar demais!

Marina: Chegaram! – ela nos olha com um sorriso gigante, como se não soubesse de nada e nem mesmo estava preocupada com sua amiga.

Fico em silêncio encarando o Daniel profundamente, querendo expor em meus olhos todo o ódio que estou sentindo bem agora.

Mariana: Ela tá dormindo?

Assenti, ainda sem tirar os olhos dele. Continuo andando indo em direção ao seu quarto, mas a minha mente estava na sala, com aquele desgraçado fingido.

Deixo-a em sua cama e começo a tirar sua roupa molhada do seu corpo. Sem maldade. Essa é primeira vez que tiro a roupa de uma mulher sem maldade ou segundas intenções.

Tiro sua bota jogando-a no chão, em seguida desabotoo seu cinto e em seguida a calça, puxo delicadamente, mas com dificuldade por causa da roupa encharcada grudada em sua pele.

Sua calcinha era preta da mesma cor da calça e de toda a sua roupa. Jogo a calça no chão e me aproximo novamente na intenção de tirar sua blusa, e então ela acorda assustada, com os olhos pequenos e avermelhados de tanto chorar o dia todo.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora