Onde você esteve?

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Sarah

Nove dias depois.

Quem ele pensa que é? Propor-me em casamento, dizer que me ama e simplesmente me abandonar na cama, com nossos gozos se desvanecendo entre minhas coxas, depois de quase me quebrar ao meio. E o pior não foi isso. O verdadeiro golpe veio quando o desgraçado desapareceu por todo o dia, era sábado, um dia atípico, pois ele nunca trabalha aos sábados ou domingos. Assim, aguardei. Contudo, ele não retornou.

Quando o domingo despontou, acordei com esperança de vê-lo dormindo ao meu lado, mas me deparei com um anel de diamante, cuidadosamente disposto em uma caixa verde de veludo sobre o criado-mudo. Quanto a ele? Nenhuma pista sequer.

Ele quer ou não?

Não quero seu maldito anel. Imbecil. Quero que seja homem o suficiente para repetir na minha frente as palavras ditas enquanto me estava com o pau enfiando na minha boceta. Babaca. Talvez ele tenha se arrependido e, com a consciência pesada, tenha sentido a obrigação de me comprar um anel. Seu filho da puta. Nem mesmo tive a chance de responder se o queria ou não. Vai me forçar a casar contigo também? Por que agiu assim? Caralho, há uma semana estou mergulhada na angústia por causa disso. Desde que deixou esse maldito anel sem uma palavra sequer, ou sequer apareceu, sinto-me afundar em um pântano cheio de musgos.

O que eu fiz de errado?

Implorei incessantemente para que ele dissesse que me ama. Hoje, nutro um ódio profundo por aquela Sarah. Se soubesse que suas palavras de "Eu te amo, lobinha" me levariam à perdê-lo completamente, preferiria jamais tê-las escutado. Encontro-me agora habitando o lar de um fantasma, que entra e sai sem deixar vestígios, sem que eu sequer perceba sua presença ou ausência.

Às vezes, quando estou dormindo, sinto aquele arrepio, queimando em minha nuca, como se estivesse sendo consumida pelo olhar penetrante dele, a chama incandescente de um fogo intenso se aproximando e aquecendo minha pele. Porém, ao despertar e abrir os olhos, não encontro ninguém ao meu redor. O manto gélido da solidão me abraçando novamente.

O meu rosto esquerdo foi consumido pelo fogo, e minha bochecha pressionou contra os meus dentes, soltei um suspiro, ficando sem ar. Maldita seja essa vadia. Levei a mão a carne quente e pisquei, os pensamentos dissipando-se pelo ar como fumaça, me trazendo de volta para a realidade. Ela me deu um puta tapa na cara, e de graça.

Megan: Onde está com a cabeça, Sarah? Está surda? – Exclamou.

Sarah: O treino acabou. – Respondi com seriedade e virei as costas.

Megan: Espera, espera! – Ela passou por mim e parou subitamente à minha frente.

Sarah: Megan, não estou de bom humor agora, por favor, me dê licença. – Fechei os olhos, pedindo a Deus para que ela me ouvisse e desaparecesse dali.

Megan: Você está... Diferente, parece estar em outro mundo. Assim não dá, precisa voltar para a Terra, Sarah. – Insistiu, colocando as mãos na cintura como se estivesse me dando um sermão.

Bufo, impaciente.

Megan: O que está acontecendo?

Sarah: Nada! Só não estou afim, certo? Pode ir embora, ganhou o dia de folga. – Respondo ríspida.

Megan: Você me disse que quando eu quisesse conversar era só falar, então, eu quero conversar agora. – Arqueou as sobrancelhas como se o seu argumento fosse irrefutável.

Sarah: Conversar sobre nós duas, não sobre a minha vida. – Franzi o cenho, refutando.

Megan: Vocês brigaram, não é? É evidente, você está estressada, e ele agindo como um lunático, não fala com ninguém, não olha para ninguém, como se estivesse em um transe esquisito.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora