Tudo teria sido diferente.

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Eu lutei para conter a risada, mas seu desespero bem diante de mim era simplesmente irresistível. Ele tremia descontroladamente, os olhos, o queixo, a cabeça, o corpo - tudo nele parecia prestes a desmoronar.

Seu merdinha desgraçado.

Cadê o grandão que colocou as mãos na minha mulher?

Me levanto de supetão fazendo a cadeira se balançar, quase indo ao chão, e então me aproximei mais, deixando nossos corpos a centímetros de distância. Analisei seu rosto, o corte próximo a sobrancelha que descia até a têmpora estava horrível, uma de suas pálpebras estava arroxeada e inchada pra caralho. Um sorriso sádico surgiu em meus lábios, e então, levo uma mão até seu pescoço.

Conor: Ainda não decidi o que fazer com você. – murmurei em seu ouvido.

Apertei sua garganta sentindo o pomo de adão se espremer na palma da minha mão. Ele reprimiu os lábios tentando parecer forte, mas eu não parei, enforcando-o cada vez mais. Pude sentir seus batimentos entre meus dedos, pulsando freneticamente. Seu rosto foi se tornando avermelhado e parecia que a cabeça estava inchando. As veias saltaram como as raizes de uma árvore em seu pescoço, os olhos caídos e lacremejando.

Conor: É disso que você gosta? – rangi entredentes, apertando-o mais forte.

Gabriel começou a se engasgar desesperadamente, mastigando a própria língua, sua garganta se fechando sem permitir a passagem de ar. Seus olhos, em pânico, começaram a revirar e, eu esperei até o último segundo para soltar a porra do seu pescoço. Ele suspirou com força puxando todo ar que podia, tossindo exasperado, tentando recuperar o fôlego. Então, dei dois tapinhas em seu rosto antes de virar as costas e deixar o local.

Gabriel: Eu me lembro de você. – resmungou, a voz rouca e falha. Estaquei meus passos e olho por cima dos ombros. – Você é o cara da cafeteira. – tossiu – Eu me lembro agora.

Fiquei em silêncio aguardando que ele falasse mais. Ele realmente pensou a noite toda, foi bem longe pra lembrar de mim.

Gabriel: É por isso? Aquela vagabunda... Entendi agora. – gargalhou, sua risada transbordando cinismo.– Você é o que? Cão de guarda dela?

Cerro os punhos com tanta força que meus dedos parecem querer atravessar a pele. Sinto meu sangue borbulhar, como se estivesse fervendo e queimando minha pele de dentro para fora. Respirei fundo, mantendo o controle. Esse filho da puta está pedindo pra morrer porra.

Assobiei chamando atenção do Zeke, avisando que era hora de ir, ele obedeceu como sempre faz e passou por mim, subindo as escadas.

(...)

Sarah

Passei a manhã toda conversando com a Mari por ligação. "A manhã toda", vírgula, porque eu acordei por volta das onze horas. Ela estava bastante abalada, ainda muito envolvida emocionalmente. E eu acabei estragando tudo. Ela está indecisa entre seguir em frente nessa situação louca, como eu, ou se afastar e esquecer toda essa merda. Mas a culpa não é exclusivamente minha, cara. Não fui eu quem escolheu fazer parte desse... sei lá o que eles são. Máfia, traficantes, gangue, um bando de rebeldes, sei lá, foda-se! Não quero saber em detalhes; ultimamente, encarar a verdade tem sido meu maior pesadelo. Prefiro continuar na ignorância.

Continuei ignorando as ligações e mensagens do meu irmão, sempre as mesmas:

"Onde você está?"

"Quem é esse cara? Se for quem eu estou pensando eu vou te matar. Você e ele porra!"

"Me liga de volta, precisamos conversar"

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora