Capítulo 32

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O funeral do rei foi um evento de solene grandiosidade, impregnado de tradição e reverência. As ruas de Seul estavam cobertas por uma melancolia silenciosa, enquanto multidões de súditos se reuniam para prestar suas homenagens. Bandeiras negras e brancas tremulavam suavemente ao vento, simbolizando luto e pureza.

No palácio, o corpo do rei foi preparado com meticulosa atenção aos detalhes. Vestido com trajes reais cerimoniais, ele estava deitado em um caixão de madeira escura, esculpido com intrincados desenhos de dragões e fênixes, símbolos de poder e renascimento. Ao redor do caixão, incenso queimava continuamente, enchendo o ar com seu aroma pungente e sagrado.

O salão principal do palácio estava adornado com flores brancas, especialmente lírios e crisântemos, que simbolizavam respeito e luto na cultura coreana. Grandes retratos do rei foram exibidos, mostrando-o em sua majestade e lembrando a todos de seu legado.

A cerimônia começou com um cortejo fúnebre, onde membros da família real e altos dignitários se revezaram para carregar o caixão em um palanquim dourado.

Ha-na, vestida em um hanbok de luto branco e preto, estava na linha de frente do cortejo, seus olhos vermelhos e inchados pelas lágrimas. Sua mãe, a rainha viúva, caminhava ao seu lado, sua postura rígida e digna apesar da imensa dor. Cada passo de Ha-na era pesado, carregado pela perda e pelo peso da responsabilidade que agora recaía sobre seus ombros.

O cortejo seguiu para o local de sepultamento, um túmulo real situado em uma colina serena, cercada por antigos pinheiros e flores silvestres. Lá, o caixão foi baixado cuidadosamente, enquanto os sacerdotes realizavam rituais para garantir que a alma do rei encontrasse paz no além. Ha-na, em um momento de profunda tristeza, ajoelhou-se ao lado do túmulo e prometeu honrar o legado de seu pai, protegendo o reino e seu povo.

A cerimônia terminou com uma última homenagem, onde cada participante acendeu uma lanterna flutuante, soltando-a no rio próximo. As luzes flutuantes simbolizavam as preces e esperanças de todos para que o espírito do rei encontrasse seu caminho para o outro mundo. Ha-na observou as lanternas se afastarem, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Embora estivesse destruída por dentro, sabia que precisava ser forte. A partida de seu pai marcou o fim de uma era, mas também o início de uma nova jornada para ela e para o reino.

O tempo passou. Ha-na mergulhou em suas responsabilidades, saindo em missões como caçadora, determinada a proteger seu reino e cumprir a promessa feita ao seu pai. Sua presença nas batalhas era marcante; movia-se com precisão e graça, mas havia uma frieza implacável em seus olhos, uma muralha erguida para proteger seu coração partido. Os súditos começaram a chamá-la de "a princesa de gelo", admirando sua força e resiliência, mas lamentando a distância que ela mantinha.

Essa frieza não era apenas um escudo contra os perigos externos, mas também contra a dor interna. A perda de seu pai, a partida de Mun e a complexa teia de mentiras e segredos haviam endurecido seu coração. Cada missão era uma fuga da dor, uma tentativa de encontrar algum sentido em meio ao caos. Mas, no silêncio das noites solitárias, quando a lua brilhava sobre os campos de batalha ou as ruas desertas, Ha-na se permitia sentir a perda, a tristeza profunda que ainda a assombrava.

Mun estava longe, perseguindo seu próprio destino e buscando vingança contra Leonardo e Jade. O vínculo entre eles, tão forte e profundo, agora era uma ferida aberta. Ha-na sabia que, para salvar seu reino e honrar a memória de seu pai, precisava ser forte. Mas a ausência de Mun, a lembrança constante de suas promessas quebradas, eram um fardo que ela carregava diariamente.

Mesmo assim, Ha-na não desistia. Em seu coração, havia uma esperança tênue de que um dia Mun pudesse voltar, que juntos pudessem encontrar uma maneira de restaurar a paz e a justiça. Enquanto isso, ela continuava sua luta, guiada pela memória de seu pai e pela determinação de proteger seu povo.

Após os dias de luto, Hana finalmente se dirigiu à sua mãe.

— Mãe, posso pedir uma coisa? — perguntou ela.

— Depende. — respondeu a rainha.

— O que aconteceu com papai não foi culpa de So Mun e Joo-yeon. Foi Leonardo quem o matou, ele é o verdadeiro e único mal. Mun e Joo-yeon ajudaram e se renderam. Mun tem o yung que era de papai...

A rainha a olhou, ponderando sobre a questão. Ela sabia que não era só Leonardo o culpado de tudo, afinal, foi ele quem manipulou dezenas de crianças.

—Está bem... anuncie a anistia. Estou cansada... —  disse a rainha, dirigindo-se para seu quarto. A perda do rei ainda a assombrava, prejudicando sua estabilidade e, consequentemente, a estabilidade do reino.

Depois do anúncio da anistia, Hana esperava ansiosamente pelo retorno de Mun, mas ele não voltou. Um mês se passou desde o anúncio, e ele não apareceu. Dois meses se passaram, e ainda nada dele.

Em março, chegou aos ouvidos de Hana e da rainha So-Min que Leonardo estava causando estragos de uma forma inusitada. Em todos os continentes, ele matava de forma implacável, e nos outros quatro continentes, cada rei ou rainha queria capturá-lo.

Por isso, Ha-na recebeu uma carta de um representante de cada continente, pois ela era a representante da Ásia.

Na carta dizia.

"Saudações, Princesa Do Ha-na,

Em vista dos recentes acontecimentos envolvendo Leonardo, gostaríamos de propor uma aliança provisória entre nossos reinos para sua captura. Há rumores de que ele tenha reunido um grande exército, e considerando que tudo começou na Coreia, acreditamos que seja um local estratégico para iniciar nossos esforços.

Leonardo provavelmente retornará à Coreia devido a questões pendentes e vinganças do passado. Estamos dispostos a fornecer todo o apoio necessário para que juntos possamos garantir a segurança de nossos reinos e capturar esse perigoso criminoso.

Aguardamos sua resposta e esperamos que possamos colaborar efetivamente nessa missão crucial.

Atenciosamente,

[Assinatura dos representantes dos outros continentes]" 

Hana aceitou a proposta, afinal, ela também tem questões pendentes com relação a Leonardo. No entanto, mesmo focada nessa nova missão, ela se sente confusa e preocupada com o paradeiro de So Mun.

Enquanto isso, Mun caminha pelo cemitério, que estava vazio devido ao dia nublado e ao vento forte. Ele está vestindo um capuz preto, que abaixa ao se ajoelhar diante do túmulo de seus pais. Com o capuz baixo, seus cabelos ruivos e cacheados ficam à mostra, agora mais longos.

— Olá, mãe, pai. Desde que partiram, nunca cheguei a vir aqui. A forma como foram tirados de mim foi injusta, e eu passei minha vida buscando vingança da pessoa errada... machuquei pessoas, inclusive a mulher mais incrível deste mundo, mas agora farei a coisa certa...


Oii, um capítulo quase de preenchimento. Não ia publicar por sentir ele incompleto, mas fazer o que kkkkk. Até breve!

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