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— Sabe que estou aqui para lhe ajudar, não sabe? Pode se abrir comigo

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— Sabe que estou aqui para lhe ajudar, não sabe? Pode se abrir comigo. — A psicóloga sentada à minha frente diz.

Todo dia eu passo por essa mesma tortura: alguém se senta na minha frente e finge se importar com o que está acontecendo comigo, mas eu jamais contaria. Ninguém acreditaria nas minhas palavras monstruosas.

— Eu não quero mais falar com você. — Digo, olhando nos olhos castanhos dela.

— Eu acredito em você, Elizabeth. Eu confio em você. — Ela toca meu ombro por cima do colete que prendia meus braços.

— Se confia tanto em mim, por que sempre pede para me prenderem? — Olho para o meu pé preso à cadeira. — Vocês me acham louca e sabe o que eu acho de vocês?

— O quê? — Ela pergunta inocentemente.

— Nenhum de vocês quer ver seus pacientes bem. Vocês adoram vê-los fodidos, porque só assim conseguem alguma renda para este lugar completamente fodido! — Digo, alterada. — Eu vejo sua cara de pena e nojo quando me olha. Eu não preciso da sua pena e muito menos que sinta nojo de mim. Não aja como se você fosse melhor do que eu; sei que, no fundo, deve ser tão solitária e destruída quanto eu!

— Você é horrível. — Ela se levanta da cadeira e se afasta. — Nunca vai melhorar desse jeito.

— Nenhum de vocês pode me ajudar.

Fico olhando para meus pés presos. Nunca pensei que alguém pudesse me achar tão fodida a ponto de não conseguir estar ao meu lado sem medo de ser atacado.

— Qual o problema com você? Eu estou tentando tudo o que posso! — Ela olha nos meus olhos, esperançosa que eu diga algo.

— Eu já disse qual é a porra do meu problema! — Grito, sentindo as lágrimas queimarem meus olhos. — Mas ninguém acredita em mim! Acham que estou louca. Eu vou acabar ficando, caso ninguém resolva me ouvir! — Sinto meu rosto começar a se molhar com as lágrimas.

— Me diga tudo. — Sua voz soou calma, e ela se sentou novamente.

— Você acredita no mundo sobrenatural?

— Elizabeth, preciso que me diga algo real.

— Vai pra puta que te pariu, vagabunda! — Cheguei ao meu limite de paciência. — Melhor você se demitir, porque ficando aqui e tentando trabalhar só vai fazer inimigos.

— Você está tentando me abalar, mas não vai conseguir. — Ela sorri. — Eu tenho muito equilíbrio, Elizabeth.

— Ah, cala a boca, pelo amor de Deus! — Fecho meus olhos e respiro profundamente.

Olho para um espelho que ficava em um canto da parede, vejo meu reflexo e me pergunto se realmente sou eu.

— Eu quero falar com ela. — Olho para a porta e vejo Dean. Abro um sorriso de orelha a orelha.

▰ 𝗖𝗢𝗥𝗥𝗨𝗣𝗧 「⛓️」❪ 𝐃.𝐖 ❫Onde histórias criam vida. Descubra agora