CAPÍTULO 115

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O olhar de alívio nos olhos de Dmitry era inconfundível, mesmo enquanto ele tentava disfarçar com sua habitual expressão entediada. Ele estava deitado despreocupadamente sobre o extenso gramado, me encarando fixamente, então falou com um leve sarcasmo.

- Pirralha.

Revirei os olhos divertida, Dmitry nunca perdia a oportunidade de me provocar.

- Estou bem.

Falei me aproximando dele, então toquei levemente sua cabeça.

Por um instante senti seu corpo relaxar, deixando transparecer uma leve expressão de contentamento, mas isso durou pouco. Logo sua postura descontraída deu lugar a uma seriedade rara, algo que eu pouquíssimas vezes vira nele. Aqueles olhos verdes, que geralmente olhavam para todos com raiva, agora estavam firmes e intensos.

- Imagino que o vel... Régis já te contou algo sobre o Arkhazy.

Assenti observando a seriedade em seu olhar. Dmitry era poderoso e cheio de segredos, e se até ele estava sendo cuidadoso ao falar sobre o Arkhazy, isso definitivamente não era algo simples.

- Sim, ele disse que você poderia me explicar mais, já que isso é algo relacionado a você, ou melhor, a sua raça.

- De fato, o Arkhazy é a 'fonte primária' da mana. Essencialmente, é a origem da energia mágica que todos os seres vivos neste mundo compartilham, embora a maioria nem sequer saiba disso.

-....

"Como ninguém nunca questionou de onde vem a mana?"

Como se soubesse oque eu estava pensando, Dmitry logo voltou a explicar.

- A maioria dos seres neste mundo simplesmente aceita o que está dado, raramente questionando a fundo, afinal, porque duvidar de algo que só os beneficia?. Dragões, no entanto, têm uma compreensão inata do Arkhazy, pois ele é parte de nossa essência. Apenas nós podemos manipulá-lo diretamente. E é isso que te torna única. Para os dragões, Arkhazy é natural, mas para um humano, é quase como uma intrusão.

" Ótimo, sou uma intrusa, denovo...."
- De qualquer forma, primeiramente vou te ensinar a manejá-lo corretamente. Mas o processo de controle do Arkhazy é um pouco distinto para humanos, já que a mana dos humanos é apenas um resquício da fonte verdadeira.

- A propósito você já percebeu algumas mudanças causadas pelo Arkhazy, não? Digo, tanto físicas quanto psicológicas.

- Físicas?

Eu tinha notado que minha mente parecia mais aguçada, mas além de ter anulado o efeito da poção que eu tomava para alterar minha aparência, não havia percebido nada diferente no meu corpo.

- Sim, pirralha. O Arkhazy é uma energia pura e impacta o corpo. Nos dragões, isso é refletido no brilho das escamas, no fortalecimento das garras e dentes. Mas para uma humana, talvez a transformação se manifeste na pele, no cabelo, nos olhos... essas coisas de vocês.

- Bem, acho melhor deixar o treinamento do Arkhazy para daqui a um mês. Como você acabou de despertá-lo, seu corpo ainda está passando pelo processo de adaptação. É melhor esperar antes de forçar o manejo.

- Entendido.

Ele fez um leve gesto com a cabeça, indicando que nosso diálogo estava encerrado.

" Já voltou ao normal...."

- Agora vá, você precisa descansar.

- Certo, boa noite.

Na verdade, mesmo que ele tentasse fingir, sabia que era ele quem realmente precisava de descanso.

Pensando nisso, não sabia o que diabos ele estava fazendo, mas preferi não pensar muito nisso, então rapidamente comecei a andar em direção ao castelo.

- Iris.

- Sim?

Perguntei enquanto me virava, pude ver o mesmo olhar sério em seu rosto, porém agora também havia um pouco de preocupação.

- A sabedoria é um dom, mas cuidado. Ela pode facilmente se tornar uma maldição. O Arkhazy é mais poderoso e traiçoeiro do que você imagina. Tome cuidado.

- Entendo.

Dmitry me deu um último olhar firme antes de deitar a cabeça e fechar os olhos, sinalizando que não queria mais ser incomodado. Respeitei seu desejo e caminhei em direção ao castelo, mas suas palavras permaneciam em minha mente.

De alguma forma, entendia o que ele queria dizer, e ele estava certo. Já havia percebido que o Arkhazy mudava meus pensamentos para algo que me beneficiasse, o que achava ótimo, porém, pensar de mais em mim poderia se tornar egoísmo, e o egoísmo gera arrogância, e a arrogância é o primeiro passo para a destruição.

Afinal, uma pessoa que não tenha algo ou alguém por quem lutar, nunca teria uma base sólida para a vitória, mas eu tinha. Eu não me deixaria chegar a esse ponto, eu sabia exatamente quais eram minhas prioridades, e eu faria oque fosse necessário, qualquer coisa, para protegê-las. Mesmo se precisasse fazer sacrifícios para mantê-los seguros, assim seria.

Ao chegar ao meu quarto, repentinamente senti uma exaustão profunda, como se algo estivesse drenando minha energia. Tudo o que queria era me deitar e esquecer o mundo, mas lembrei que tinha uma viagem no dia seguinte. Pensei em organizar as malas, mas logo uma pergunta cruzou minha mente.

"Arrumar minhas coisas? Mas por quê?"

Eu era neta do maior Duque do Império, herdeira de uma das famílias mais ricas e influentes. Por que eu deveria me dar ao trabalho de fazer uma bagagem quando poderia adquirir tudo de que precisasse na própria capital?

"Então é por isso que o Vovô nunca carregava bagagem..."

Ri comigo mesma, me sentindo idiota. Era óbvio, afinal. Eu era parte de uma das famílias mais poderosas do Império e no entanto, nunca havia percebido o quanto isso poderia simplificar minha vida.

Com esse pensamento, troquei para uma roupa leve e me joguei na cama, deixando o corpo relaxar enquanto meus olhos se fechavam lentamente. Minha mente vagava entre pensamentos sobre o Arkhazy, as responsabilidades que me aguardavam, a conversa que deveria ter com Demion e Luka, o que mais cedo ou mais tarde aconteceria e as novas oportunidades que viram com esse poder. Se era tão forte como Vovô e Dmitry disseram...

De qualquer modo, isso era algo que deixaria para pensar depois, agora tudo que eu queria era dormir. Na verdade achei isso estranho, afinal, momentos atrás eu estava totalmente energética, mas agora era como minha energia fosse totalmente drenada.

" Deve ser por conta do Arkhazy..."

Em questão de segundos, o cansaço finalmente tomou conta, a última coisa que vi foi um rosa negra brilhando em meio a escuridão do quarto.










Continua ~






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