CAP 1 - Como cães e gatos

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CAP1 - Como cães e gatos

*ISABELA *

"ESGOTADO"

O aviso pisca em letras vermelhas, e garrafais na tela do computador. São como facas afiadas e mortais que perfuram, sem pena, o meu pobre coração.

— NÃÃÃO! — Um grito agudo rasga a minha garganta como unhas postiças afiadas.

— Calma, Isa! Deve ser só um erro idiota no sistema.

Marcela massageia os meus ombros tensos, tentando fazer com que eu relaxe um pouco. Mas sei que é só uma desculpa para que tenha como me segurar, caso eu decida socar a tela do seu laptop novinho.

— Não é um erro! Nós perdemos a nossa única chance de vê-los. Nunca mais teremos uma chance dessas. Nunca mais! — A dor que esmaga meu peito ameaça escorrer por meus olhos em forma de lágrimas.

— De repente, a gente consegue os ingressos em outro lugar. Sempre tem alguém que compra, só para revender depois.

— Cambistas miseráveis! Se eu pego um deles... Ah! Eu piso que nem barata. — Minha tristeza começa a ser substituída por uma raiva quase mortal.

— O problema é que mesmo que a gente encontre alguém que revenda, o valor deve ser colossal. Eles cobram um absurdo. Às vezes até o dobro.

O desânimo começa a sufocar até a personalidade naturalmente esperançosa de Marcela. Ela se senta em minha cama, e seu rosto redondo já reflete a nossa derrota.

— Meus pais não vão querer me dar mais dinheiro... — Declaro com um suspiro cansado.

— Mas e o seu irmão? — Uma luz de esperança volta a brilhar nos olhos pequeninos de Marcela.

— Esquece, amiga. Gabriel está namorando. Ele disse que precisa economizar para poder levar a gata dele para sair. Disse que é um cavalheiro, e que não vai deixar sua garota pagar por nada.

Sorrio ao me lembrar da pose de macho alfa do meu irmão, ao fazer o discurso. Até poderia ser um momento tocante, se pelo menos ele tivesse a decência de usar a palavra namorada, ao invés de gata e minha garota.

—Nossa! Os caras ainda fazem isso?

— É a primeira namorada dele, então... — Digo dando de ombros.

— Ata! Entendi. Ele está apaixonado. — Marcela sorri fingindo achar graça do comportamento in love do meu irmão. No entanto, sei que também deseja que o mesmo aconteça com ela um dia.

"Romântica ao cubo."

@@@@@

O tic tac do relógio na cabeceira da minha cama; o latido alto e feliz do meu cachorro que corre de um lado para o outro no quintal; e a música com as vozes mais incríveis dos últimos tempos que voam pelo quarto, só agravam o nosso momento de luto.

"AQUI JAZ O SHOW DOS NOSSOS SONHOS."

Marcela e eu vegetamos desanimadas sobre a minha cama. Meu altar do descanso está forrado com a colcha personalizada que fizemos no início das férias, para usa-la como bandeira no show. Algumas gotas de sangue foram derramadas por causa das agulhas manuseadas por nossas mãos inexperientes, porém no final, os cinco rostos dos garotos da CÓDIGO 5 foram tatuados com perfeição sobre o tecido. Mas infelizmente, o nosso trabalho duro não será visto por culpa da internet porcaria daqui de casa.

"ARGH!"

— O que seus pais disseram quando viram a colcha? — Pergunta Marcela, enquanto acaricia distraidamente a foto do rosto de L.U.A.N costurada no tecido. Como ela também toca teclado, desconfio de que foi por isso que se apaixonou logo de cara por ele. Além do fato de que L.U.A.N também é uma gracinha, é claro!

Amor à última vista Onde histórias criam vida. Descubra agora