CAP 91 - E se tudo voltasse a ser como era antes?

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Revisão pendente

CAP 91 - E se tudo voltasse a ser como era antes?

*BERNARDO*

- Quando eu tiver mais notícias, eu ligo. Conversarei com o advogado primeiro. - meu pai avisa ao nos deixar no portão de casa antes voltar com o carro para a delegacia.

As mais de 8 horas que passamos lá com a polícia tomando o meu depoimento preliminar não foram suficiente para para que conseguissem tudo o que queriam. Afinal, não é sempre que eles têm a chance de desmontar uma organização criminosa envolvendo tanta gente importante na cidade.

- Tome um banho e vá descansar um pouco. - ordena minha mãe em meio a um carinho em meu rosto - Farei alguma coisa leve para você comer antes de dormir.

Eu pego sua mão e deposito um beijo em mais um pedido de desculpas por deixá-los preocupados. Posso ter escapado sem nenhum arranhão daquela loucura, mas aos olhos de minha mãe isso não faz qualquer diferença.

Eu poderia ter levado uma bala como Paulão quando se viu preso no meio da troca de tiros entre os capangas do diretor e a polícia, ou pior! Eu podia ter tido o mesmo destino fatal da pessoa que eu vi estirada próxima ao elevador, enquanto eu era escoltado para fora do escritório em segurança pelo mesmo jornalista que se irritou comigo na recepção, que no final eu acabei descobrindo que se tratava de um policial disfarçado.

É muito bom estar de volta em casa depois de uma longa viagem cansativa. Mas nada se compara a sensação de retornar para a segurança do lar depois de sobreviver a um tiroteio e longas horas na delegacia.

Recebo o carinho do meu cachorro assim que abrimos o portão. Pela euforia com que ele pula sobre mim é quase como se soubesse o que aconteceu. Minha mãe aproveita que o foco de Pepê se concentra em mim para escapar e entrar em casa. Além do fato de suas pernas estarem desprotegidas por estar usando um vestido, e o nosso cachorro empolgado demais para que possa conseguir impedir seus arranhões, sei que ela está procurando um espaço para desmoronar sem que eu a veja.

Fora o que eu ouvi quando estava escondido no escritório, na delegacia descobrimos que havia muito mais. E minha mãe - como a maioria das mães também faria - está se culpando por não ter sido capaz de proteger o próprio filho. Por não ter sido vidente o suficiente para saber que uma produtora com anos de boa reputação no mercado, no futuro se envolveria em um escândalo como esse.

Coloco fim a sessão de carinhos de Pepé quando minhas pernas começaram a dar cãibras por estar muito tempo agachado, e um dos seus arranhões em mim escorrer um pouco de sangue. Por não ter ninguém para distraí-lo durante a minha fuga como minha mãe teve, enfrento uma pequena resistência, até finalmente conseguir fechar a porta da sala com ele do lado de fora.

- Tá doido! - murmuro aliviado e passando a chave na porta por precaução. Pepê já a abriu em outras ocasiões.

- Fui justamente o que eu disse quando fiquei sabendo de tudo.

A confissão às 5 da madrugada me faz virar assustado. Sabendo que meu pai não está em casa - sendo assim a voz masculina que acabo de ouvir não pode ser dele -, depois de tudo que aconteceu é de se esperar que até o miado de um gato me assuste durante um tempo.

- Cacete, Gabriel! Quase que você me mata! - minha mão no peito tenta impedir meu coração disparado de furar-lo, e cair no tapeta da sala.

- Depois da noite de cão que eu passei tendo que consolar essas duas por sua causa, sinto-me um pouco vingado ao saber disso.

Sentado no meio do sofá, Gabriel se transformou em uma espécie de travesseiro humano para Luna e Isabela. Do jeito que estão enroladas, duvido que ele tenha conseguido se mexer mais do que alguns centímetros nas últimas horas.

Amor à última vista Onde histórias criam vida. Descubra agora