CAP 41 - Você pode olhar o quanto quiser

2.8K 273 166
                                    

CAP 41 - Você pode olhar o quanto quiser

*ISABELA*

Acho que nem preciso dizer que um clima esquisito paira sobre o banheiro. O silêncio forçado e constrangedor, só torna a presença de Henrique ainda mais forte. Se é que isso é realmente possível.

As paredes parecem se fechar, e diminuir a distância entre nos dois a cada instante, como se fossem uma prensa gigante feita de tijolos. E o cheiro de sabonete e shampoo no ar, só faz aumentar a minha consciência do garoto seminu, sentado há poucos metros de mim.

"Garoto? Ele está bem evoluidinho para ser chamado de garoto, não?"

___ Humm...Posso te fazer uma pergunta? -- Indago, cortando o silêncio incomodo.

___Você acabou de fazer uma. --Henrique retruca para fazer graça, e como resposta, eu lhe ergo as sobrancelhas de forma ameaçadora. - Mas... eu te deixo fazer uma segunda. Você pode me perguntar o que quiser. - Sorri de leve.

A carta branca que me permite perguntar qualquer coisa que eu queira, faz minha cabeça girar diante de tantas possibilidades.

"Você bebe água no copo, ou leite no pires?"

"Você é humano, ou um semideus do Olimpo?"

"Qual a senha do seu cartão de crédito?"

No entanto, a minha curiosidade maior - e mais idiota - toma a dianteira.

___Quantos anos você tem?

___18.

Minha boca se abre pela surpresa, e meus olhos varrem a estrutura de Henrique de maneira curiosa, e nada educada. "Indiscrição" deveria ser meu nome do meio nesse momento.

___ Está gostando do que vê? --- O rastro de riso na voz de Henrique interrompe de imediato a inspeção indelicada. Se minha melanina me permitisse, com certeza eu estaria supervermelha agora. Sendo assim, o meu corpo se encolhendo todo é a única prova do meu embaraço. -- Não precisa ficar sem graça. Você pode olhar o quanto quiser. Eu deixo. - Conclui com uma piscada maliciosa, que combina perfeitamente com o seu sorriso.

Ignorando deliberadamente a proposta indecente -- e altamente tentadora -- eu me mexo sobre o chão frio e duro, procurando uma posição confortável. Já faz mais de meia hora que eu estou sentada no mesmo lugar. Minha bunda está começando a ficar reta. E Deus me livre virar uma "desbundada"! Já não tenho barriga de tanquinho e nem peito, então bunda é a única coisa que me resta.

___ Qual é problema entre você e o Bernardo? Qual é a história entre vocês dois?- Digo de repente, cortando novamente o silêncio incomodo, quando me lembro de uma opção de pergunta, muito mais interessante, que eu poderia ter feito.

Henrique balança a cabeça em negação, enquanto cruza as pernas na altura dos calcanhares.

___ Você disse que eu podia perguntar o que eu quisesse. - Eu o lembro.

___ Verdade...Mas eu também lhe disse que você poderia me perguntar o que quisesse, na sua segunda pergunta. Eu não falei nada sobre uma terceira. - Retruca espertinho.

Eu encolho as pernas, abraçando-as na altura dos joelhos, enquanto solto o ar pela boca inconformada pela oportunidade de ouro que perdi de bobeira. Ficar trancada aqui está me deixando mais lerda do que o normal.

__Poxa, Henrique! Quando eu finalmente arranjo uma coisa para passar o tempo, você não contribui. O que custa você me contar? - Exclamo impaciente. - Sei lá quando alguém vai aparecer por aqui para nos ajudar. E olha que isso aqui é um banheiro, hein?

Amor à última vista Onde histórias criam vida. Descubra agora