CAP 10 - Quatro cachorrinhos que caíram do caminhão de mudança

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*BERNARDO*

Sou lançado em direção ao chão pelo décima vez, em menos de 3 horas. Vitor dá uma trombada em mim, quando paro de repente diante da porta do prédio.

___ Ei! Cuidado! --- Ele exclama, segurando-me pelo ombro, evitando assim a minha queda. --- Quase que passo por cima de você.

___Só pode ser brincadeira! --- Murmuro incrédulo.

Eu seguro Vitor pela manga da camisa e o arrasto para trás de uma pilastra de granito escuro, sem lhe dar qualquer explicação. Algumas pessoas que estão paradas na entrada olham em nossa direção, curiosas, por causa do meu comportamento estranho.

___O que foi, cara?!

___ Discretamente, se é que isso é possível, dá uma olhadinha lá dentro, na recepção. --- Eu aponto em direção à porta.

Vitor franze a testa, confuso, porém faz o que eu lhe digo. Lentamente, ele se aproxima da entrada, enquanto finge falar ao celular, e encosta a testa no vidro escuro gigantesco, que cobre a maior parte da fachada do prédio, tentando enxergar alguma coisa do lado dentro. Ele leva alguns instantes para encontrar o motivo da minha reação impulsiva, mas assim que o localizar, dá um assobio baixo e longo voltando imediatamente para trás pilastra onde estou escondido.

___ Que bosta, hein? Jhenifer está lá dentro! --- Ele diz enquanto coça com força o topo da cabeça, quase fazendo a touca sair do lugar. ---E agora? Como é que a gente vai fazer para entrar?

___ Sei lá! --- Sacudo os ombros. --- Eu acho que consigo passar despercebido pela recepção. Já você, será complicado... Quem mandou ter o tamanho de um mamute? --- Falo, sem querer, o termo que Eduardo usa quando se refere ao rival. --- Vamos ter que dá um jeito.

___ E como iremos fazer isso? Você quer que eu atravesse a recepção de joelhos por acaso?

___ Claro que não, cabeção! --- Dou uma cotovelada em sua costela, fazendo-o se encolher de dor. --- Se Jhenifer vir nós dois juntos, vai ser difícil achar uma boa desculpa para explicar porque estarmos aqui ao mesmo tempo. Já me viram com Mateus essa semana, e se me virem com você também... Do jeito que os figurões da agência são neuróticos com isso, irão pirar se descobrirem. Acho que um de nós terá que ir puxar assunto com ela, para o outro poder passar despercebido.

___ Você está doido? Se a gente aparecer vestido como integrantes da banda, aí mesmo que ela não vai embora!

___ Misericórdia! Em pensar que às vezes eu me acho o mais burro do grupo. --- Eu balanço a cabeça, impressionado com a lerdeza de Vitor ao não entender o plano. - Eu não estou dizendo para aparecermos vestidos como a CÓDIGO 5, mas como nós mesmos, cabeção!

___ Ah tá, entendi! Boiei bonito agora.---Observa fazendo uma careta. --- Então se esse for o caso, é melhor ser você. Eu não sou bom nessas coisas. Sou um péssimo caozeiro.

___Ei? Então isso quer dizer que eu é que sou o caozeiro? --- Dou outra cotovelada em Vitor.

___ Poxa, cara, você vive salvando a banda dos nossos furos nas entrevistas. Sempre diz algo que distrai os repórteres na hora. Você tem certo talento para improviso, né? --- Explica, antes de completar com um sorriso besta: --- Você só não é muito bom quanto finge que não está a fim de Isabela...

Eu tento dar outra cotovelada em Vitor, mas ele já está alerta, e se afasta antes que eu o acerte. Ele sorri triunfante.

___ Beleza, então. Eu vou tentar distrair a Jhenifer. --- Declaro, por fim. --- Só cuidado para não atropelar ninguém no meio do caminho, e acabar chamando mais a atenção.

Amor à última vista Onde histórias criam vida. Descubra agora