CAP 31 - Negócio fechado?

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CAP 31 – Negócio fechado?   

*VITOR/VETOR*

Eu encaro o celular, e leio pela décima vez a mensagem que digitei. A insegurança está me infernizando, a ponto de travar os meus dedos, e não me permitir apertar o botão "enviar". Estou com medo de exagerar, e estragar as coisas com Marcela. E se depois não tiver mais volta? Não quero ficar cercando-a como um cão vigia, e parecer um chato ciumento. Mas a certeza de que agora mesmo, aquele skatista está mais feliz do que pinto no lixo, e se aproveitando da minha ausência, está me corroendo. Aquele bostinha vai cair matando para cima dela, e eu não posso fazer nada daqui.

Marcela é uma cega! Tão teimosa como uma mula. Está mais do que na cara de que aquele surfista do asfalto está de olho nela, mas não sei por que ela não consegue ver isso. Na verdade, também não faço ideia como ela ainda não reparou o meu interesse nela.

Aff!

Fui nessa onda de simular esse rolo com ela, e me enrolei de verdade. Não sei em que momento tudo parou de ser fingimento, e a atuação virou real. Pelo menos a minha. Contudo, infelizmente, eu preciso concordar com o skatista meia boca quando me disse que para Marcela, todo nosso rolo é somente de faz de conta.

Só que eu não quero mais. Eu quero que tudo seja para valer.

Então eu respiro fundo e tomo a decisão:

"MENSAGEM ENVIADA"

Estou me corroendo por dentro só em pensar que, se esse fosse um evento qualquer, eu poderia estar lá fora com Marcela. Abraçando-a para protegê-la do frio. No entanto a realidade me impede, enquanto ao mesmo tempo favorece aquele moleque abusado.

Só espero que ele tenha entendido a minha ameaça, e não tente nenhuma gracinha para cima da minha namorada.

É isso mesmo...assim que essa correria terminar, eu vou chamar Marcela para uma conversa, e dizer que estou apaixonado por ela.

                                                                                   @@@@@@

*MARCELA*

Já faz algum tempo que estamos aguardando a hora em que as portas da loja se abrirão, e finalmente poderemos entrar. No entanto, em nenhum momento parou de chegar gente no estacionamento.

A fila não para de crescer. Sinceramente, não acredito que essa quantidade toda, conseguiu os convites para o evento. Só teve uma semana de sorteio para distribuir as entradas. Desconfio de que muita gente burlou as regras, e conseguiu os convites por debaixo dos panos.

"O que o dinheiro não faz?"

___ Caraca! Meu celular bugou! – Eduardo pressiona os dedos no meio da tela do aparelho, como se fizesse uma massagem cardíaca. – Minha mãe foi escalada para trabalhar hoje. Eu queria saber se ela tem alguma ideia de quando irão nos deixar entrar.

___ Usa o meu, então. – Ofereço, pegando o meu celular do bolso da calça, e entregando-o.

__ Rosa com purpurina? Não tinha nenhuma capinha mais discreta na loja de fantasias de Carnaval onde você a comprou? – Eduardo me provoca, abrindo um sorriso implicante.

___ Vai querer ou não, palhaço? – Tento fingir seriedade, mas o sorriso escapa pelo canto da minha boca.

Eduardo não me responde nada. Somente amplia o sorriso, antes de depositar um beijo em minha bochecha, em agradecimento. Assim que ele se vira, eu levo a mão discretamente ao rosto. Sinto algo esquisito onde a boca dele me tocou. Não sei exatamente o que é, mas uma sensação de formigamento se apodera do meu estômago. Não tenho certeza se é um bom ou mau sinal. Só sei que eu gostei um pouquinho da sensação.

Amor à última vista Onde histórias criam vida. Descubra agora