CAP 93 - Não me obriguem a ser racional e responsável logo agora

238 21 10
                                    

Revisão Pendente

CAP 93 - Não me obriguem a ser racional e responsável logo agora

*FERNANDO*

Já estamos sentados em nossos lugares e o professor terminando de escrever as últimas regras da avaliação no quadro, quando Jhenifer retorna para a sala de aula. Com as fileiras de carteiras posicionadas em pares, vejo seu rosto surpreso não só por perceber que era verdade que a prova seria em dupla, como também a parte sobre Thalita e Mateus sentarem juntos.

Thalita não se sentiu muito confortável em participar do plano. Mas como tinha prometido a me ajudar com a Jheny, ela meio que foi obrigada a ceder. E é claro que Mateus adorou a ideia.

A maioria dos alunos já têm a sua dupla formada. Ninguém perdeu muito tempo escolhendo com quem sentar, com medo do professor mudar de ideia. Os únicos ainda sozinhos são dois alunos que Jhenifer sabe muito bem que se fizer dupla com qualquer um deles, na prática, ela será a única resolvendo a prova. E ciente de que se também disser que prefere fazer a prova sozinha, é arriscado que o professor perca a pouca a paciência que tem e ameace separar a turma toda. Ele já fez isso antes. Como uma espécie de lição para aprendermos que nem sempre acabaremos trabalhado com quem queremos. Acho que algo semelhante aconteceu com ele nesse dia, e por isso resolveu descontar na gente. Mas não querendo pagar para ver se que algo assim aconteça de novo e ser odiada por geral, Jhenifer sabe que sou sua melhor opção.

- Não se preocupe. Você não terá que fazer a prova sozinha - digo assim que ela se senta ao meu lado. - Eu estudei.

Faço um sinal discreto para o fundo da sala, para mostrar que eu sei porque ela aceitou ser minha dupla. Noto uma mistura de culpa e alívio em seus olhos, antes de ela desvia-los e começar a ajeitar seu material sobre a mesa.

- Como você sabia o que ia cair na prova? - ela pergunta, evitando a todo custo a olhar para mim.

- Por causa do que aconteceu, os nossos pais fizeram um acordo com a escola para não perdermos o ano. Os professores nos mandaram os materiais pela internet, e a gente continuou estudando em casa - explico, indicando Mateus que está sentado na carteira de trás para que ela não se preocupe com Thalita ter que resolver tudo sozinha. - Então, você nem precisa se preocupar em fazer a prova, se não quiser. Eu faço por nós dois.

- Eu não ficarei nas suas costas, Fernando.

Fernando!

Nunca foi tão dolorido ouvir meu próprio nome.

- Desculpa! - eu peço envergonhado. - Eu só...

- Se você estiver preocupado em ir mal na prova por minha causa, podemos pedir ao professor para mudar de dupla.

- NÃO!

Minha voz sai mais alto do que eu pretendia. Abro um sorriso sem graça, e dou a entender que minha calculadora foi a razão do meu pequeno descontrole por não conseguir ligá-la.

- Você sabe que eu tiraria um zero na maior felicidade se isso significasse estar com você. - digo, e percebo que minhas palavras a deixam envergonhada.

- Tudo bem. Deixa para lá. Sei que só estava tentando ser gentil. - ela coloca um fim no assunto.

O professor dá mais algumas instruções que não estão no quadro. Eu aproveito a oportunidade para observar Jhenifer que fingi não notar o que estou fazendo. Seu esforço para se fazer de indiferente fica claro pela maneira ansiosa com que envolve nos dedos um de seus cachos, que me dói ver que não são mais azuis.

A prova é finalmente distribuída, e damos início ao que julgando pelos suspiros e resmungos na sala é uma cópia de um enigma achado nas pirâmides do Egito. Mas, felizmente, esse não é o caso da nossa.

Amor à última vista Onde histórias criam vida. Descubra agora