CAP 24 - Todo mundo pirou de vez
*MARCELA*
___ Você tem certeza disso? --- Pergunto alterada.
Os alunos que chegam ao colégio têm as suas atenções capturadas assim que atravessam os portões. Mas também pudera, né? A cena levaria qualquer segurança, a levar a mão ao cacetete, se preparando para separar um provável tumulto. Minhas mãos seguram os braços de Eduardo com tanta força, que me surpreendo por ele ainda não ter começado a sangrar, ou pelo menos ouvir seus ossos estalarem.
___ Eu tenho certeza! --- Ele afirma de olhos bem abertos, surpreso com a minha reação passional.
___ Ahhh!
Meu grito histérico é a prova para aqueles que ainda tinham dúvidas sobre a provável tensão em frente a escola. Alguns alunos se aproximam já prontos para começarem a gritar: briga! Briga! Fico contente por ser um porteiro (que aliais já está me olhando torto), e não um segurança a poucos metros da gente. Caso contrário, não duvido que a essa hora eu já estaria no chão, tremendo toda, ao ser atingida pela arma de choque, pois o uso do cacetete seria pouco.
___ Oh, Yeah! Oh, Yeah! Oh! Oh! Oh, Yeah! --- Canto, enquanto fecho meus punhos e faço vários circuitos no ar.
As pessoas começam a se afastar de nós, desapontadas, ao percebem que não é nenhuma briga, quando faço a clássica dancinha da comemoração. Talvez se não tivessem levado em conta somente o meu chilique, e dado um pouco de atenção ao sorriso enorme que Eduardo carrega no rosto desde o início, teriam poupado o seu tempo precioso, e ido atrás de outra fonte de fofoca.
___ Minha mãe trabalha na loja, e ela me contou ontem à noite. Poucas pessoas sabem disso, porque o contrato foi fechado no final de semana. --- Eduardo tenta falar por cima da minha cantoria.
___ Eu tenho que contar para as garotas. Precisamos bolar um plano para conseguir um bom lugar na fila. --- Falo.
Agora eu estou fazendo antigo passo de dança "Vou? Vou, sim". Sei que quando a euforia passar, irei querer enfiar minha cara no primeiro buraco que encontrar, mas a minha alegria é grande demais, para conseguir conte-la agora.
___ Então, princesa...
Eduardo usa um tom tão estranho, que sou obrigada a parar a comemoração, momentaneamente. Ele levanta a mão e coça a cabeça, num movimento que me faz lembrar Vitor. Sendo assim, já sei o que vem coisa por aí.
__ O que foi, Edu? Qual o problema? --- Indago tensa, pois o dentes dele estão trincados, na clássica expressão que antecede a palavra:
___ Infelizmente...--- Eduardo diz, adiantando os meus pensamentos. --- A parada com a CÓDIGO 5 não será aberta para geral. Depois da confusão que rolou, semana passada, quando a banda ia fazer aquela palhinha para arrecadar fundos para o projeto esportivo...
___ Nem me lembre disso. --- Dou um suspiro frustrado, cortando o seu discurso. --- Chegamos cedinho, para ficar lá na frente, e aquelas pessoas sem educação, avacalharam tudo. Ficamos morrendo de medo de sermos pisoteadas.
___ Pois é...E os caras não tiveram outra alternativa, senão cancelar a apresentação. Então os grandões de loja onde minha mãe trabalha, acharam melhor a parada ser mais reservada, por questão de segurança, e lucro também é claro.
___ Como assim "reservada"? Você quer dizer que só gente rica que vai? --- Eu me altero novamente. --- E o resto de nós, como é que fica?
___ Calma, princesa. --- Ele pede colocando as mãos sobre meus ombros. --- Meros mortais como nós também terão a chance de ver os caras. Nessa semana, a galera que comprar na loja vai concorrer aos convites.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor à última vista
Ficção AdolescenteToda a esperança de Isabela de ficar cara a cara com sua alma gêmea, foi esmagada pelas letras garrafais da palavra "ESGOTADO" estampadas na tela do laptop. Quando não consegue comprar os ingressos do show que sua banda favorita fará em sua cidade...