Toda a esperança de Isabela de ficar cara a cara com sua alma gêmea, foi esmagada pelas letras garrafais da palavra "ESGOTADO" estampadas na tela do laptop. Quando não consegue comprar os ingressos do show que sua banda favorita fará em sua cidade...
Não há outra explicação: um anjo acabou de passar por essa sala. Só isso para justificar a rapidez com que todo mundo calou a boca e o inesperado silêncio que preencheu lugar.
O ser Celestial, infelizmente, não escolheu uma boa hora para nos presentear com sua visita. Sua passagem não só levou embora o falatório que tomava a sala da casa de Isa, como também o pouco da moral que ainda me restava.
Se é que ainda me restava alguma coisa.
Com os olhos arregalados, eu observo minha irmã me envergonhar diante de uma plateia repentinamente silenciosa. Cada informação desnecessária, humilhante e nada verídica sobre as condições do meu intestino é compartilhada em alto e bom som para que todos possam ouvir.
Se eu não tivesse certeza de que era realmente Luna ali falando - merda -, eu provavelmente pensaria que alguma cópia do mal tinha roubado o seu lugar. Pois só uma versão muito maligna seria capaz de me fazer passar essa vergonha pública assim, de graça, e ainda por cima na frente da minha - Se Deus quiser - futura sogra.
— A senhora se importa de ele usar o banheiro? - Escuto Luna perguntar.
O que deu nessa garota? Endoidou? Agora, além de dar detalhes inverídicos sobre o meu estado de saúde, também pede permissão aos outros no meu lugar para usar o banheiro. Quantos anos ela acha que eu tenho?
— Você está com dor? - A mãe da Isa se dirigir a mim.
Eu não sei o que dizer. Independente da sacanagem que minha irmã esteja fazendo comigo, eu não consigo desmenti-la. Acho que uma parte de mim acredita que ela deve ter seus motivos para estar fazendo Isso.
Em silêncio, eu olho em sua direção, lhe pedindo ajuda para sair da enrascada que ela mesma me meteu
— Ele só precisa usar o banheiro. Olha só para ele, coitado. Está até suando frio... - Responde Luna no meu lugar.
Era melhor que tivesse ficado calada. Defenderia-me muito se ficasse em silêncio.
Ou pelo menos era isso que pensei, até a mãe da Isa me perguntar:
— Você acha que consegue subir as escadas?
Nesse exato instante minha mente explodiu.
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Aquela porcaria de conversa tinha um proposito, sim. Ela tinha o proposito de me levar para o andar de cima, e tudo que precisei fazer foi morrer de vergonha.
— É que a descarga aqui do banheiro de baixo não está muito boa... e nas suas condições, eu acho melhor se você usar o de lá de cima... - Ela continua a me explicar, como se precisasse me convencer de algo.
Por favor, sogrinha! Não precisa insistir mais. Eu faço esse sacrifício por você.
As risadinhas da plateia fofoqueira que estava prestando atenção no meu vexame ficam mais alta, mas eu nem ligo. Estou feliz demais para perder tempo com o que as pessoas estão pensando sobre mim.
