CAP 54.1 - Compromisso das 14:30h
*BERNARDO*
Desde o momento em que entramos no carro de Paulão, tivemos a confirmação de que o tema da reunião não seria bom, mesmo ele se recusando a nos adiantar o assunto. Léo e eu permanecemos calados durante todo o caminho, somente criando uma lista mental dos possíveis temas que seriam capazes de deixa-lo inquieto dessa maneira.
Quando chegamos ao local combinado, o resto da banda já nos esperava há algum tempo. Sendo assim, Léo e eu nos acomodamos nos lugares vagos ao redor da mesa, enquanto Paulão foi ligar laptop. E agora que tudo está no esquema, ele finalmente se dirige a nós.
___ Rapazes, o assunto que eu tenho para discutir com vocês é muito sério. - Ele nos diz o óbvio. Praticamente está pintada em sua testa a expressão: "Ferrou".
___ O que está acontecendo, Paulão? Você está com uma cara esquisita. Até parece que alguém morreu. - Fernando declara, ao pescar os mesmos sinais que Léo e eu identificamos no caminho até aqui.
___ Ninguém morreu... Ainda! No entanto, se não conseguirmos desarmar essa bomba, não teremos somente um cadáver, mas cinco. Ou melhor, seis, se a gente também contar com o meu.
O nosso empresário é conhecido pelos seus exageros, e a compulsiva mania de ver chifres em cabeças de cavalos, mas hoje está diferente. Normalmente os excessos nos garantem umas boas risadas. Só que ninguém da banda está rindo dessa vez.
A galera e eu trocamos olhares confusos entre nós, verificando se alguém tem alguma ideia do que se trata. Pelo visto está todo mundo na mesma; perdidos e principalmente assustados, por não sabermos o que está rolando para deixar Paulão nervoso desse jeito.
___ E que bomba seria essa? - Mateus indaga por fim.
Paulão faz um sinal para que Vitor apague a luz da sala, enquanto o projetor começa ganhar foco na cortina branca a nossa frente. Em poucos segundos uma imagem aparece, mas ainda continuamos sem entender porcaria nenhuma.
___ Vocês reconhecem essa pessoa? - Paulão pergunta sem deixar de olhar para a projeção na parede.
___ Esse é o Bernardo, não é? - Léo expõe, e todos olham em minha direção esperando a minha confirmação.
Talvez pela distância que a foto foi tirada, ela tenha ficado um pouco fora de foco. Só um lado do meu rosto aparece, mas qualquer um que me conheça, poderia me identificar.
___ Sou eu na foto, sim. Mas qual é o problema? - Questiono confuso.
___ Problema? Esse é só o problema número 1, meus queridos. - Fala Paulão antes de apertar o botão, fazendo outra imagem surgir na parede.
Dessa vez é Vitor que tem a sua foto refletida diante de nós. Seus cabelos estão tingidos de vermelho, e com os seus inseparáveis fones descansando em seu pescoço. E assim como eu, ele está sem a máscara.
Outro clique.
Léo, Fernando e Mateus também surgem na projeção, só que em uma única imagem. Eles estão sorrindo, e totalmente alheios ao fato de que estão sendo fotografados. É a típica capa que aquelas revistas de flagras publicam. Os três estão de óculos escuros, só que com os cabelos livres do chapéu e das tintas que compõem a caracterização dos seus personagens, a não ser as roupas. E como a vida real não é como nos quadrinhos, onde óculos conseguiram enganar o mundo inteiro, qualquer um poderia reconhecê-los imediatamente.
Paulão faz um sinal discreto pedindo que a luz seja ligada novamente. Seu semblante é serio, e só agora reparo nas manchas escuras ao redor dos seus olhos. Com certeza, já faz um tempo que ele não teve uma noite de sono descente.
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Amor à última vista
Teen FictionToda a esperança de Isabela de ficar cara a cara com sua alma gêmea, foi esmagada pelas letras garrafais da palavra "ESGOTADO" estampadas na tela do laptop. Quando não consegue comprar os ingressos do show que sua banda favorita fará em sua cidade...