CAP 45 - O orgulho é uma bosta

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CAP 45 - O orgulho é uma bosta

*BERNARDO*

___ É para eu te dizer o que você quer ouvir, ou o que você precisa? -- Léo me oferece as opções, antes de expor o seu ponto de vista.

Em me jogo sobre a minha cama, deixando o meu corpo despencar junto com o peso das minhas frustações.

Perturbações. Punições.

Estou sendo punido por mim mesmo pela minha burrice.

Idiotice. Estupidez.

Minha mente parece uma TV em imagem HD, num ciclo sem fim da mesma cena tenebrosa. Mas a cada repetição, um ângulo diferente é focado. A cada repetição, eu sou torturado de uma perspectiva diferente.

"Cordeiro segurando a Gatinha pela cintura."

Eu também já segurei naquela cintura.

"Cordeiro se perdendo nos lábios da Gatinha."

Eu também já me perdi naquela boca linda.

"Cordeiro sendo pego pelas garras da Gatinha."

Só que nesse caso, eu não fui somente pego pelas garras da Gatinha. Eu fui abatido por elas.

___ Diga o que eu preciso ouvir. -- Respondo por fim, deixando o ar em meus pulmões fugir pela boca.

___ Okay, então! -- Léo dá uma pequena pausa, tomando fôlego, antes de declarar sem qualquer solidariedade por minha situação: --- BEM FEITO!

Mesmo sendo pego de surpresa pelas palavras cascudas que acabo de ouvir, eu continuo deitado, somente encarando o teto. Eu sei que mereço ouvir isso. Por mais que eu não tenha admitido em voz alta, sei que o responsável por essa meleca toda, sou eu.

___ Você realmente achou que beijaria a louca da Daniele na frente da Gatinha, e ainda sairia sem nenhum arranhão? -- Léo me pergunta de algum lugar do chão do quarto, dando uma risada incrédula. - Ou você foi muito ingênuo, ou então muito estúpido por achar que sairia ileso dessa.

Por mais que eu tenha tentado evitar a fadiga, fugindo de qualquer outra atividade física que não fosse andar de skate, acabo de descobrir que todo o meu esforço foi em vão. Pois burrice não só esgota a mente, como também afeta o corpo. Estou precisando urgentemente de uma vitamina para recuperar a minha força de vontade. Todas as minhas energias foram sugadas, transformando-me num boneco de pano estirado sobre o colchão.

"Estou patético, cara! Patético!"

___ Eu peguei a Gatinha trancada com o Cordeiro no banheiro da academia ontem, lembra? Então tecnicamente ela já tinha me arranhado. -- Comento, mesmo sem muita vontade.

___ E daí? - Léo rebate completamente seco.

___ Como assim "e daí"? -- Repito dando um salto, e me sentando na ponta do colchão. Finalmente localizo Léo, que está sentado no chão, encostado no armário. -- Cordeiro estava sem camisa, e ela só de TOP. Só de TOP!

Sinto meu estômago dar um giro de 360°, quando a lembrança retorna como um soco potente em meu abdômen. Uma bola de ar se instala na minha garganta, e eu aperto os olhos tentando afastar as imagens que começam a trazer de volta a fúria que levei um tempão para afogar .

___ E daí? -- Léo insiste. -- Você realmente acha que eles estavam se pegando lá dentro, ao ponto das roupas voarem para tudo que é canto?

Bosta! Outro giro acontece em meu estômago, mas dessa vez foi um 720°. Quase que meu almoço volta por onde ele entrou.

Amor à última vista Onde histórias criam vida. Descubra agora