CAP 21 - Você está me dizendo que vai aceitar?

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CAP 21 - Você está me dizendo que vai aceitar?

*BERNARDO*

Já faz umas semanas que a esquentadinha me ignora. Desde o dia em que Daniele ferrou com tudo, e me beijou de surpresa no portão do colégio, na frente de tudo mundo. E infelizmente, também diante dos olhos de Isabela.

Eu mesmo me pergunto qual é problema de ela não querer me dar assunto, se até a pouco tempo atrás saiam faíscas entre nós dois só por estarmos perto um do outro. Mas acho que é exatamente por isso que estou tão grilado. Antes pelo menos, eu a afetava de alguma maneira. Só que agora a gatinha simplesmente finge que eu não existo.

Nem mesmo na aula de laboratório, consegui tirar alguma reação da irritadinha. Até usei o meu superpoder de irrita-la, e fazer com que ficasse tentada a jogar algum ácido na minha cara, mas até isso falhou.

Estou confuso! Esses sentimentos novos que apareceram do nada, me fazendo ficar perdido com o fim da nossa antiga rotina de insultos, arranhões e rosnados estão me enlouquecendo. Eu admito: sinto algo muito forte por aquela maluca, mas e ela? Será que esse gelo é porque me tornei tão insignificante, a ponto de uma mosca conseguir incomoda-la mais do que eu?

Mais uma semana está terminando, e eu aproveito o intervalo para distrair a cabeça, e dá uma folga para o meu cérebro depois de mais uma aula cabeluda de física. Já estou vendo que vou me ferrar nessa prova.

Sou abrigado a voltar em sala para pegar a carteira que ficou na mochila, e quando chego próximo à porta descubro que não fui o único a deixar algo para trás. Meu estômago se contorce quando vejo quem a pessoa "esquecidinha".

A gatinha está de costa para mim, com o tronco levemente encurvado para frente e com as mãos onde eu não consigo vê. Mas tem alguma coisa errada. Seu corpo todo treme, como se uma gargalhada a impedisse de se manter firme. Só que o som abafado que chega aos meus ouvidos, me diz que o riso não é o responsável pela vibração de seu corpo. Isabela está chorando.

Sem pensar duas vezes, meus pés conquistam a distancia entre nós e eu a abraço por trás. Sinto seus ombros ficarem tensos com a surpresa do toque.

___Por favor, não chora. --- Imploro, com o rosto apoiado em seu ombro.

Porém o meu pedido parece ser o start para que a enxurrada de lágrimas caia mais sobre a sua face. Eu a abraço com mais força, enquanto faço um carinho de leve em seus braços que estão cruzados a frente corpo. Mas de repente algo estranho acontece. Não. "Estranho" seria pouco para descrever. Acho que "freak" descreveria melhor o que vejo.

Do nada Isabela começa a rir. Ou melhor, gargalhar. Arfar. Engasgar.

Eu me afasto surpreso, para conseguir ver o seu rosto que agora sustenta um sorriso enorme banhado em lágrimas. E mais uma vez o impensável acontece. A maluca pula em meu pescoço, antes de me puxar para um abraço apertado.

TU TURU, TURU, TURU, TURU, TURU, TURU!

Meu coração golpeia o meu peito com tanta força, que acho que até a gatinha consegue sentir cada pancada. Eu a enlaço pela sua cintura, e a puxo para mais próximo de mim. Mais uma vez o seu perfume me arrasta, fazendo-me fechar os olhos e aproveitar o aroma, tornando mais intenso a quentura do seu abraço. Porém eu quero mais. Eu quero sentir o calor da boca dela sobre a minha. Só que dessa vez, o beijo tem que ser pra valer.

Eu me afasto e a olho diretamente nos olhos escuros, antes de encarar os seus lábios que se abrem num sorriso lindo. Eles estão me atraindo como imãs....

Amor à última vista Onde histórias criam vida. Descubra agora