CAP 94.1 - FLASHBACK

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Revisão pendente*

CAP 94.1 - FLASHBACK

Dias depois do tiroteio na produtora ⏳🔫🎙️

*LÉO*

O ambiente está carregado. Eu já esperava que o clima não fosse dos melhores na primeira reunião entre o nosso empresário e pais depois que toda a sujeira envolvendo a produtora foi exposta. Mas eu não imaginei que até mesmo uma Katana* - como a do filme de Samurais que vi na noite passada- encontraria dificuldade para cortar a tensão no ar.

Com diplomacia, Paulão procura nos passar os detalhes que a polícia não conseguiu através de nós, embora tenham tentado. Várias vezes.

Demos o máximo de informações que tínhamos nos depoimentos. Mas fora a confusão com a multa da quebra de contrato que eles tentaram jogar nas minhas costas, não tivemos muito a oferecer. Antes disso, nada demais havia acontecido. Ou ao menos nada que tivesse chamado nossa atenção.

Acreditávamos de verdade que era a oportunidade das nossas vidas. Por isso, mesmo diante das provas de toda a sujeira que rolava, ainda foi difícil acreditar.

E sendo sincero? Ainda é.

Ok! Não era para estarmos tão chocados assim. Não vivemos em uma bolha. Mas saber que crimes acontecem não impede o espanto quando você se vê sendo vítima de um.

Em uma das visitas a delegacia, descobrimos que corrupção e lavagem de dinheiro eram só a ponta do iceberg que os jornais noticiaram. Prostituição e aliciação de menores é que eram os verdadeiros motores do esquema liderado pelo Diretor da produtora, e por mais algumas pessoas de influência.

O nosso chão caiu. Não sabíamos o tamanho perigo que corríamos. Bernardo, em especial. Ele lembrou daquela reunião esquisita em que pensavamos que ele daria um pé na banda.

Paulão confirmou essa suspeita. E nos contou outras mais que nem suspeitávamos.

O agora ex-empresário da CÓDIGO 5 ainda se recupera do ferimento que ganhou no ombro ao ser pego por uma bala no meio do tiroteio. Ele deveria estar de repouso. Mas assim que recebeu alta, ele fez questão de nos reunir - junto com nossos responsáveis - e nos contar tudo que sabia. E ele sabe muito. Já faz mais de 3 horas que a reunião começou, e parece estar longe do seu fim.

– Confiamos em você. Deveria ter nos contado. São nossos filhos - um dos pais argumenta.

- Eu não tinha provas. Era só desconfiança. Se eu tivesse contado, sem qualquer evidência, vocês teriam acreditado? - Paulão contra argumenta - Isso já aconteceu antes. Outros artistas que foram envolvidos, eu tentei alertá-los. Mas não me ouviram. O Senhor Xavier não estava dessa posição de poder há tanto tempo à toa. Ele é esperto. Tem contatos. Sabe manipular as pessoas - afirma - O Diretor convencia a todos de que estava dando a oportunidade da vida deles, e que pensar algo absurdo assim sobre ele seria ingratidão. Até eu fui convencido disso! Pensei que estava sendo ingrato, e vendo coisas onde não existiam. Até que...

Como resultado da desobediência a ordem médica para ficar em repouso, Paulão sente uma pontada de dor. Em sua breve pausa para se recuperar, eu noto alguns sinais que me fazem questionar se o incomodo é por causa no ombro ou do que ele estava prestes a falar.

Eu não fui o único a perceber a saliva descendo pesada pela garganta, a testa úmida e seus olhos marejados. Instintivamente, cada pai se aproximou de seus filhos.

Não há dúvidas que as lembranças o assombram. Tanto que sua própria esposa se posiciona a seu lado, e com a mão no ombro oposto ao ferido, lhe mostra apoio.

Amor à última vista Onde histórias criam vida. Descubra agora