CAP 58 - Teoria dos 6 graus de separação

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CAP 58 - Teoria dos 6 graus de separação

*ISABELA*

Uma pancada em meu ombro esquerdo me leva a trincar os dentes, aprisionando um gemido de dor. Quase chego a girar sobre os meus calcanhares, quando um cara passa por mim como se fosse uma carreta desgovernada, com o celular grudado a orelha.

___Ei?! Para que essa pressa toda? Está com dor de barriga, por acaso?- Grito para ser ouvida em meio ao falatório ao redor. - Educação faz parte da vida, sabia?

Sou completamente ignorada. O mal educado segue para "não sei onde", sem nem mesmo lançar uma olhada rápida por cima dos ombros, num pedido de desculpas fuleiro.

___Ogro! - Murmuro entre dentes.

Eu deveria ter marcado de sair com as garotas em uma outra hora. Sexta feira - a partir do meio dia - é praticamente o início do sábado. Todo mundo já começa a entrar no clima do final de semana, e desacelerar das obrigações dos outros dias. Então não estou surpresa pelo o shopping estar lotado desse jeito.

O horário de almoço que deveria ser uma, ou duas horas no máximo, é esticado até o limite do bom senso. A praça de alimentação está repleta de gente com crachás e uniformes de empresas das redondezas, que já deveriam ter voltado ao trabalho há um bom tempo. Fico me perguntando quanto dever ser o valor do vale refeição* desse povo. Porque se dar ao luxo de almoçar por aqui todos os dias, não é para qualquer um.

As garotas e eu reviramos as nossas mochilas a procura de trocados perdidos, para racharmos o valor do nosso almoço. Temos que economizar ao máximo para podermos gastar na compra das roupas para a festa de amanhã.

SIM! SIM! Nós ganhamos! Nós vencemos o concurso da rádio!

Foi um momento incrível! Chego até a me arrepiar ao me lembrar.

Quando os organizadores anunciaram os nomes dos ganhadores, uma onda de emoções atingiu o salão. Era uma mistura de alegria, surpresa, raiva, tristeza... Simplesmente inexplicável! Tenho até dificuldade para por em palavras como me senti ao ouvir meu nome pelos autofalantes. Principalmente quando nos disseram que, além de participarmos da festa, também assistiremos ao show.

Uou! A galera foi ao delírio!

Foi tanta gritaria e chororô, que até parecia ser a final do Brasileirão*. Rolou até uma leve pancadaria depois do apito final.

Sim, minha gente. A falta de espírito esportivo de algumas pessoas ainda me surpreende.

Duas garotas, inconformadas por não estarem entre os contemplados, simplesmente surtaram. Começaram a rasgar, e derrubar todos os trabalhos feitos pelos os outros competidores num arrastão insano. Foi tanto quebra-quebra e xingamentos, que achei que o "rapa" estava passando entre os camelôs. Foi uma deselegância assustadora!

Massssssssss -(a minha alongada foi bem proposital)- eu confesso que também não fui um exemplo de bom comportamento ontem. Pelo menos, não no final da festa.

Quando uma delas ameaçou a rasgar as minhas fotos (Bem, as fotos que Bernardo tirou, mas enfim, vocês me entenderam), eu simplesmente saí do salto. Literalmente.

Uma das loucas despontou os dentes como se fossem presas, enquanto rosnava, se lançando em minha direção. Nem perdi meu tempo usando as minhas mãos. Fiquei com medo de ser mordida no processo. Então eu tirei uma das minhas sandálias plataforma, e taquei na cabeça dela, deixando-a desnorteada por alguns instantes. Mas segundos depois, a comparsa pulou em minhas costas, enquanto gritava que "Os Iluminates" não iriam levar a melhor nessa.

Amor à última vista Onde histórias criam vida. Descubra agora