CAP 18 - Mentira deslavada ou verdade antecipada?

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CAP 18 – Mentira deslavada ou verdade antecipada? 

*ISABELA*

Sempre soube que esse meu vício por filmes e séries de espionagens serviriam para alguma coisa. Todos os truques para se camuflar na multidão e ficar invisível como os germes no ar, foram muito úteis nessa ultima segunda-feira.

Fazendo jus ao meu apelido de gata de beco (um apelido que eu acho muito injusto, caso alguém queira saber a minha opinião), eu me esgueirei pelas ruelas da escola, popularmente conhecidas como corredores, banheiros e pátio. Sim, eu confesso: fugi! Eu fugi com a mesma paixão que um gato foge da água. Eu fugi com o mesmo desespero que um gato foge de um cachorro louco.

Meus olhos estavam tão atentos quanto de uma águia. Minha audição ficou mais sensível do que a de uma pantera. E meu sonar mais eficaz do que a de um morcego. Sim! Eu deixei de ser um felino, para me tornar alguma espécie de animal mutante. Virei uma experiência militar ambulante, mas os meus poderes incríveis me permitiram, de alguma maneira, evitar a aproximação de Bernardo mesmo estando sentada só há poucas carteiras a frente dele.

Só que hoje é terça-feira, e eu acabei de me lembrar de que tem laboratório de química. E como todo mundo sabe que o universo tem alguma rixa particular comigo, e vive querendo me lascar, eu serei a dupla do Vira-lata nesse bimestre, trimestre, semestre... sei lá! Só sei que qualquer tempo, será muito tempo.

Sinto-me como aquele presidiário que caminha pelo corredor da morte, consciente de que na última porta está o seu fim. Dentro de alguns passos, a minha paz dará seu último suspiro.

Eu paro diante da porta do laboratório e, respiro profundamente antes de enfrentar a verdade: dois tempos de aula como dupla daquele ser letal à tranquilidade. Dou um único passo para dentro da sala e já sinto o peso do ar se fechar sobre mim. E assim que olho para frente, eu vejo alguém acenando, com um sorriso torto nos lábios.

"Aqui JAZ a minha paz de espírito."

Bernardo puxa a cadeira a seu lado e bate de leve sobre o assento, indicando que o guardou para mim. Logo a frente dele, vejo seu amigo Eduardo, quicando mais do que pipoca na panela assim que Marcela entra em sala e para a meu lado.

___Quer trocar de dupla comigo? –Eu imploro, por cima do falatório dos alunos.

O material da professora já está sobre a mesa, mas ela não se encontra em sala. Somente Leo, que está como auxiliar no laboratório, chegou. Ele está preparando os materiais da aula de hoje.

___ Qual é, Isa? Bernardo não é esse monstro que você faz parecer. Na verdade eu o acho bem legal. --- Confessa minha amiga traíra, enquanto acena de volta para a sua dupla no fundo da sala.

___ Bastaram só umas horinhas de conversa e já viraram amiguinhos? Que vendida! --- Acuso-a.

___ Eu já falava com Bernardo antes, tá?. --- Vendo meu olhar atônico ao ouvir a confissão de deslealdade, Marcela continua. --- Quando eu digo que " já nos falávamos", quero dizer que nos cumprimentávamos pelos corredores. Ahhhh! Mas quer saber de uma coisa? Já está na hora de parar com essa loucura! Eu gosto dele. E eu acho que vocês deveriam começar a resolver as coisas entre vocês dois. Quem sabe até poderiam ser amigos. Vocês se parecem um pouco.

__WHAT?! --- Meus ouvidos não estão acreditando no que acabaram de captar, e minha língua protesta por eles.

___Vocês se parecem sim! São duas cabeças duras. O episódio do tombo nem foi tão traumatizante assim, mas vocês fizeram virar quase que uma 3º Guerra Mundial. E eu posso ser sincera? Cansei! Estou achando que essa briguinha de vocês tem é outro nome. --- Marcela joga essa bomba na minha cara, e vai em direção a sua dupla, sem me deixar responder a acusação ridícula.

Amor à última vista Onde histórias criam vida. Descubra agora