CAP 27 - O que é meu por direito

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CAP 27 - O que é meu por direito

*ISABELA*

Acho que a melhor maneira para descobrir se uma amizade é verdadeira, é quando um dos amigos consegue algo que o outro queria loucamente, e ainda assim a felicidade daquele que não conseguiu é transbordante. Como se a conquista fosse dele mesmo. Então se ainda existia alguma dúvida sobre a minha amizade com as garotas, hoje tive a prova de que o nosso elo é de verdade.

Eu não poderia estar mais contente ao descobrir que elas conseguiram os convites. E o mais legal de tudo, é que mesmo já tendo as suas presenças garantidas no evento do final de semana, elas não se esqueceram de mim.

Todo mundo catou os trocados perdidos nos fundos das mochilas, bolsos e carteiras para contribuir na minha busca ao Cartão dourado. Combinamos de nos encontrarmos mais tarde na loja. Quem sabe hoje, a sorte também sorrir para mim?

"E para Mayara também, tadinha! Não sei como isso foi possível, mas ela conseguiu ficar mais arrasada do que eu."

Alguns fãs mais desesperados seguem direto para loja, porém eu primeiro passarei em casa. Não vou dizer que a minha decisão foi por ser uma garota controlada, coerente e ajuizada, que sabe que precisa avisar a família aonde vai, antes de sair batendo pernas por aí.

"Se a gente sumir (Deus me livre disso), eles precisam saber por onde começar a nos procurar, não é verdade?"

Enfim... Mas a verdade é que eu só estou indo direto para casa porque estou completamente li$a.

"Sem um to$tão furado! ... Bufunfa, z$ro! ... F$lida!"

Preciso tentar conseguir uns trocados com a minha mãe...de novo! Só espero que ela colabore (financeiramente), para que meu encontro com o meu #AstroRei aconteça, e a gente possa ser feliz para sempre!

"Fui muito longe, agora. Eu sei! Mas o amor é assim: sem fronteiras!"

Eu caminho corajosamente por entre a manada de loucos que corre em direção a loja. O alvoroço é tão grande, que acabei me perdendo das garotas. Só espero que não tenham sido pisoteadas. Então a única coisa que me resta é ir embora logo, antes que eu mesma entre na lista das vítimas de atropelamento, pois com certeza alguém já foi abatido. Mais tarde, eu me encontrarei com as garotas em segurança.

A cada esquiva finalizada com êxito, minha paixão pelo Boxe* só aumenta. Nunca pensei que minhas habilidades de atleta amadora seriam colocadas à prova num combate contra fãs desconvitados e enlouquecidos.

No meio de mais um gingado a la Muhammad Ali, minha cabeça fica levemente abaixada, quando vejo rodas de skates deslizam em minha direção. Assim como tempestades, pessoas sobre skates entraram na minha lista de fobias, desde o incidente com Aquele que não deve ser Nomeado. Desde aquele dia, a minha reação diante desses veículos amaldiçoados se tornou imprevisível.

Eu fecho os olhos com força, e me encolho preparando para absorver o impacto da colisão. A cena do atropelamento do ano passado se reproduz em minha mente em câmera lenta. Só que os segundos eternos se passam, e nada acontece. Eu continuo em pé, e com a minha honra intacta.

Eu tomo coragem para abrir os olhos, e espio por entre as cortinas de dedos e cílios. A imagem que começa a tomar forma diante de mim ainda está embaçada, mas sei que o meu "não atropelador" não é Bernardo.

Com um suspiro de alívio, eu abaixo as mãos e me recomponho, recolocando a minha capa de valente. Porém são somente por poucos segundos. A coragem que me encheu se vai tão rápido quanto chegou.

Amor à última vista Onde histórias criam vida. Descubra agora