CAP 57 - Meu mundo sem você
*BERNARDO*
___ Eu sabia que você mudaria de ideia e me deixaria vir, Bê! --Luna pula em meu pescoço, dando-me um abraço forte assim que abro a porta da suíte.
Atendendo a meu pedido, minha irmã veio encapotada dos pés a cabeça. Ela está parecendo um esquimó que veio curtir o litoral do Rio de Janeiro, com a roupa comum de seu dia a dia gélido. A coitada deve estar "suando pacas" debaixo de tanta roupa. Entretanto, o meu pedido é altamente justificável. Eu juro!
Depois que aquela mensagem maluca com as fotos chegou, todo o cuidado da nossa equipe foi redobrado. Triplicado! E até que isso seja resolvido, os nossos instintos de neurose precisam estar no nível máximo. O futuro da CÓDIGO 5, e de várias outros empregos ligados a banda dependem disso.
Quando passei em frente ao espelho ainda a pouco, tive a impressão de ver escrito em minha testa a frase: " Vou fazer merd*!". Sempre fico comcara de que estou devendo, quando faço algo que -no fundo- sei que não deveria. E se isso acontece comigo, também irá acontecer com Luna. Afinal, somos irmãos.
Eu não queria correr o risco de que alguém a visse chegar, e lesse em sua testa que ela estava vindo para a suíte 3039, se encontrar com um membro da CÓDIGO 5 (que a propósito é seu irmão mais novo ), para colocar em prática o plano de seu "ex ou amigo novamente" para passar a perna em uma das concorrentes do concurso, para ganharem tempo, e conseguir impedir que ela revele a sua identidade no meio da festa... E que, principalmente, que tudo isso estava acontecendo por culpa de todas as vezes em que o músico trapaceiro a fez de trouxa...
Okay! Okay! E sei que nem Sherlock Holmes* chegaria numa dedução tão certeira assim. Mas quando se está devendo, a gente fica com medo até da própria sombra.
___ Beleza, galera! Já deu tempo de vocês matarem a saudade. Já chega! -- Eu meto as minhas mãos entre Cordeiro e Luna, obrigando-os a acabarem com o abraço desnecessariamente longo.
____ Que já chega o quê? Faz um tempão desde a última vez em que nos vimos. Não é mesmo, Henry? --- Luna fala com uma voz irritantemente melosa, enquanto volta a rodea-lo pela cintura, antes de descansar a cabeça em seu peito. --- Nossa! Senti tanta saudade!
Cordeiro abre o costumeiro sorriso de pervertido para me provocar, sempre que minha irmã faz isso.
___ Também senti muita saudade, Lua! -- Ele deposita um beijo demorado no topo da cabeça dela, voltando a enlaça-la como um polvo.
___ Okay! Já chega dessa melação! -- Volto a separa-los, só que dessa vez eu mantenha a minha irmã perto de mim por precaução. -- O tempo está passando! A festa está rolando lá embaixo, e já devem ter sacado a minha falta. Desembucha logo o plano, Lord das tretas.
Vejo Cordeiro enche o peito de ar, como se quisesse ganhar tempo e coragem para escolher as suas próximas palavras. Humm! Lá vem bomba! Um sorriso lento e descarado surge em seu rosto, fazendo Luna se encolher em meu braço e me lançar uma olhada, desconfiada. Não sou o único a ficar tenso quando ele faz isso.
___ Eu jamais pensei que faria esse pedido. Bem, pelo menos não em voz alta, né? -- Cordeiro encolhe os ombros e abre um sorriso culpado. -- Mas essa é a única maneira das coisas darem certo. Sendo assim... --- Ele puxa o ar pelo nariz, e assume uma expressão concentrada, antes de voltar a atenção para a minha irmã. Eu a abraço com mais força por reflexo. --- Lua, minha deusa, eu preciso que você tire a sua roupa.
Pause no mundo.
A solicitação inesperada nos deixa inertes no meio do cômodo. Viramos duas estátuas na perfeita representação do choque. Sei que Cordeiro é safado, entretanto, eu não esperava presenciar um pedido desse. Ainda mais feito a minha irmã.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor à última vista
Ficção AdolescenteToda a esperança de Isabela de ficar cara a cara com sua alma gêmea, foi esmagada pelas letras garrafais da palavra "ESGOTADO" estampadas na tela do laptop. Quando não consegue comprar os ingressos do show que sua banda favorita fará em sua cidade...