Revisão pendente.
CAP 96 - Tô passando mal, Marcela! Tô passando mal!
*VITOR*
Ahh, adolescência! Sentirei falta dessa fase.
Sei que estou parecendo um velho falando, mas é a verdade. Pena que só me toquei sobre o que estou prestes a perder nos últimos instantes dos meus 17 anos.
Com um pouco mais de uma semana para o fim das aulas - e consequentemente o ponto final do meu ensino médio-, eu observo o caos se espalhar pelo pátio do colégio onde vi muita coisa louca. Na beira de completar 18 anos no próximo mês e legalmente me tornar um adulto, já estou sendo esmagado pelo sentimento de nostalgia dos "problemas da adolescência" que eu jurava que não sentiria falta.
Metade dos celulares dos alunos transmitem a entrevista, enquanto a outra faz stories no Instagram*, espalhando na internet o que o colégio inteiro já sabe: "A CÓDIGO 5 não estuda no Delta."
Eu empurro o braço de alguém que se aproxima demais, tentando conseguir um bom registro para seus seguidores.
– Eu vou jogar essa merda longe! - minha ameaça faz o blogueiro amador recuar.
– Foi mal! Eu só queria mostrar que era Fake news o lance de você ser da banda.
– Sério? - ergo um sobrancelha - Então deixa eu te dar uma ajudinha.
Sem autorização, eu arranco o celular da mão de alguém que não esperava ser roubado. Seus olhos bem abertos me encaram, enquanto a boca se mostra incapaz de falar. Minha repentina mudança de ocupação de astro da música para trombadinha o pegou de surpresa.
Sua reação passiva, porém, não dura muito tempo. O blogueirinho logo tenta recuperar o aparelho da minha mão erguida para longe de seu alcance. Com o braço esticado, eu começo a me filmar de cima.
– Bom dia, seguidores do... do... – eu interrompo a apresentação. Acabo de me dar conta de que não sei o nome da pessoa que eu acabei de assaltar – Que falta de educação da minha parte... Como você se chama?
– Ah... Clayton? – desorientado, ele responde o próprio nome em tom de pergunta.
Não o culpo. Para alguém que até há dois minutos parecia bem disposto a passar por cima dele, a minha educação soou esquisita.
– Seguidores do Clayton, bom dia! – eu recomeço minha saudação para a Live de 11 espectadores. – Como 'cês 'tão? A vida tá tranquila? Espero que sim. Porque a minha está uma BOSTA desde que essa história envolvendo o meu nome saiu.
Eu desabafo para a câmera do celular com toda a revolta de alguém que foi injustamente prejudicado. Bernardo não é o único com talento para atuação quando se precisa.
– Caramba! 123? Continua, cara – Clayton me encoraja assim que nota no canto da tela a crescente quantidade de contas acompanhando a transmissão.
Eu acolho o pedido e prossigo com o desabafo. Compartilho com detalhes os perrengues que fui envolvido - merecidamente, eu sei. Mas eles não precisam saber -. Nem há necessidade de interpretação. O trauma é real!
– Acho que alguém não ficou contente com a nota do laboratório, e descontou em mim e no meu colega de mentoria inventado essa história maluca – eu alego sem qualquer ponta de verdade, jogando a culpa para cima de um buxa* aleatório.
– E os outros dois? - sonda Clayton.
Merda! Sua LIVE estava "mortona" até eu pegar o celular, e é assim que você me agradece? Deslealdade!
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Amor à última vista
Ficção AdolescenteToda a esperança de Isabela de ficar cara a cara com sua alma gêmea, foi esmagada pelas letras garrafais da palavra "ESGOTADO" estampadas na tela do laptop. Quando não consegue comprar os ingressos do show que sua banda favorita fará em sua cidade...