CAP 16.1 - CENA BÔNUS

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*FERNANDO*

Saímos da cozinha as pressas, e eu tento arrastar Vitor para que não pegue mais nada sobre a mesa. Não sei que horas Isa irá embora, mas não deve demorar tanto a ponto de morrermos de fome, trancados no quarto.

___Espero que Bernardo tenha  lembrado de abrir a janela. --- Declara Leo, enquanto damos a volta pelo quintal, tentando fazer o mínimo de barulho possível.

Deixamos nossos sapatos na entrada, e as pedrinhas espalhadas pelo chão ao redor da casa, castigam os nossos pés sem piedade.

___Que bosta! --- Vitor se equilibra em uma perna só e segura a outra no ar, enquanto tenta retirar o que está cravado em sua sola. --- Por que logo essa parte do quintal não tinha que ter piso?

___ Humm! Que tal tentar pisar nas placas de cimento que marcam o caminho? Acho que elas servem exatamente para isso. --- Provoco-o.

___ Porque eu quero chegar logo do outro lado, e não tenho tempo de ir quicando igual a uma bailarina pelo bosque. --- Revida, me dando um empurrão, quase me derrubando sobre o canteiro que cerca a casa.

___ Ei, galera, cuidado com as plantas! O pai do Bernardo é ciumento para caramba, principalmente com as rosas. --- informa Léo.

___ Ué? Elas não são da Tia Vera? - Pergunto surpreso, antes de me esquivar de uma rosa, que por pouco não me rasga o braço exposto pela regata escura.

___Que nada! Quem cuida disso tudo aqui é o Tio Claudio.

As placas de cimento que marcam o caminho terminam, e mesmo não gostando de andar como bailarinas desengonçadas, somos obrigados a caminhar na ponta dos pés para evitar ao máximo o contato com o chão cortante, o que faz com que a nossa locomoção se torne lenta e humilhante. Só faltam a sainha e o coque para dançarmos o "Lago dos cisnes".

A música da CÓDIGO 5 flutua pelo ar da noite, e chega aos nossos ouvidos sem qualquer modéstia no volume. Luna é uma tiete nível Master da banda e, principalmente do irmão, então nós, e os vizinhos também, já somos acostumados com essas demonstrações de amor nas alturas.

Quando estamos a poucos metros do quarto de Bernardo, em meio ao solo de bateria que escapa pela janela a nossa frente, uma gargalhada familiar chega aos meus ouvidos. Meu cérebro apita e a cobra no meu estômago se contorce novamente.

"Não é possível!"

Sem nem pensar duas vezes, eu me aproximo sorrateiramente da janela coberta por uma cortina amarela, e com cuidado tento olhar através da brecha do tecido que balança levemente com o vento.

___Meu Deus! É Jheni... --- Minhas palavras são interrompidas por uma mão que cobre a minha boca, e imediatamente me puxando para trás.

___Quieto! Quer que nos descubram? --- Sussurra Leo.

Por minha boca ainda estar tapada por sua mão que cheira a bolinho de chuva, eu faço um sinal com os olhos em direção à janela. Só espero que não pense que estou tento alguma convulsão ou coisa do tipo. Mas minha mensagem é captada com sucesso, e assim que ele espia o lado de dentro, também diz surpreso:

___ Agora ferrou! As meninas também estão aí. - Leo, soca a palma da própria mão.

Vitor se aproxima da janela, tão sutil quanto uma draga, quase nos derrubando sobre a pequena roseira, com pétalas no mesmo tom amarelo da cortina do quarto de Luna.

___Marcela?! ---Exclama surpreso, imediatamente arrancando um chiado de Leo, mandando-o falar mais baixo. --- Ah! Nem se uma bomba estourasse aqui fora, essas garotas conseguiriam ouvir. Estou surpreso por nenhum vizinho chamar a polícia por causa desse som alto, numa hora dessas.

Amor à última vista Onde histórias criam vida. Descubra agora