*FERNANDO*Saímos da cozinha as pressas, e eu tento arrastar Vitor para que não pegue mais nada sobre a mesa. Não sei que horas Isa irá embora, mas não deve demorar tanto a ponto de morrermos de fome, trancados no quarto.
___Espero que Bernardo tenha lembrado de abrir a janela. --- Declara Leo, enquanto damos a volta pelo quintal, tentando fazer o mínimo de barulho possível.
Deixamos nossos sapatos na entrada, e as pedrinhas espalhadas pelo chão ao redor da casa, castigam os nossos pés sem piedade.
___Que bosta! --- Vitor se equilibra em uma perna só e segura a outra no ar, enquanto tenta retirar o que está cravado em sua sola. --- Por que logo essa parte do quintal não tinha que ter piso?
___ Humm! Que tal tentar pisar nas placas de cimento que marcam o caminho? Acho que elas servem exatamente para isso. --- Provoco-o.
___ Porque eu quero chegar logo do outro lado, e não tenho tempo de ir quicando igual a uma bailarina pelo bosque. --- Revida, me dando um empurrão, quase me derrubando sobre o canteiro que cerca a casa.
___ Ei, galera, cuidado com as plantas! O pai do Bernardo é ciumento para caramba, principalmente com as rosas. --- informa Léo.
___ Ué? Elas não são da Tia Vera? - Pergunto surpreso, antes de me esquivar de uma rosa, que por pouco não me rasga o braço exposto pela regata escura.
___Que nada! Quem cuida disso tudo aqui é o Tio Claudio.
As placas de cimento que marcam o caminho terminam, e mesmo não gostando de andar como bailarinas desengonçadas, somos obrigados a caminhar na ponta dos pés para evitar ao máximo o contato com o chão cortante, o que faz com que a nossa locomoção se torne lenta e humilhante. Só faltam a sainha e o coque para dançarmos o "Lago dos cisnes".
A música da CÓDIGO 5 flutua pelo ar da noite, e chega aos nossos ouvidos sem qualquer modéstia no volume. Luna é uma tiete nível Master da banda e, principalmente do irmão, então nós, e os vizinhos também, já somos acostumados com essas demonstrações de amor nas alturas.
Quando estamos a poucos metros do quarto de Bernardo, em meio ao solo de bateria que escapa pela janela a nossa frente, uma gargalhada familiar chega aos meus ouvidos. Meu cérebro apita e a cobra no meu estômago se contorce novamente.
"Não é possível!"
Sem nem pensar duas vezes, eu me aproximo sorrateiramente da janela coberta por uma cortina amarela, e com cuidado tento olhar através da brecha do tecido que balança levemente com o vento.
___Meu Deus! É Jheni... --- Minhas palavras são interrompidas por uma mão que cobre a minha boca, e imediatamente me puxando para trás.
___Quieto! Quer que nos descubram? --- Sussurra Leo.
Por minha boca ainda estar tapada por sua mão que cheira a bolinho de chuva, eu faço um sinal com os olhos em direção à janela. Só espero que não pense que estou tento alguma convulsão ou coisa do tipo. Mas minha mensagem é captada com sucesso, e assim que ele espia o lado de dentro, também diz surpreso:
___ Agora ferrou! As meninas também estão aí. - Leo, soca a palma da própria mão.
Vitor se aproxima da janela, tão sutil quanto uma draga, quase nos derrubando sobre a pequena roseira, com pétalas no mesmo tom amarelo da cortina do quarto de Luna.
___Marcela?! ---Exclama surpreso, imediatamente arrancando um chiado de Leo, mandando-o falar mais baixo. --- Ah! Nem se uma bomba estourasse aqui fora, essas garotas conseguiriam ouvir. Estou surpreso por nenhum vizinho chamar a polícia por causa desse som alto, numa hora dessas.
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Amor à última vista
Fiksi RemajaToda a esperança de Isabela de ficar cara a cara com sua alma gêmea, foi esmagada pelas letras garrafais da palavra "ESGOTADO" estampadas na tela do laptop. Quando não consegue comprar os ingressos do show que sua banda favorita fará em sua cidade...