CAP 62 - Um copo bem grande de sundae, com muita cobertura de chocolate...

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Sem Revisão 😶

CAP 62 - Um copo bem grande de sundae, com muita cobertura de chocolate...

*BERNARDO/WOLF*

Se Deus me empresasse o Livro da Vida* por alguns instantes, e eu o tivesse aberto na exata página que descreveria esse momento da minha, eu acharia que Ele se confundiu, e me entregou a história de outra pessoa para ler, ou então, no final da página, estaria escrito "você estava sonhando nessa hora, filho". Mas como eu não sou o único a ter o nome escrito nas linhas nem um pouco tortas, eu não tenho porque duvidar. Essa noite será, sim, a grande noite da CÓDIGO 5.

Só faltam algumas horas para a apresentação que oficializará a nossa entrada no clube dos grandes da música. Em pouco tempo, fomos de banda de cidade pequena a fenômeno nacional, sem percebermos. E só para deixar registrado, galera, eu não estou me gabando, beleza? Eu só estou repetindo o que foi dito em várias revistas e meios de comunicação importantes nas últimas semanas. Somos 5 moleques do interior do estado do Rio de Janeiro que alcançaram o que parecia impossível.

Os corredores da principal - e praticamente única - casa de espetáculos da cidade me fazem lembrar a um formigueiro. É tanta gente trabalhando, andando de um lado para o outro, que se algum de nós diminuir o ritmo, corre o risco de ser pisoteado. Mas esse frenesi tem um motivo: os já normalmente exigentes diretores, hoje decidiram que nada mais do que a perfeição será admitido.

Paulão é o que mais sofre a pressão, mesmo não estando entre os que subirão no palco mais tarde. Mas quando se é o empresário da mais nova Galinha dos ovos de ouro de uma agência já conhecida por suas cobranças - muitas vezes absurdas - fica difícil ser diferente. Os chefões devem estar lhe sugando até as últimas gotas de energias, pois esse é o único motivo para justificar as gigantes olheiras, e a perda de quase 10kg em menos de 20 dias.

O resto da banda e eu concordamos em não dizer nada sobre o que aconteceu de manhã. Paulão já tem muito com o que se preocupar, e uma notícia como essa só complicaria as coisas. Estamos com receio de que a qualquer momento, ele acabe parando no hospital por culpa de tanto estresse. Porém, mesmo se decidíssemos abrir o bico, não saberíamos exatamente o que dizer. Já passamos por tantas coisas esquisitas desde que começamos que, talvez, essa seja só mais uma situação comum na vida de quem trabalha nesse meio.

Há mais de um ano que estamos nessa loucura de apresentações; maratonas de entrevistas; multidões gritando os nossos nomes - ou melhor, codinomes -; pedidos de autógrafos em camisas, pedaços de papéis, e até mesmo em partes do corpo não muito públicas... Sim, galera! Nós sabemos que é um estilo de vida incomum para um bando de adolescentes, mas depois de um tempo, se tornou natural para nós. Bem, menos a parte em que caixas suspeitas são entregues em nossas casas, é claro, todas acompanhadas da mesma frase: "... eu prometo liberta-lo". Agora nos libertar do quê exatamente, a pessoa não informou nos bilhetes. Então só nos resta torcer para que seja somente mais uma forma egocêntrica de demonstração de amor de algum fã.

"Vamos cruzar os dedos."

A última passagem de som termina, e colocamos os nossos instrumentos e microfones nos suportes. Uma garota de dreads - que não parece ser muito mais velha que nós - se aproxima da gente, e nos pede para segui-la até ao local separado para a banda. Ela aproveita o percurso para esclarecer possíveis dúvidas a respeito do itinerário programado. Tanto o do show, quanto o da festa de logo mais.

___ Quando me disseram que os novos estagiários da produção iram ajudar no evento, eu não acreditei. Numa cidade pequena como a nossa, uma chance como essa em início de carreira, é quase impossível. -- A garota conta com um sorrisinho tímido, assim que termina de nos passar as informações detalhadas no papel em suas mãos, que tremem levemente.

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