CAP 59 - Deixa-la falando sozinha?

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CAP 59 - Deixa-la falando sozinha?

*ISABELA*

___ Cadê a Marcela? - Jheny indaga com um leve vinco entre as sobrancelhas.

___ Ela disse que ia ao banheiro. Instalaram vários daqueles químicos, do outro lado do parque. -- Thalita esclarece.

___ Sim, mas já faz um tempinho, né? Será que aconteceu alguma emergência feminina, ou algo do tipo?

Ficando nas pontas dos pés, Jheny se ergue para conseguir passar os olhos por cima da massa de gente que começa a se acumular ao nosso redor, tentando localizar o topo de alguma cabeça que se pareça um pouco com a da nossa amiga.

___Humm! Acho que não! De repente têm poucos banheiros químicos disponíveis, e a fila das mulheres sempre são as maiores. --- Eu me intrometo assim que noto gente prestando atenção a nossa conversa. ---. Não sei por que demoramos tanto. Talvez seja porque temos o hábito de dar uma conferida no espelho, antes de sairmos, né? - Comento casual.

As garotas e um garoto, que eu nunca vi na vida, que estão de butuca na nossa conversa, fazem um "sim" involuntário com a cabeça. Ótimo! Minha teoria foi aceita. Caso Marcela demore mais a voltar, não receberá sorrisinhos do tipo:

"Humm! Eu sei o que você estava fazendo lá... Lavou a mão direito?"

Praticamente o colégio inteiro está aqui. Vários rostos conhecidos passam por nós. Alguns param, e nos cumprimentam. Outros simplesmente passam batidos em direção ao palco. Um desavisado até poderia pensar que bandas superconhecidas irão se apresentar, e por isso o desespero em conseguir um lugar lá na frente. Não estou desmerecendo nenhum grupo, ok? Todo famoso começou de algum lugar. Mas esse empurra empurra é totalmente desnecessário.

Thalita some em meio as pessoas a passos acelerados para conseguir voltar antes da programação começar, assim que nos avisa que irá comprar mais um saquinho de pipoca. A carrocinha que tem a melhor pipoca doce do bairro fica do outro lado do parque. Perto da famosa "Escadaria da Penha".

A escada recebeu esse apelido depois que uma senhora chamada "Penha" se estabacou nos degraus, no dia da inauguração do parque. A coitada apareceu no jornal local e tudo. Desde então, todo mundo tem o maior cuidado ao passar por lá. Ninguém quer ser a próximo a aparecer no noticiário nessas condições.

Onde Jheny e eu estamos paradas é excelente. Temos uma boa visão do palco, sem precisar nos espremer na muvuca. Quando não estiver mais lugar na frente, é provável que o povo venha exatamente para cá. Por isso nós duas damos umas de folgadas, e nos esparramamos para guardar lugar, até que as garotas retornem.

Um empurrão em meu ombro me faz lançar o meu melhor olhar de fuzilamento sobre ele. Um sorriso brincalhão me dá as boas vindas, me mostrando que o toque agressivo foi proposital.

___ Oi, meninos! -- Digo praticamente aos gritos, pois a música do CPM22* começa a tocar na hora.

Felipe, Eduardo e Pedro respondem quase que também aos berros. Cada um deles nos cumprimentam com um abraço, antes de depositar os clássicos beijinhos em nossos rostos.

Um galerão começa a cantar a música que desponta dos alto falantes do palco, mais a frente. E é claro que também entramos no coro desafinado, mesmo esquecendo algumas partes da letra. Porque o importante é participar.

"Strike" é a próxima banda a ser representada pela galera. Eduardo não participará com a gente nesse desempenho. Ele nos avisa que precisa ir urgentemente ao banheiro, mas sei que é só uma desculpa para encontrar Marcela. Assim que contamos onde ela estava, a bexiga dele encheu na hora.

Amor à última vista Onde histórias criam vida. Descubra agora