CAP 8 - Se eu estiver de rolo com alguém

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*FERNANDO*

Nem o frio incomum nessa época do ano, está sendo capaz de impedir que gotas de suor apareçam em minha testa. Encaro o portão da casa de Jhenifer, enquanto respiro fundo algumas vezes antes de tocar a campainha. Tento me concentrar para que meus pés não assumam o controle, e corram para casa de Mateus que fica a poucos metros de onde estou. Lá é um território familiar e tranquilo, excelente para recarregar minha coragem a base de chutes e socos. Porque é isso que receberei quando contar que estou amarelando outra vez.

Meu celular tocar em minha mochila, e eu tento encontra-lo em meio ao caos de cadernos, livros, papeis de balas, entre outras coisas que carrego com nenhum outro propósito, a não ser fazer peso em minhas costas.

"Por que eu não trouxe só o que eu iria usar?"

Uma luzinha no fundo da mochila me dá a localização do que procuro, e assim que o pego, eu vejo a foto de Jhenifer estampada na tela trincada, por culpa de mais um tombo causado por minha estupidez.

___ Alô!?

___ Oi, Nando! Só quero te avisar que, quando chegar, me ligue ao invés de tocar a campainha. A luz aqui de casa acabou de novo, por causa da tempestade de ontem. --- Ouço Jhenifer, bufar do outro lado da linha. --- Odeio ficar sem luz!

___Você me ligou na hora certa. Acabei de chegar ao seu portão. --- Minto descaradamente.

Já faz uns 10 minutos que estou tentando tocar a campainha. Meu relógio e pulseiras devem ter ganhado uns 30 kg cada um, porque assim que parei em frente ao portão, não consegui levantar os braços um centímetro se quer, e...

___Pulseiras?!

Antes que Jhenifer abra o portão, eu começo a tira-las rapidamente, ao me dar conta de que não é o tipo de coisa que o nerd do Fernando usaria. Sem contar que eu, quero dizer, Harley já apareceu várias vezes com elas em programas de TV, e sessões de fotos da banda. Essas pulseiras estão quase tão presentes no visual da minha versão baterista, quanto à máscara preta.

Talvez Jhenifer nem se ligasse, mas é melhor não arriscar. Por isso enfio apressadamente as pulseiras no bolso do jeans, segundos antes do portão de madeira se abrir.

____ Oie! --- Ela me cumprimenta animada.

Não sei se é o som de minha bateria, ou meus batimentos que pulsam em meus ouvidos. Meu coração começa a bater mais rápido, assim que vejo Jhenifer se inclinar, e depositar um beijo estalado em minha bochecha.

___ Oi! --- Eu devolvo o cumprimento, torcendo para que minha expressão não entregue a euforia dentro de mim, pelo seu  gesto espontâneo.

___ Espero que você não se importe, mas teremos que estudar a luz de velas, até que a energia chegue.

Dou um sorrio bobo enquanto a sigo, ainda um pouco aéreo, para dentro da casa. Estou afazendo o maior esforço para não deixar minha mão tocar o local onde ela depositou o beijo, para ver se está tão quente quanto parece.

Eu deveria estar acostumado. A banda já existe há um ano, e já estou mais do que habituado a esses gestos de carinhos dos fãs, principalmente das garotas. Mas eu não sei bem que tipo de influencia Jhenifer tem sobre mim para me deixar desse jeito. Parando para pensar agora, estou curioso para saber se ela também teria esse mesmo poder sobre Harley.

"Mesmo poder sobre Harley? Cara! Agora eu vou falar de mim mesmo na terceira pessoa? Pirei de vez!"

                                                                                                     @@@@@

Amor à última vista Onde histórias criam vida. Descubra agora