📍Brasil - São Paulo - Vila Olímpia.
DOIS DE MARÇO.
TERÇA - FEIRA.
>>> Murilo Huff
13:21
Marília estava encostada em mim, a cabeça apoiada no meu ombro, e eu podia sentir o calor dela mesmo através do vestido leve que ela vestia. O jeito que ela ria, respondendo às provocações dos nossos amigos, me fazia sorrir sem nem perceber. A sala estava cheia de energia, com Aline e Lucas liderando as brincadeiras, enquanto o cheiro de café e pão quente pairava no ar. Eu segurava a mão dela debaixo da mesa, os dedos entrelaçados, e cada vez que ela apertava de leve, era como se mandasse uma corrente elétrica direto pro meu peito.
— Então, seus preguiçosos, o que fizeram pra demorar tanto pra descer? — Maraísa perguntou, inclinando-se sobre a mesa com aquele olhar de quem sabia exatamente o que estava insinuando.
Ela segurava um copo de suco, o sorriso malicioso quase brilhando.
— Maraísa, deixa os dois em paz — disse Maiara, sentada ao lado dela, mas com um tom que não convencia ninguém, já que ela também estava rindo. — Eles claramente tavam... ocupados.
Marília deu uma risada, o som leve e contagiante, e se endireitou no assento, mas sem soltar minha mão.
— Ocupados tomando banho, isso sim — Marília retrucou, jogando o cabelo pra trás com um ar de desafio. — Não é crime querer começar o dia limpinhos, né?
— Limpinhos, sei — Fernando entrou na onda, apontando um pedaço de pão na nossa direção. — Murilo, confessa logo, cara. Vocês não saíram daquele quarto por causa do banho, né?
Eu ri, balançando a cabeça enquanto passava o braço pelos ombros de Marília, puxando-a mais pra mim.
— Mano, eu sou um cara inocente. Só tava acompanhando a minha mulher, sabe? — Pisquei pra ele, e a Marília me deu um cutucão de leve na costela, rindo.
— Inocente? Você? — ela disse, virando o rosto pra me encarar, os olhos brilhando com aquela mistura de provocação e carinho que me deixa louco. — Conta outra, Murilo. Tô quase acreditando.
— Tá duvidando de mim, amor? — retruquei, abaixando a voz só o suficiente pra ela ouvir o tom provocador, enquanto meus dedos traçavam círculos na nuca dela. — Porque eu posso te lembrar do quanto sou... inocente, mais tarde.
Ela corou, mas o sorriso não saiu do rosto, e antes que pudesse responder, Aline bateu na mesa, rindo alto.
— Tá, tá, chega de flerte na nossa frente! Vocês dois são insuportáveis. — Maraísa se levantou, pegando o celular.
— Que tal a gente sair pra almoçar? Tô morrendo de fome, e esse pão não tá dando conta. Tem um restaurante novo ali na praia, comida boa, vibe legal. Topam? — Maiara convoca nós.
— Tô dentro — respondi na hora, olhando pra Marília, que assentiu com um entusiasmo que fez o meu peito aquecer. — E tu, amor? Pronta pra comer algo que não seja só o meu charme?
— Seu charme tá mais pra sobremesa — ela disparou, rindo enquanto se levantava, puxando minha mão. — Mas sim, tô com fome. Vamos?
— Então tá decidido! — Boiola exclamou, já pegando as chaves do carro. — Encontro vocês no carro em dez minutos. E, por favor, não se percam no quarto de novo, hein?
— Sem promessas — joguei de volta, rindo enquanto Marília revirava os olhos.
Ela apertava a minha mão mais forte, como se ela dissesse que tá no jogo comigo.
....
14:22
Meia hora depois, estávamos todos amontoados em duas mesas juntas no restaurante, uma brisa salgada vindo do mar e o som das ondas ao fundo. O lugar era descontraído, com mesas de madeira e luzes penduradas, o tipo de vibe que pedia uma cerveja gelada e conversas altas. Marília estava sentada ao meu lado, o joelho encostando no meu debaixo da mesa, e eu não resistia em roubar olhares pra ela enquanto ela ria de algo que as meninas diziam.
— Então, Marília, conta aí — Maraísa começou, apoiando o queixo nas mãos enquanto esperávamos os pratos. — Como você aguenta esse cara? Ele deve ser insuportável 24 horas por dia.
— Olha quem fala! — retruquei, fingindo indignação enquanto apontava pra ela. — Você que não para de provocar, Maraísa. Deixa minha mulher em paz.
Marília riu, inclinando-se na minha direção, o ombro roçando o meu.
— Ele é... manejável — disse, com um tom que era puro deboche, mas os olhos dela brilhavam quando me olharam. — Agora só preciso manter ele na linha. Né, amor?
— Na linha? — Levantei uma sobrancelha, virando-me pra ela. — Quem tava me provocando no banho hoje cedo, hein? Não venha com essa de santa agora.
Os nossos amigos explodiram em risadas, e Marília deu um tapa leve no meu braço, o rosto vermelho, mas o sorriso escapando.
— Murilo! Tô tentando manter uma imagem aqui! — ela exclamou, mas se inclinou pra me beijar rapidamente, o que só fez todo mundo vaiar brincando.
— Tá vendo? Insuportáveis! — Fernando disse, balançando a cabeça enquanto pegava o cardápio. — Vamos pedir logo antes que eles comecem a se agarrar na nossa frente.
— Ciúmes, Fernando? — Marília provocou, jogando o cabelo pra trás. — Relaxa, a comida vai chegar, e eu prometo me comportar. Pelo menos até a sobremesa. — Eu ri, puxando a cadeira dela mais pra perto da minha
— Essa sobremesa eu já reservei — murmurei só pra ela, e o jeito que ela mordeu o lábio, me olhando de lado, me fez querer arrastar ela pra qualquer canto ali mesmo.
A conversa fluiu, entre risadas, histórias e provocações, enquanto os pratos chegavam — peixe grelhado, batatas rústicas, uma salada colorida que a Maiara insistiu em dividir. Marília roubava pedaços do meu prato, e eu fazia o mesmo com o dela, trocando olhares que diziam mais do que qualquer palavra. Estar ali, com ela e os nossos amigos, era perfeito, mas eu sabia que, no fundo, mal podia esperar pra voltar pra casa e ter ela só pra mim de novo.
Agora, mal sabem os nossos pais que os filhos deles estão juntos. Finalmente juntos. Não sei se eles já tinham percebido antes... aquelas trocas de olhares nossas, talvez. Porque, mesmo que a gente tentasse negar — eu e a Marília —, a verdade é que havia algo ali. E nós dois sabíamos muito bem disso.
Mas o que a gente ainda não sabe é se isso pode causar algum problema pra Ruth ou pro meu pai. E, sinceramente? Se causar, sinto muito. Eu não largo a Marília nem a pau. A Marília é minha. E sempre vai ser.
Se alguém ver algo errado na nossa união, o problema vai ser todo deles — não nosso.
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Meta: 40 ✨
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Palavras: 1.081
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Maratona: 1/?
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Continua....
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𝐎 𝐍𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐃𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐨! - 𝑀𝓊𝓇𝒾𝓁𝒾𝒶
FanficDesde cedo, a vida os marcou com a dor da perda. O pai de Marília e a mãe de Murilo faleceram quando eles ainda eram crianças, deixando em cada um um vazio que parecia impossível de preencher. O destino, porém, traçou outro caminho: a mãe de Marília...
