📍 Brasil - Goiânia - Go
DEZESSETE DE JANEIRO.
QUARTA-FEIRA.
>>> Marília Mendonça.
21:29
O jantar foi um sonho absoluto. Murilo escolheu um restaurante italiano escondido no Jardins, daqueles que você só encontra se souber o caminho: luz baixa de velas tremeluzentes, paredes de tijolo aparente, música ao vivo com um violonista tocando “La Vie en Rose” num tom que parecia feito só pra nós. Dez meses de namoro, e ele ainda me olha como se eu fosse a primeira vez que viu.
Pedimos tagliatelle com trufas negras, um risoto de parmesão que derretia na boca, e duas garrafas de Chianti — uma pra cada taça que brindávamos, rindo alto, trocando beijos entre os goles, as mãos dele na minha cintura por baixo da mesa, apertando de leve, me fazendo arrepiar.
Saímos de lá com o rosto corado, o coração leve e o vinho dançando na cabeça. Murilo, mesmo bêbado, ainda era o mais sóbrio de nós dois — o suficiente pra dirigir com segurança.
Abriu a porta do carro com aquele cavalheirismo que me desmonta, beijando minha mão como se eu fosse uma rainha.
— Entra, minha rainha — disse, voz rouca, os olhos escuros brilhando.
Entrei, o vestido subindo um pouco nas coxas, a saia xadrez marrom e caramelo roçando na pele. Ele deu a volta, sentou no volante e, antes de ligar o carro, colocou a mão direita na minha coxa nua, apertando firme, subindo devagar, os dedos roçando a borda da calcinha.
— Murilo… — gemi baixinho, sentindo o calor da palma dele, o polegar fazendo círculos lentos.
— Só pra aquecer, loira — ele respondeu, piscando, enquanto dirigia com a esquerda, o olhar fixo na estrada, mas o sorriso malicioso.
Chegamos ao motel — não qualquer motel, um lugar luxuoso, com garagem privativa, luzes indiretas em tons de âmbar, espelhos no teto, cama king size com lençóis de cetim preto. Ele estacionou, saiu, deu a volta e abriu minha porta.
— Vem, amor — estendeu a mão, a aliança brilhando no dedo.
Peguei, entrelaçamos os dedos. Caminhamos até a recepção, eu de salto alto, ele com aquele jeito de quem sabe que é dono do pedaço. A moça da recepção — morena, decote profundo, batom vermelho — sorriu demais quando ele deu o nome.
— Quarto reservado para Murilo Huff. — Ela digitou, entregou o cartão-chave e… passou a mão de leve no dorso da dele, os olhos fixos nos dele.
Eu congelei. Cara fechada na hora, o ciúme subindo como fogo. Murilo nem olhou pra ela. Mostrou a aliança no dedo anelar, bem visível, a voz seca:
— Obrigado — e me puxou pela cintura, a mão firme na minha curva.
No elevador, ele me abraçou por trás, beijou meu pescoço, a barba rala arranhando de leve.
— Tá com ciúme, loira? — sussurrou, mordiscando a orelha, a língua traçando o lóbulo.
— Não gostei dela te tocando — respondi, cruzando os braços, mas já derretendo com o beijo, o corpo colado no dele.
— Ela que se dane — ele riu, virando meu rosto pra ele, os olhos escuros fixos nos meus. — Eu sou só seu. Sempre fui. Sempre vou ser. Nenhuma balconista, nenhuma fã, nenhuma mulher no mundo muda isso.
Sorri, aliviada, o ciúme derretendo. Beijei ele ali mesmo, no elevador, língua dançando, mão no peito dele, sentindo o coração bater forte.
Saímos no andar, ele passou o cartão, a porta se abriu com um clique suave. Entramos, ele me abraçando por trás, trancou a porta com um som definitivo.
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𝐎 𝐍𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐃𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐨! - 𝑀𝓊𝓇𝒾𝓁𝒾𝒶
FanficDesde cedo, a vida os marcou com a dor da perda. O pai de Marília e a mãe de Murilo faleceram quando eles ainda eram crianças, deixando em cada um um vazio que parecia impossível de preencher. O destino, porém, traçou outro caminho: a mãe de Marília...
