•|𝙲𝚑𝚊𝚙𝚝𝚎𝚛 𝚂𝚎𝚟𝚎𝚗𝚝𝚢-𝙵𝚒𝚟𝚎|•

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📍 Brasil - Goiânia - GO

DEZESSEIS DE MARÇO.
SEGUNDA - FEIRA.

>>> Marília Mendonça.

06:37

Dois meses se passaram num piscar de olhos. Já é março, o sol de Goiânia tá mais quente, e hoje é dia duplo de comemoração: eu e o Murilo completamos um ano de namoro — meu Deus, um ano! — e o Léo faz três meses.

Meu bebê tá cada dia mais esperto, mais gordinho, mais... eu. Os olhos castanhos, profundos e doces, iguais aos meus e do Murilo, mas o resto é cópia minha: o nariz arrebitado, as bochechas redondas, o sorrisinho sem dente que me desmonta. Já fiz dois shows em Goiânia e nas cidadezinhas vizinhas depois que ele nasceu — o primeiro foi tenso, chorei no camarim, mas agora eu já tô entrando no ritmo.

Comecei a dar fórmula pro Léo quando viajo, pra ele não ficar só no peito, mas em casa é peito puro, ele mama com uma fome que me derrete.

Cheguei bem cedo do terceiro show, umas seis e trinta e sete da manhã. A van parou na porta, me despedi do Silveira e do Bahia com abraços apertados.

— Obrigada, meninos. Vocês são anjos — sussurrei, voz rouca do show. — não esqueçam, mais tarde tem o mêsversário do Léo.

— Estaremos aqui, vai com Deus, rainha. Descansa — Silveira disse, beijando a minha testa.

— E dá um beijo no Léo por nós — Bahia completou, pegando minhas malas.

Entrei em casa com as malas, meus pés descalços no chão frio, o silêncio da madrugada me abraçando. Subi as escadas devagar, com o meu coração acelerado de saudade. Fui direto pro quartinho do Léo. Vazio. O berço arrumadinho, o mobile de nuvenzinhas parado. Meu peito apertou.

— Cadê meu bebê? — murmurei, já indo pro nosso quarto.

Abri a porta devagarinho. A luz do abajur baixa, o Murilo dormindo de costas, uma perna pra fora, o braço por cima da cabeça, a aliança brilhando.

O Léo aninhado do lado dele, nas costas com um travesseiro longo pra não cair, dormindo profundamente, a chupeta de silicone azul na boquinha, dando suspiros gostosinhos, as mãozinhas fechadinhas perto do rostinho.

Dei um selinho rápido no Murilo — ele nem se mexeu, só resmungou baixinho, “loira…” no sono. Beijei a bochecha do Léo, que nem se mexeu, só deu um suspiro mais profundo, a chupeta mexendo levemente.

— Mamãe voltou, meu amorzinho — sussurrei, cheirando a cabecinha dele, o cheiro de bebê que me acalma. — Dormindo gostoso com o papai, né? Meu leãozinho… três meses e já roubando a cama da mamãe. Olha você aí, com a sua chupetinha, suspiros de anjo… ai, meu coração. Você é tão perfeito, filhote. Igualzinho a mamãe, né? Esses olhinhos castanhos que vão abrir daqui a pouco e me derreter.

Entrei no banheiro, tirei a roupa suada do show — body preto colado, jeans rasgado, botas de cano alto —, joguei tudo no cesto. Tomei um banho quente, a água lavando o cansaço, o suor, o glitter do palco, o cheiro de fumaça.

Saí enrolada na toalha, entrei no closet. Passei hidratante corporal, óleo brilhante nas pernas, braços, colo. Passo meu perfume favorito — o mesmo que o Murilo também ama. Passo também antitranspirante.

𝐎 𝐍𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐃𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐨! - 𝑀𝓊𝓇𝒾𝓁𝒾𝒶Onde histórias criam vida. Descubra agora