Desde cedo, a vida os marcou com a dor da perda. O pai de Marília e a mãe de Murilo faleceram quando eles ainda eram crianças, deixando em cada um um vazio que parecia impossível de preencher. O destino, porém, traçou outro caminho: a mãe de Marília...
Acordei com selinhos suaves nos meus lábios, o toque leve e quente me puxando devagar do sono. Abri os olhos e lá estava ela, Marília, em pé na minha frente, toda sorridente, com uma pequena caixa nas mãos e um buquê de rosas azuis na outra. O meu coração deu um salto — ela é linda pra caralho, com o seu cabelo em um coque improvisado e vestida em uma roupa que cobre todo o seu corpo, já que ela chegou somente hoje da viagem de ontem pra hoje. O brilho dos olhos dela me faz esquecer de tudo.
Buquê.
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Cesta Romântica.
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Feliz nossos três meses, meu amor! — finjam que é essa frase que está no balão.
— Bom dia, vida — ela disse, vindo até mim e se sentando na cama, deixando a caixa ali e me entregando o buquê. As rosas eram perfeitas, azuis como o céu que eu via nos olhos dela. — Feliz nossos três meses, meu amor — ela me abraçou, e eu retribuí na hora, sentindo o calor do corpo dela contra o meu, o seu cheiro doce me envolvendo como um vício.
— Eu também te amo, meu amor — respondi, beijando a curvatura do pescoço dela, sentindo o arrepio que corria pela pele dela. — Bom dia, minha loira — dei um selinho nos lábios dela, prolongando um pouco mais, só pra sentir o gosto dela. — Obrigado pela surpresa, minha vida.
— Não precisa agradecer, amor — ela disse, saindo do abraço, mas ainda com aquele sorriso que iluminava o quarto.
— Óbvio que precisa, amor, feliz nossos três meses — falei, vendo ela sorrir mais. — Amo você.
— Também amo você, amor. Vai lá escovar os dentes, vida, aí cê volta pra gente tomar café da manhã juntos. — ela diz sorrindo.
— Você tá querendo dizer que eu tô com bafo, senhorita Mendonça? — provoquei, rindo enquanto me levantava e ia até ela, segurando o maxilar dela e dando um selinho demorado, sentindo os lábios macios e carnudos dela contra os meus. — Eu te amo.
— Eu também amo você, vai lá amor — ela disse, rindo, me empurrando de leve.
Me levantei da cama e fui pro banheiro, levantando a tampa do vaso e mirando pra dentro, mijando com aquela sensação de alívio matinal. Dou descarga e comecei a higiene, escovando os meus dentes, lavando o rosto. Marília apareceu na porta, sorrindo, mas com uma cara de quem tava apertada. Ela levantou a tampa do sanitário e se sentou, fazendo xixi. Nem era muito, mas pela expressão dela quando entrou, parecia que ia fazer na roupa. Ela deu descarga, lavou as mãos e saiu, e eu terminei rápido, saindo atrás dela até a cama.
Tomamos o café da manhã — pães, frutas, suco, tudo servido na cama pela cesta que ela tinha me dado — e nos jogamos ali, curtindo um ao outro. Eu a puxava pro meu colo de vez em quando, beijando o ombro dela, sentindo o cheiro do cabelo.
— Amor, que tal a gente sair à noite pra comemorar esses três meses? — propus, entre uma mordida no pão e um selinho nela. — Um jantar, talvez um show... só nós dois.
— Adorei a ideia, vida — ela respondeu, sorrindo, aninhada no meu peito. — Pode ser algo romântico, né? Tô precisando de uma noite assim com você.
— Romântico é pouco pra você, loira — provoquei, deslizando minha mão pela coxa dela por baixo do lençol, sentindo a pele dela arrepiar. — Vou te mimar tanto que você vai esquecer o cansaço da viagem. — Ela riu, dando um tapinha na minha mão.
— Para com essas mãos bobas, amor! — Mas não tirou, só se aconchegou mais.
De vez em quando, eu apertava de leve, provocando, e uma hora, a minha mão subiu pro seio dela, apertando suavemente.
— Ai, amor! — ela reclamou, se contorcendo um pouco, o rosto franzido. — Os meus seios estão bem doloridos. Vai com calma.
— Desculpa, amor — falei, parando na hora, mas estranhando. — Doloridos? E você tá com cólica no pé da barriga também? — perguntei, vendo ela assentir, massageando a barriga de leve.
Eu tenho um app no celular que marca as datas da menstruação dela — a gente combinou isso pra eu poder ajudar ela quando ela tiver nessa fase. Peguei o meu celular na mesinha e abri o app.
— Amor, olha só... a sua menstruação tá atrasada. Tipo, três meses e quatorze dias — falei, mostrando a tela pra ela, o coração acelerando um pouco com a uma possível possibilidade.
Ela olhou, os olhos se arregalando, mas depois franzindo como se já soubesse.
— Eu sei, Murilo. Tá atrasada, sim. — ela confirma.
— Sabe? — repeti, sentando-me melhor na cama, o clima mudando. — E não me falou nada? Amor, isso pode ser sério. A gente tem que ver um médico, fazer um teste ou algo assim.
— Eu sei lidar com meu corpo, Murilo! — ela retrucou, o tom subindo, se afastando um pouco. — Tô cansada da viagem, estressada com os shows. Pode ser só isso. Não precisa surtar.
— Surtar? Três meses, Marília! — falei, a voz mais alta do que eu queria, o peito apertando com preocupação. — A gente é um casal, amor. Tem que dividir essas coisas. E se for algo mais sério? E se você estiver... grávida? — Ela bufou, os olhos marejando.
— Eu não tô grávida! E se eu estiver, qual seria o problema? Você tá me pressionando como se eu tivesse feito algo errado! — Ela se levantou da cama. — Eu tô cansada, Murilo. Da viagem, de tudo. Vou pro meu quarto dormir.
— Amor, espera... — tentei, mas ela já tava saindo, chorando baixinho com a porta batendo de leve atrás dela.
Fiquei ali, na cama, o café esfriando, o peito pesado com a primeira briga de verdade. Caralho, como a gente chegou nisso? Eu só queria cuidar dela. .