Desde cedo, a vida os marcou com a dor da perda. O pai de Marília e a mãe de Murilo faleceram quando eles ainda eram crianças, deixando em cada um um vazio que parecia impossível de preencher. O destino, porém, traçou outro caminho: a mãe de Marília...
Acordei com o Léo às quatro da manhã, coitado, contorcendo o corpinho de cólica. Chorei junto, de cansaço e de dó, enquanto ele berrava como se o mundo doesse. O Murilo levantou na hora, esquentou a bolsa de água quente, fez massagem na barriguinha, cantou baixinho, mas o Léo só queria o peito.
Mamou, arrotou, chorou de novo, mamou mais. Foram horas assim, até o remédio da pediatra fazer efeito lá pelas sete. Eu agradeço a Deus pelo Murilo: ele faz tudo que pode, troca fralda, balança, esquenta leite, mas amamentar é comigo.
E hoje, justo hoje, o Léo completa um mês e eu completo dez meses de namoro com o amor da minha vida. Prometi a ele uma noite só nossa, sem fralda, sem mamadeira, sem choro. Mas o Léo parece que sentiu o cheiro da escapadinha e resolveu dar um show de cólica.
Agora são quase dez da manhã e eu tô na sala, sentada no sofá, com o Léo deitadinho sobre o meu peito, finalmente relaxado. O corpinho dele tá quente, mole, como se tivesse derretido de alívio.
Uma mãozinha fechada debaixo do rostinho, entre os meus seios, a outra descansando no meu peito. Ele usa um macacãozinho azul-claro com nuvenzinhas, o cabelo pretinho todo bagunçadinho, e a respiração tão calma que dá pra sentir o coraçãozinho batendo contra o meu. É o lugar mais seguro do mundo pra ele - e pra mim também.
Look do Léo. - E a posição que ele tá também, no peito da Marília.
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A porta da sala se abre devagarinho e entra o Murilo com um buquê ENORME de rosas brancas, redondo, perfeito, com uma fita preta e um "M" de pedrinhas pretas brilhantes no centro. Fiquei sem ar.
Buquê.
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— Meu Deus, amor... — sussurro, os olhos marejados.
Ele se aproxima, se abaixa e me beija. Um beijo demorado, cheio de tudo que a gente não consegue dizer com palavras. O Léo resmunga baixinho, como se reclamasse da interrupção, e a gente ri, encostando testa com testa.