Desde cedo, a vida os marcou com a dor da perda. O pai de Marília e a mãe de Murilo faleceram quando eles ainda eram crianças, deixando em cada um um vazio que parecia impossível de preencher. O destino, porém, traçou outro caminho: a mãe de Marília...
O almoço no restaurante da Ruth foi daqueles momentos que parecem simples, mas ficam na memória. A comida tava uma delícia - o frango com quiabo da Marília e meu bife à parmegiana tavam no ponto, e a gente passou o tempo todo conversando, rindo, planejando o post pro Instagram.
Marília tava mais leve, o mau humor dando uma trégua, e cada vez que ela sorria, eu sentia aquele calor no peito, sabendo que ela e nosso bebê eram tudo pra mim. Quando terminamos, pedi a conta, paguei, e levei ela pro carro, abrindo a porta como sempre faço.
— Minha rainha, entra aí — falei, com um sorriso, segurando a porta enquanto ela se ajeitava no banco, a barriguinha aparecendo sob a sua roupa.
— Sempre cavalheiro, né, amor? — ela retrucou, rindo, enquanto eu fechava a porta e dava a volta pra entrar no lado do motorista.
Liguei o carro, e a volta pra casa foi tranquila, com a mão dela na minha coxa e uma música sertaneja rolando baixo no som.
Chegando em casa, subimos direto pro quarto da Marília. Ela foi pro banheiro, e eu, sem perder a chance, fui atrás, encostando na porta enquanto ela começava a tirar a roupa, a rasteirinha já jogada num canto. Não consegui tirar os olhos dela - a barriga crescendo, a curva suave que era nosso bebê se formando. Ela percebeu meu olhar e riu, balançando a cabeça.
— O que foi, Murilo? Tá hipnotizado? — perguntou, tirando o colar e os brincos, ficando só de calcinha.
— Tô, sim — admiti, me aproximando e tocando a barriga dela com as duas mãos, sentindo a pele quente. — Olha essa barriguinha, amor. Tá ficando mais linda a cada dia. Nosso Léo ou a nossa Marcela tá crescendo forte. — Ela sorriu, cobrindo minhas mãos com as dela.
— Tá mesmo, né? Às vezes me assusto, mas amo ver ela crescendo. Só as roupas que tão me traindo — disse, com um suspiro, mas o tom mais leve que o normal.
— As roupas podem trair, mas você tá um espetáculo — falei, beijando a testa dela. — E as fotos de hoje? Tô louco pra ver como ficaram. Acha que a Lívia caprichou?
— Caprichou, com certeza — ela respondeu, entrando no box e abrindo o chuveiro. — Tô pensando na legenda pro Instagram. Algo tipo... "Nosso maior hit tá a caminho"? O que acha?
— Brega, mas perfeito — ri, sentando na tampa do vaso sanitário, ainda admirando ela enquanto a água começava a cair. — A gente pode postar a foto que o sol bate do jeito certo, iluminando as suas mãos sobre o meu ombro, com o anel brilhando e o parzinho de sapatinhos brancos apoiado ali, de um lado. As imagens do ultrassom descendo, uma depois da outra. Também postar aquela que a luz do sol bate de leve nela, destacando o tom dourado do seu cabelo e o vestido justo, que abraça a sua barriguinha. Minha mão apoiada ali, protegendo ele, como se fosse instinto e é. Aquelas tava muito nós.
— Gostei dessas — ela disse, passando o sabonete pelo corpo. — E o chá revelação? As gêmeas vão querer transformar num festival, mas quero algo simples, Murilo. Tipo, balões, um bolo, nossos amigos e família. Talvez no quintal de casa mesmo ou na chácara.
— Tô dentro, loira — falei, imaginando a cena. — A gente faz do nosso jeito. Mas já sei que a Maiara vai tentar convencer a gente a soltar fogos de artifício.
Ela riu alto, a água escorrendo pelo cabelo loiro. Então, olhou pra mim, franzindo a testa.
— Murilo, por que tu tá aí sentado, todo vestido? Vem tomar banho comigo, vai — chamou, com aquele tom provocador que me fazia perder o juízo.
— Tava esperando o convite, amor — respondi, sorrindo de orelha a orelha enquanto tirava a camisa, a calça e a cueca em tempo recorde. Entrei no box, e o banho virou aquele momento nosso, com risadas, toques, e beijos que esquentavam mais que a água. — Você me deixa louco, sabia? - murmurei, puxando ela pra mim, as mãos na cintura dela.
— Boa, porque você também me deixa — ela retrucou, beijando meu pescoço antes de a gente se perder um no outro por um tempo.
Saímos do banho enrolados em toalhas, rindo como dois adolescentes. Marília vestiu uma camisola leve, e eu joguei um short de tecido, deitando na cama dela com ela se aninhando no meu peito.
Marílinha
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Murilin
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Mal tínhamos nos ajeitado quando o celular dela vibrou com uma notificação. Ela pegou rapidinho, os olhos brilhando ao abrir o e-mail.
— Amor, as fotos! — exclamou, abrindo o anexo da Lívia. A tela se encheu com as imagens: nós dois de mãos dadas, eu beijando a barriga dela, ela segurando o teste de gravidez com um sorriso tímido. — Meu Deus, Murilo, ficaram perfeitas!
— Caramba, loira, olha a gente — falei, passando as fotos com ela, o coração disparado. — Essa aqui, com você olhando pra ultrassom e eu te abraçando, é a cara do post. O que acha?
— Perfeita - ela concordou, inclinando-se pra me beijar. — Vamos escolher direitinho e postar amanhã, tá? Quero que seja especial.
— Combinado — murmurei, puxando ela pra mais perto, a mão na barriga dela. — Nosso bebê vai quebrar a internet, amor.
Ela riu, aninhando-se mais, e ficamos ali, olhando as fotos, sonhando com o futuro, com o chá revelação, e com tudo que nosso Léo ou Marcela traria pra nossas vidas.