•|𝙲𝚑𝚊𝚙𝚝𝚎𝚛 𝙴𝚒𝚐𝚑𝚝𝚢-𝙾𝚗𝚎|•

26 5 4
                                        

📍 Brasil - Goiânia - Go

VINTE E DOIS DE JULHO.
QUARTA - FEIRA.

>>> Marília Mendonça.

22:37

Já passa das dez quando percebi que o Léo já está ficando inquieto. Os olhos dele piscavam pesado, mas o sono não vinha. O barulho de risadas na varanda, as vozes misturadas de todo mundo se despedindo... parecia demais pro meu pequeno.

— Amor, acho que ele tá cansado. — falei, embalando o Léo no colo.
Murilo assentiu, ainda rindo de uma piada do Henrique Bahia.

— Vamos subir, então. Já deu por hoje, né? — ele diz e minha mãe me abraçou antes de eu ir.

— Vai descansar, filha. Foi um dia lindo. — disse, ajeitando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

— Foi sim, mãe. Obrigada por tudo. — sorri, sentindo aquele calor bom no peito.

Um por um, os amigos foram se despedindo com abraços e beijos demorados. João Gustavo fez graça, dizendo que ia “roubar o bolo pra viagem”. Maiara e Maraísa ainda cantaram um pedacinho de “Ciumeira”, só pra me fazer rir. E riram todos.

Henrique Bahia beijou o Léo na testa.

— Dorme, afilhado. Amanhã tem mais bagunça.

— Nem fala — Murilo respondeu, dando risada. — Amanhã ele acorda querendo dominar a casa.

Quando o último “boa noite” ecoou pelo corredor, a chácara ficou em silêncio. Só o som dos grilos e o vento passando pelas janelas. Aquele tipo de paz que a gente quase esquece que existe.

Subimos devagar. Murilo segurava minha mão, e eu tinha o Léo nos braços, encostado em mim, já meio entregue ao sono.

No quarto, o Murilo abriu a porta devagar pra não acordar o pequeno. O abajur lançava uma luz amarelada e suave pelo ambiente, e aquilo me deu uma sensação de lar que eu não sei descrever.

— Vamos dar um banho rápido nele, amor. — murmurei. — Assim ele relaxa.

Murilo assentiu e foi preparando a água morna. Colocamos o Léo ali, e o cheirinho do sabonete de bebê tomou conta do ar. Ele resmungava baixinho, mas logo foi sorrindo, brincando com a água.

— Olha esse sorriso... — Murilo disse, rindo. — Parece contigo quando tá feliz.

— É, só que o meu vem depois do café. — brinquei, e ele deu uma risada baixa.

Foi um daqueles momentos simples, mas perfeitos. Nós dois ali, dividindo o cuidado, o riso, o amor. O tipo de cena que nunca cabe em foto nenhuma.

Depois do banho, o Léo ficou enroladinho na toalha, cheirando a sabonete e leite. Murilo ajudou a colocar a fraldinha e o pijaminha. Eu me sentei na poltrona e o amamentei. Ele pegou o peito rápido, sugando devagar, com os olhinhos fechando aos poucos.

Murilo ficou de pé, encostado na parede, observando. Havia algo no olhar dele que sempre me desmontava — uma mistura de admiração e ternura.

— Você fica linda assim. — ele disse baixinho, quase num sussurro. — É o tipo de beleza que não tem palco que segure. — Olhei pra ele e sorri.

— Você fala isso porque é o pai.

— Falo isso porque é verdade. — respondeu.

O Léo acabou pegando no sono. Coloquei a chupetinha na boquinha dele e fiquei alguns segundos só olhando aquele rostinho tranquilo. Aquele era o meu maior presente.

𝐎 𝐍𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐃𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐨! - 𝑀𝓊𝓇𝒾𝓁𝒾𝒶Onde histórias criam vida. Descubra agora