Desde cedo, a vida os marcou com a dor da perda. O pai de Marília e a mãe de Murilo faleceram quando eles ainda eram crianças, deixando em cada um um vazio que parecia impossível de preencher. O destino, porém, traçou outro caminho: a mãe de Marília...
O dia tá agitado, com o cheiro do churrasco já tomando conta da casa e a energia do almoço com os amigos me deixando meio ansiosa, meio empolgada.
Depois de passar a manhã ajudando na cozinha e reclamando das minhas roupas que não estão mais me servindo, eu e Murilo subimos pros nossos quartos pra tomar banho e nos arrumar.
O cansaço da gravidez ainda batia, misturado com aquele mau humor que vinha e ia, mas saber que íamos contar pros amigos sobre o bebê me dava um gás. No banheiro, a água quente aliviou um pouco a minha tensão, mas quando saí, enrolada na toalha, comecei a minha batalha com o closet.
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12:38
— Meu Deus, Murilo, nada fica bom! — reclamei, jogando mais um vestido na cama. Já era o terceiro que eu experimentava, e todos apertavam nos meus seios, que tavam doloridos e maiores por causa da gravidez. — Olha isso, tá parecendo que eu vou explodir aqui! — disse, apontando pro decote de um vestido azul que mal fechava.
Murilo, que já está pronto, encostado na porta do meu quarto com uma camisa social branca e uma calça jeans, branca. Ele riu baixo, aquele sorriso torto que me desarma.
Murilinho.
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— Amor, você tá linda com qualquer coisa — disse, vindo até mim e me abraçando por trás, as mãos na minha cintura. — Esses seios tão te traindo, mas, caramba, você tá mais gostosa que nunca. Relaxa, escolhe algo confortável que você brilha de qualquer jeito.
Eu revirei os olhos, mas não consegui segurar o meu sorriso.
— Fala isso porque não é você tentando encaixar esses peitos num vestido — resmunguei, mas o elogio dele me fez me sentir um pouco melhor. Peguei um vestido branco leve, de alcinhas, que parecia mais solto. Coloquei ele com cuidado, e, ufa, finalmente um que não me fazia me sentir sufocada. — Esse ficou bom — murmurei, me olhando no espelho, a barriguinha aparecendo sutilmente sob o tecido.
— Boa escolha, loira — Murilo disse, me girando pra ele e beijando minha testa. — Tá um arraso. — ele deixa um selinho nos meus lábios. — Eu te amo. Termina de se arrumar que os nossos amigos 'tão já chegando.
Sentei na penteadeira, passei antitranspirante, hidratante e um óleo corporal que deixava a pele brilhando. Fiz uma maquiagem leve — base, rímel, um gloss rosado —, e arrumei o cabelo loiro, que já mostrava a raiz castanha crescendo.
— Preciso retocar isso qualquer dia — murmurei, ajeitando as ondas soltas.
Calcei uma rasteirinha branca, coloquei brincos pequenos de pérola, um colar delicado e borrifei meu perfume favorito. Pronta, segurei a mão do Murilo, entrelaçando os nossos dedos e nós descemos pra sala, o meu coração acelerado com a expectativa de contar a novidade.