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📍 Brasil - Goiânia - Go

DEZESSEIS DE DEZEMBRO.
TERÇA - FEIRA.

>>> Murilo Huff.

05:04

O carro voava pela estrada, e eu segurava a mão da Marília com força, sentindo ela apertar de volta enquanto tentava respirar entre as contrações que vinham uma atrás da outra, cada uma mais forte que a anterior. A dor tava estampada no rosto dela, e eu me sentia impotente, querendo tirar todo aquele sofrimento dela. O hospital não era tão longe, mas cada minuto parecia uma eternidade. Eu via ela segurando a barriga, e quando ela disse que sentiu o Léo se mexer de novo, depois do susto de não senti-lo mais cedo, um peso saiu do meu peito.

— Amor, respira fundo, tá? A gente tá quase chegando — falei, tentando manter a voz firme, mesmo com o nervosismo me comendo por dentro.

Uma mão no volante, a outra na dela, apertando de leve pra mostrar que eu tava ali.

— Tô tentando, amor, mas tá doendo muito — ela respondeu, com a voz entrecortada, fazendo uma careta que me cortou o coração enquanto outra contração a dobrava.

— Eu sei, loira, eu sei. Você é forte, você vai tirar isso de letra. O Léo tá quase aqui, e a gente vai conhecer o nosso menino — falei, olhando pra ela rapidinho antes de voltar os olhos pra estrada, pisando fundo.

Chegamos ao hospital, e eu estacionei na entrada da emergência como se minha vida dependesse disso. Pulei do carro, corri pra abrir a porta da Marília e a ajudei a sair, segurando ela com todo cuidado, como se ela fosse de vidro. Peguei as malas maternidade no porta-malas e gritei por uma enfermeira, que já veio com uma cadeira de rodas.

— Ela tá em trabalho de parto, a bolsa estourou, e as contrações tão muito próximas — expliquei, rápido, enquanto a enfermeira ajudava a Marília a sentar.

— Tá bom, querida, respira fundo. Vamos te levar pra triagem agora — a enfermeira disse, com um tom calmo que contrastava com o desespero que eu via nos olhos da Marília.

Enquanto a levavam pelo corredor, eu segurava a mão dela, sem soltar por nada. Eu queria resolver tudo, tirar a dor dela, mas só podia estar ali, do lado dela, tentando passar um pouco de força. Na sala de triagem, a médica da Marília chegou rápido, fez algumas perguntas e checou a dilatação da Marília.

— Marília, você tá com sete centímetros de dilatação. Tá progredindo rápido. Vamos te levar pra sala de parto agora — a médica disse, com um sorriso que tentava acalmar. — O papai vem com você?

— Claro que sim — respondi na hora, antes que a Marília pudesse falar, apertando a mão dela. — Tô com ela até o fim.

Ela assentiu, gemendo com outra contração, e a equipe a levou pra sala de parto. Eu fiquei do lado dela, segurando a mão dela, acariciando o cabelo enquanto ela tentava respirar como aprendeu nos vídeos e livros que ela vivia estudando. A dor tava acabando com ela, e eu me sentia um inútil, mas cada vez que ela olhava pra mim, eu sabia que minha presença faz toda diferença.

— Você tá indo bem, amor. O Léo tá quase aqui. Tô tão orgulhoso de você — falei, com os olhos ardendo, meio de emoção, meio de ansiedade.

— Murilo, eu tô com medo — ela confessou, com a voz tremendo, enquanto a médica pedia pra ela fazer força.

— Eu sei, amor, mas você é a mulher mais forte que eu conheço. A gente vai conhecer o nosso leãozinho, e eu tô aqui com você, tá? — respondi, beijando a testa dela, tentando segurar minhas próprias lágrimas.

A médica e as enfermeiras tavam guiando ela, dizendo quando fazer força e quando respirar. A Marília seguia as instruções, mesmo com o corpo parecendo que ia se partir. Eu fiquei ali, segurando a mão dela, falando qualquer coisa pra distrair, pra dar força.

— Lembra quando a gente escolheu o nome dele? Você disse que queria um nome forte, de leão. Olha só, nosso Léo tá chegando, amor — falei, com a voz embargada, tentando manter ela focada.

Depois de algumas forças que pareceram uma eternidade, a médica sorriu e disse:

— Marília, tá na hora! Mais uma força, bem forte, que ele tá vindo!

A Marília fez força com tudo que tinha, e eu vi o rosto dela se contorcer de dor e determinação. Então, ouvimos o choro.

Um choro forte, alto, que encheu a sala e o meu coração. O Léo tinha chegado. A médica o levantou, ainda sujinho, e o colocou no peito da Marília. Eu vi ela chorar na hora, olhando pra aquele rostinho perfeito, com os olhinhos apertados e a boquinha chorando.

— Meu leãozinho... você tá aqui — ela sussurrou, emocionada, acariciando a cabecinha dele.

Eu tava chorando também, sem nem tentar disfarçar. Meu peito tava explodindo de amor, de alívio, de tudo. Me abaixei, beijei a testa da Marília e depois a cabeça do Léo, com tanto cuidado que parecia que ele era de cristal.

— Ele é perfeito, amor. Igualzinho você — falei, com a voz embargada, enquanto acariciava o rostinho do nosso menino.

— Igual a gente, né? — ela respondeu, rindo entre as lágrimas, segurando ele com tanto amor que eu podia sentir de longe.

A equipe médica terminou os procedimentos, limpando o Léo e ajudando a Marília a se ajeitar.

....

07:16

Depois de um tempo, nos levaram pra um quarto, onde ela podia descansar com o Léo no colo e eu do lado. Eu não conseguia parar de olhar pro nosso filho, com aquele brilho nos olhos que parecia que ia transbordar. Ele era tão pequeno, tão perfeito, com a pele macia e um cheirinho que eu nunca vou esquecer.

— Tô tão feliz, loira. Você foi incrível. Ele é tudo que a gente sonhou — falei, segurando a mão dela e beijando os dedos, sem tirar os olhos do Léo.

— A gente conseguiu, amor. Nosso Léo tá aqui — ela respondeu, se aninhando no meu ombro enquanto o Léo dormia tranquilo no colo dela.

A enfermeira trouxe a certidão de nascimento pra gente preencher, e a gente escolheu o nome completo: Léo Mendonça Huff. Léo porque é um nome lindo, curto e muito forte, como um leão, Mendonça, é o sobrenome da Marília e Huff, é o meu único sobrenome.

Enquanto eu preenchia os papéis, a Marília olhava pro Léo, sentindo ele respirar contra o peito dela, e eu via nos olhos dela o mesmo amor que eu tava sentindo ou talvez até um amor maior.

— Amor, liga pro pessoal. Eles precisam saber que o Léo chegou — ela disse, sorrindo, enquanto acariciava a mãozinha dele.

— Já vou mandar mensagem pro grupo, mas deixa eu curtir o meu menino um pouco mais — respondi, rindo, enquanto eu me inclinava pra beijar a testa do Léo de novo.

Ela riu, com aquele sorriso que ilumina tudo, e eu senti o coração tão cheio que parecia que ia explodir. O Léo tava aqui, nos braços da Marília, e eu do lado deles. Não tinha nada no mundo que eu quisesse mais.

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Palavras: 1.175

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Maratona: 3/?

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Continua....

𝐎 𝐍𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐃𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐨! - 𝑀𝓊𝓇𝒾𝓁𝒾𝒶Onde histórias criam vida. Descubra agora