•|𝙲𝚑𝚊𝚙𝚝𝚎𝚛 𝚂𝚒𝚡𝚝𝚢|•

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📍 Brasil - Goiânia - Go

DEZESSETE DE DEZEMBRO.
QUARTA - FEIRA.

>>> Murilo Huff.

06:23

Essa madrugada foi uma tremenda montanha-russa de emoções, um misto de cansaço absoluto e uma felicidade tão grande que parecia que meu peito ia explodir.

A noite foi puxada, com o Léo acordando três vezes pra mamar, e a Marília, mesmo com olheiras fundas e o corpo claramente pedindo trégua, se entregava de corpo e alma pro nosso leãozinho.

Eu olhava pra ela, vendo nela aquele instinto de mãe que parecia tão natural, e sentia um orgulho enorme dela que não cabe dentro de mim. Mas também via o quanto ela tava exausta, quase se arrastando, e meu coração apertava de vontade de carregar um pouco daquele peso por ela.

Escuto o Léo com aquele chorinho dengoso que já tinha virado a trilha sonora da nossa nova vida. Pulei da poltrona desconfortável onde passei a noite, tentando não fazer barulho pra não acordar a Marília, que tava desmaiada de sono na cama do hospital.

Peguei o Léo no bercinho, sentindo o peso leve e quente dele nos meus braços, e uma onda de amor me acertou em cheio. Era como se o mundo inteiro se resumisse àquele pacotinho de vida, com a pele macia e aquele cheirinho de bebê que eu não sabia que podia ser tão viciante.

— E aí, meu leãozinho, acordou cedo pra zoar o papai, é? — sussurrei, rindo baixo, enquanto ele me olhava com aqueles olhinhos meio apertados, como se estivesse tentando decifrar quem era esse cara falando com ele. — Vamos deixar a mamãe descansar um pouquinho? Você deu um trabalhão essa noite, hein?

Ele fez um barulhinho, meio grunhido, meio suspiro, e eu senti um calor no peito, rindo enquanto dava um cheirinho na cabecinha dele, coberta por um tufo de cabelo fininho.

Fiquei andando pelo quarto, balançando ele de leve, falando sobre qualquer coisa que vinha na cabeça — o céu lá fora, a chácara onde ele ia crescer, até as músicas que eu queria ensinar pra ele.

Era só pra manter ele calminho, mas, na verdade, eu tava me apaixonando cada vez mais por aquele pedaço de nós dois.

....

06:45

Não sei quanto tempo passou, mas a porta abriu, e a médica da Marília entrou, com um sorriso gentil que parecia iluminar o quarto ainda meio escuro.

— Bom dia, Murilo. Como tá o Léo? E a Marília? — ela perguntou, se aproximando pra checar o bercinho com um olhar atento.

— Bom dia, doutora. O Léo tá cheio de energia, acordou três vezes de madrugada pra mamar. A Marília tá exausta, coitada, mas tá tudo bem. Só quero deixar ela descansar um pouco agora — respondi, sentindo um nó na garganta enquanto olhava pra Marília dormindo, com o rosto sereno apesar do cansaço.

— Entendi. Ele tá se alimentando bem, isso é ótimo. A Marília tá fazendo um trabalho incrível. Vou pedir pras enfermeiras virem ajudar com o banho dele, já que você quer deixar ela dormir mais um pouco. E vou te passar algumas instruções pra facilitar as coisas — a médica disse, com uma calma que me tranquilizava, enquanto anotava algo no prontuário.

Ela me deu várias dicas: como segurar o Léo pro banho, como perceber os sinais de fome dele, e como apoiar a Marília na amamentação, que tava sendo tão desafiadora pra ela. Eu tentava absorver tudo, mas, pra ser honesto, minha cabeça tava meio zonza, dividida entre a emoção de ser pai e a preocupação com a Marília.

𝐎 𝐍𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐃𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐨! - 𝑀𝓊𝓇𝒾𝓁𝒾𝒶Onde histórias criam vida. Descubra agora