📍 Brasil - Goiânia - Go.
DEZESSEIS DE JUNHO.
SEGUNDA - FEIRA.
>>> Marília Mendonça.
06:26
Entrei no meu quarto com o peito apertado, as lágrimas ainda escorrendo enquanto fechava a porta atrás de mim. A briga com Murilo, a primeira de verdade, parecia um peso que eu não conseguia tirar. Eu não queria ter reagido assim, mas o cansaço da viagem, a pressão da carreira e agora essa dúvida sobre a minha menstruação atrasada... tudo parecia demais.
Fui direto pro banheiro, deixando a água quente do chuveiro lavar as lágrimas e o nó que se formava na minha garganta. A água escorria pelo meu corpo, mas não levava a confusão que eu sentia. Saí do banho, vesti um pijama de cetim azul que escorregava pela pele, tentando me agarrar a algum conforto, e me joguei na cama, querendo só apagar por um tempo.
Não demorou muito e ouvi batidas leves na porta. Minha mãe, entrou, o rosto marcado por preocupação.
— Marília, o que aconteceu? — perguntou, sentando na beira da cama, os olhos fixos nas minhas bochechas molhadas. — Por que você tá chorando, filha? — Eu limpei o meu rosto, tentando forçar um sorriso.
— Não é nada, mãe. Só... cansaço da viagem, sabe? — respondi, desviando o olhar, mexendo na ponta do lençol.
— Não vem com essa, Marília. Você brigou com o Murilo, não foi? — Ela cruzou os braços, o tom meio acusador, meio maternal. — Eu sabia que essa história de vocês ia dar problema. Vocês são novos, a carreira de vocês tá começando, e agora....
— Mãe, para — interrompi, a voz mais firme do que eu sentia. — Não é da sua conta o que acontece entre mim e o Murilo. A gente vai resolver isso. Não precisa se meter. — Suspirei, tentando suavizar. — O Dagmar tá em casa?
— Não, ele saiu pra resolver umas coisas — ela respondeu, ainda me encarando, como se tentasse ler meus pensamentos. — Por quê? — Eu hesitei, o coração acelerando.
Não queria falar sobre isso, mas eu preciso saber.
— Mãe, pede pra Mazé comprar um teste de gravidez pra mim? — Minha voz saiu baixa, quase um sussurro, mas firme o suficiente pra não deixar margem pra recuo.
Os olhos dela se arregalaram, o choque estampado no rosto.
— Marília, você tá grávida? — perguntou, a voz subindo uma oitava, cheia de preocupação.
— Não, mãe! — retruquei, sentindo o rosto esquentar. — Só quero fazer por desencargo de consciência. Minha menstruação tá atrasada, mas deve ser estresse, viagem, sei lá. Só... faz isso, por favor.
Ela hesitou, mas assentiu, saindo do quarto com uma expressão que misturava medo e desaprovação. Fiquei ali, deitada, o cansaço me puxando pros cochilos enquanto esperava. Mazé, que praticamente nos criou — eu, Murilo, quando ele veio morar com a gente, e João Gustavo —, sempre resolvia tudo. Não demorou muito, e minha mãe voltou com uma sacolinha de farmácia.
Peguei o teste, o coração batendo forte, e fui pro banheiro. Fiz o procedimento, deixando o teste na pia, sem coragem de olhar o resultado. No fundo, eu sei que vai dar negativo. É apenas estresse, certo? Saí do banheiro e voltei pra cama, os olhos pesados, o sono me puxando de novo.
.....
09:22
Não sei quanto tempo passou, mas ouvi a porta abrir suavemente. Murilo entrou, o rosto suavizado, mas com um traço de culpa que me fez querer abraçá-lo.
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𝐎 𝐍𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐃𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐨! - 𝑀𝓊𝓇𝒾𝓁𝒾𝒶
FanficDesde cedo, a vida os marcou com a dor da perda. O pai de Marília e a mãe de Murilo faleceram quando eles ainda eram crianças, deixando em cada um um vazio que parecia impossível de preencher. O destino, porém, traçou outro caminho: a mãe de Marília...
