As minhas mãos tremiam assim que eu abri aquela porta à minha frente, eu já não vinha a minha casa há quase vinte anos. Os meus pais morreram dois anos depois que vim morar com eles e deixei para trás as duas únicas coisinhas que ainda me faziam viver.
Suspirei.
Entrei e assim que entrei naquela casa deixei escapar uma lágrima. Fechei a porta atrás de mim e pousei as minhas malas em cima do sofá e sorri ao ver uma foto dos meus pais na pequena mesa de centro. Peguei nela e sorri olhando para eles sorridentes naquela fotografia.
Olhei tudo à minha volta e notei que tudo estava tal e qual como eu havia deixado antes de partir e viajar pelo mundo por causa dos desfiles do Pascoal.
Subi as escadas e segui até ao meu antigo quarto e sorri ao ver tudo nos seus respetivos sítios. Sentei-me na beira da minha cama e olhei para todo o meu quarto até os meus olhos se cruzarem com aquela fotografia.
-Meu Deus....-sussurrei.
Com a minha mão trémula peguei na fotografia e lágrimas escorreram no meu rosto. O seu sorriso era lindo. Eu e Enzo sorriamos naquela fotografia nos braços um do outro. Limpei a cara e guardei aquela fotografia na gaveta da mesinha de cabeceira e respirei fundo.
Saí dos meus pensamentos quando ouvi a campainha tocar. Achei aquilo estranho visto que só Pascoal sabe que eu moro aqui, mas mesmo assim desci as escadas e fui abrir a porta. Quando levantei os meus olhos parei assim que vi aquele homem à minha frente.
-Bom dia-ele sorriu-você é a Caroline Gonzalez?
-Ah...Sim sou eu mesma-olhei curiosa para ele-em que posso ajudá-lo?
-Não te lembras de mim?-ele sorriu.
Olhei bem para ele e fiquei uns segundos a tentar perceber quem era ele, mas não cheguei a nenhuma conclusão.
-Desculpe-abanei a cabeça.
-Sou o Duarte, lembras?-ele sorriu ainda mais-o melhor amigo do Enzo.
-Duarte?!-olhei surpresa para ele-oh meu Deus, tu estás....mais homem.
Ambos rimos quando nos abraçamos.
-Há quanto tempo...-falei sorrindo.
-Muitos anos mesmo-ele falou-voltei para a alcateia há dois anos e sei o que....
Ele hesitou olhando para mim e eu soube o que ele estava a pensar.
-E já soube o que se passou-ele coçou a cabeça-o Enzo é o meu melhor amigo, é como um irmão para mim, mas....eu não concordei com nada disto que ele está a fazer.
-É....-respirei fundo.
-Quero que saibas que estarei aqui para tudo o que precisares, estarei ao teu lado para tudo Caroline-ele sorriu colocando a sua mão no meu ombro.
-Obrigada Duarte-sorri-e podes tratar-me por Carol...queres entrar e tomar alguma coisa?
-Bem, na verdade-ele sorriu nervoso-eu vim ter contigo porque eu queria que tu visses uma pessoa.
-Quem?-olhei para ele confusa.
-Dá-me um minuto-ele saiu dali desaparecendo.
Fiquei uns segundos à sua espera e quando ouvi passos levantei a cabeça e vi uma mulher ao seu lado e sorri ao ver que ele tinha alguém na sua vida.
-Bem, esta é a minha mulher-ele sorriu um pouco nervoso enquanto entravamos em minha casa-a Mara.
Eu parei nesse momento, não dei nem mais um passo sequer. Olhei para ambos e, então, olhei nos seus olhos e vi que ela sorriu um pouco. Não podia ser, ela....eu...nós...
-Mara?!-aproximei-me dela-és tu?
-Sou eu mesma Carol-ela sorriu.
Deixei escapar uma lágrima pelo meu rosto e foi quando eu não me aguentei mais. Corri na sua direção e abracei-a. Abracei a minha melhor amiga como já não o fazia há anos.
-Desculpa-chorei enquanto a abraçava-eu estava de cabeça quente e....e eu agora percebo o porquê de não me teres contado.
-Eu é que te peço desculpa Carol-ela abraçou-me forte enquanto chorava também-eu devia de te ter contado o que eu era tal como tu me contaste o que eras.
Olhamos nos olhos uma da outra e sorrimos entre o choro.
-Eu amo-te tanto-ela falou sorrindo.
-Eu também-sorri limpando a cara.
Sorrimos ao ouvir Duarte ajeitar a voz.
-Não te preocupes, eu não roubo a tua mulher-ri da sua cara.
Ficamos os três a conversar o resto da manhã e fiquei a saber que Duarte e Mara se conheceram na universidade e que se casaram ao fim de cinco anos de namoro e que têm três filhos. O mais velho é o Lourenço de 15 anos, o Afonso de 9 anos e a mais nova a Luciana de 3 anos. Fiquei mesmo muito feliz pela minha melhor amiga.
-O que me dizes de irmos almoçar todos juntos?-perguntou Duarte-nós os três e os miúdos?
Ambos olharam para mim à espera da minha resposta e eu sorri. Era bom ter amigos assim, há muito tempo que eu não convivia com pessoas que eu realmente conhecia e não com os meus colegas de trabalho.
-Eu aceito-sorri.
(...)
Eram 13:30 horas da tarde e estávamos os três num restaurante ali próximo com os miúdos e eu sorri assim que os conheci, eles são tão simpáticos e uns amores.
-Tu és muito linda Carol-Afonso, de 9 anos, falou sentando-se ao meu lado.
-Obrigada meu amor-sorri.
-Queres ser minha namorada?!
Todos rimos com as suas palavras e eu não tive como não recusar.
-Eu aceito ser tua namorada-sorri depositando um beijo na sua bochecha.
O almoço foi maravilhoso e na melhor companhia que eu alguma vez poderia ter. Olhei para os miúdos a rir de algo que o pai dissera e eu por momentos lembrei-me das minhas meninas. Suspirei.
-Elas estão bem Carol-levantei a cabeça assim que ouvi a voz da Mara.
-Eu acredito que o Enzo tenha feito um bom trabalho, mas...-olhei nos seus olhos-ele não me deu oportunidade de ser mãe um dia.
Duarte olhou para mim.
-Ele foi um burro por ter afastado uma mulher fantástica como tu-ele sorriu-não sei o que lhe deu para fazer tal coisa.
-Podias....podias tentar descobrir o que lhe fez tomar aquela atitude Duarte?-olhei para ele.
Esta era uma dúvida que eu queria ter uma resposta há muito tempo atrás, mas que a vida nunca me permitiu obtê-la.
-Conta comigo Carol-Duarte assentiu com a cabeça.
♥♥♥
Olá olá pessoas lindas do meu coração. Tudo bem com vocês?! Ainda bem.
Gostaram deste capítulo?
O que acham que vai acontecer a seguir? E o que acham que fez com que Enzo tomasse aquela atitude?
Palpites?! Não?! Então até ao próximo capítulo.
Até lá.
Kiss ♥
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Coração De Lobo
WerewolfCaroline Gonzalez, uma jovem mulher de apenas 20 anos ruiva e de olhos castanhos. Uma mulher cheia de luz, determinada, divertida e sorridente. Ela seria uma ótima Design de Interiores se o destino não desse uma reviravolta de 360 graus e não a fize...