47-Caroline Gonzalez

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Ele não me podia ter feito uma coisa destas, ele não podia. Depois de lhe provar que eu não sou como todas as outras mulheres que ele já andou um dia, depois de todas aquelas noites maravilhosas que passamos juntos, ele simplesmente não podia. Às vezes parece que as pessoas não sabem a força que as palavras têm e os efeitos que elas podem causar numa pessoa.

Depois de sair do restaurante fui direta a casa onde encontrei a minha mãe e Helena na cozinha a almoçarem e eu sorri ao ver a minha mãe rir e gargalhar. Há muito tempo que eu não via o seu sorriso e aquilo para mim era... era maravilhoso.  

Entrei na cozinha e cumprimentei ambas que também me cumprimentaram sorridentes.

-Já almoçaste filha?-a minha mãe perguntou.

-Sim já almocei-sorri-achas que podemos falar?-olhei para ela.

-Claro-ela assentiu sorrindo.

Fomos as duas até ao jardim da parte de trás da casa e sentamo-nos as duas num banco de frente para a piscina.

-Calculo que me chamaste até aqui para saberes de muita coisa, estou certa?-ela sorriu com carinho para mim.

-Estás certa-assenti-porque te foste embora?-olhei nos seus olhos? Porque insinuaste a tua própria morte?

-É muito complicado-ela baixou o olhar.

-Temos tempo-falei.

Ela olhou para mim e suspirou começando a falar:

-Eu era muito nova quando conheci o teu pai e apaixonei-me por ele assim que o vi pela primeira vez, tal como ele, mas...-ela respirou fundo-mas era um amor muito arriscado, porque eu era uma bruxa e ele....ele não-ela olhou para mim.

-Como assim?-olhei confusa para ela-o papá não é como nós?

-Não meu amor-ela sorriu com os olhos marejados.

-Mas eu pensei que...

-Todos pensavam e até eu pensei, mas quando descobri jurei ao papá que não contaria a ninguém do conselho de bruxas, tal como ele me jurou que não contaria nada para os seus amigos e família que eu era uma bruxa, só que...

Ela olhou para mim...

-Só que para conseguirmos oficializar o nosso amor, o nosso casamento, nós teríamos de ter pelo menos vinte anos de casados, é quase como para que garantir que nenhuma das partes traísse a outra, percebes?-ela olhou para mim e eu sorri-e durante todo esse tempo não podíamos constituir família, mas o inevitável aconteceu e eu descobri que estava grávida e, então, tivemos de fugir e tudo deu certo, mas quando completaste seis anos o conselho perseguiu-nos e tivemos de partir, mas desta vez não te poderíamos levar connosco, pois nós não tínhamos completado ainda vinte anos de casamento e nem sequer deveríamos ter tido filhos e se eles te apanhassem, a esta hora poderias já nem estar aqui a falar comigo.

Olhei para a minha mãe e vi que ela chorava, tratei de limpar uma lágrima que caía pelo seu rosto e sorri para ela.

-Eu e o papá estivemos fora todos estes anos até completarmos os vinte anos de casamento e independentemente de termos uma filha ou não o conselho agora já não pode fazer nada. Por isso voltámos e estamos todos juntos agora.

-Como me encontraram? Como sabiam onde eu estava?-olhei para ela.

-Vimos uma notícia na televisão em que mostrava a mulher que conseguira descongelar o coração do futuro Alfa da Alcateia e quando te vimos não tivemos dúvidas.

A minha mãe sorriu com lágrimas nos olhos e eu abracei-a e comecei a chorar por toda aquela história e por ver que os meus pais nunca me abandonaram, eles passaram a vida toda a proteger-me e eu nem desconfiava de nada. Olhei nos seus olhos e ambas sorrimos com a testa colada uma na outra.

Coração De LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora