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Carl

  Elina estava feliz com tudo isso e não poderia negar que também estava por ela, não me importa se namora, só não quero a ver sofrendo de novo, depois da morte de Loren essa casa não foi mais a mesma, aliás, nós três tivemos que superar a perda do nosso pai e depois do nosso padrasto, mas superar a de Loren? Acho que isso será difícil para mim e minha mãe. Vamos ver o que isso vai dar, eu sabia sobre a menina, mas eu não quero que ela ache que deve ser minha amiga por causa da minha irmã, porque eu não vou agir como se ela fosse Loren, porque ela não é.

  Hoje Elina me disse que iria sair com Daniel, eu iria ficar só em casa com a garota, mas logo mais tarde eu iria sair para a festa que teria na casa de Freddie de despedida para entrar em férias, dessa vez eu não iria passar as férias na casa do meu amigo Conan porque ele iria ver a vó dele em São Francisco, eu teria que passar as férias aqui e agora com uma menina.
Falando na mesma, deparei-me com a garota descendo as escadas. Depois de temos falado e ter visto como reagiu a mim sobre o álbum de Loren, senti algo nela, medo talvez. Não me importo, só não quero que invada o que não é dela.

  Subo novamente para o meu quarto e coloco o álbum numa gaveta ao lado da minha cama, eu estou pouco me importando para a festa agora, tiro a roupa toda e coloco uma calça moletom, tranco a minha porta e deito na cama olhando o teto, mais que droga porque a existência dessa garota aqui em casa me incomoda? Não entendo! Até porque Elina me disse sobre ter uma nova companhia e eu não estava nem aí sobre a garota, não iria mudar meu humor ela não é minha nova irmã e nem ocupa o lugar de Loren, mas o que não entendo é o porquê de ela me incomodar.

Não é a miúda, sou eu.

  Sem pensar desconto a raiva na parede em frustração logo acompanhado de um gemido pelo impacto. Pego o álbum que eu tinha guardado no móvel ao lado da minha cama. Loren nunca havia me mostrado esse tal — talvez porque minha irmã também tinha segredos como eu — abro o mesmo e têm uma foto de nós, ambos abraçados, isso foi nas minhas férias de verão do ano retrasado eu iria fazer dezessete anos e ela tinha me levado para a casa da vovó foi nossa penúltima foto juntos depois da foto de sua formatura e também o penúltimo aniversário que ela passou comigo, uma lágrima escorre de meus olhos e eu não quero a deixar cair, assim como minutos antes lá embaixo na presença da menina, olho mais algumas fotos onde Loren estaria comigo e com nossa antiga família. Às lágrimas rolaram meu rosto abaixo e eu odeio quando acontece isso, sempre que eu deito nessa cama e me pego pensando em momentos bons que vivi e que agora eu não era eu, o mesmo de antes, estou com sentimentos diferentes, estou frio, magoado e pouco me importa tudo isso. Coloco o álbum novamente a gaveta e saio do quarto olho para a porta ao lado e está fechada desço as escadas e adentro rapidamente a cozinha.

  Enquanto preparo alguma coisa e penso nos últimos exames que terei que fazer por esse penúltimo ano, ouço a escada ranger, paro de preparar o refogado, mas me lembro que não estou só. Nem mesmo consigo dar risada em pensar que é um fantasma, da minha irmã talvez.
— Carl — olho por cima do meu ombro a menina pequena e retorno a meu afazer, consigo ver pelo vidro do armário escuro como brinca com seus próprios dedos perto do colo — onde posso encontrar uma biblioteca? — não sei se devo responder a essa pergunta, são nove horas da noite e não deveria ter nada aberto, não aqui, mas sem tempo algum de responder some da minha visão, fico um bom tempo encarando o lugar onde estava. Muitos pensamentos rondam minha mente sobre a menina desconhecida, mas os afasto quando ouço o estralar da comida.

  Despejo a comida no prato e deixo o restante na panela, encho um copo de sumo de laranja e subo as escadas, deixo minha comida em cima da cadeira e faço carinho no gato preguiçoso em cima do meu travesseiro. Paro de frente a porta da menina e suspiro antes de bater com os nós dos dedos na madeira. Poucos minutos e ela a abre, vestida num vestido branco com flores também brancas em cores quase cinzas.
  — Biblioteca aqui só tem na minha escola, onde você logo irá estudar, mas essa hora nada é aberto aqui em Doncaster — apenas me dá um breve aceno e volto para meu quarto não vendo mais seu rosto.

  Já passa das onze, Daniel e minha mãe haviam acabado de chegar, eu estava em meu quarto e desde que havia me atrevido a trocar palavras com aquela menina eu não a tinha visto. Ouço um toque do outro lado da porta e logo um 'Angel' é pronunciado bateram novamente e nada e então as batidas cessam e pegadas são ouvidas e então logo um salto, com certeza é minha mãe.
  — Carl? — a voz fina abafada agora abriu a porta leve, coloco meu livro sobre a cama e a olho.
  — Você viu Angel? — por quê? Eu iria ficar vigiando ela?
  — Não. — Sinto como soa seca as minhas palavras. Minha mãe balança a cabeça e sai. Será que a garota foi atrás de uma biblioteca?
Olho para o livro que leio, é um romance, deixo sobre o móvel e viro para o canto na esperança de dormir, logo sinto a névoas me levarem.

  Acordo um pouco atordoado depois de um sonho, não sei qual é a hora, mas ouço um barulho eu não sei distinguir qual, mas vem de alguém. Saio do quarto olhado um pequeno livro no chão da porta de Angel, a porta estava entre aberta, segurando o livro tento ouvir se dali que vem o barulho, está a chorar? Deixo o livro no mesmo lugar e volto ao meu quarto, me aconchego na cama macia e assim que me deito depois de um tempo percebo uma sombra de uma pequena menina passar, por que chorava?

Destinados - Um Começo Para O Fim - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora