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*boa leitura*

Angel

   Agora na minha cama reviro as redes sociais atrás dos assuntos legais das séries que estou assistindo, qualquer coisa para passar tempo e chegar a hora de dormir. Eu poderia ligar para um amigo via facetime o tempo passaria muito mais rápido, seu nome é Lucas ele é mais velho que eu tem seus dezenove anos, nos conhecemos no twitter quando comentamos comentários contrários do que outras pessoas comentavam em uma publicação de um movimento social, um movimento que foi enxergado de modo diferente e que pessoas com mentes abertas saberiam que aquilo não era para se feito. Desde aquele simples comentário ele é a pessoa que mais me entende, já faz duas semanas que ele não conversa comigo e isso me desperta medo, desde que a última vez que sumiu estava no hospital com os pulsos cortados.


  Depois de ler alguns livros online, desligo o notebook e olho o relógio de ponteiro velho na parede, sinto uma pitada do sono me pegar então calço meus chinelos indo em direção ao corredor para a sala trancando a porta. O apartamento que eu e meu pai moramos não é tão grande, assim que você entrar encontrará uma sala com um sofá, duas poltronas e uma tevê, acompanhado de uma cozinha americana, logo à direita da sala existe uma escada que leva obviamente ao andar de cima que tem os quartos, apenas dois o de meu pai e o meu cada um com banheiro e um banheiro ao lado de fora, e apenas isso, nossa casa era pequena, mas bem aconchegante, me trazia boas lembranças da minha infância, cresci aqui vendo todos os dias minha mãe descer essas escadas correndo para o trabalho enquanto papai ficava comigo até minha babá chegar, meus pais eram ocupados, minha mãe trabalhava com pinturas chegava lá para o final da tarde, papai sempre trabalhava demais, só chegava no outro dia, quando fazia hora extra passava praticamente um dia fora. Depois de quatro anos que minha mãe morreu eu fui morar com minha vó na casa de Doncaster e quando completei dez anos voltei a morar com meu pai. Minha avó faleceu logo em seguida, o que levou meu pai a cair numa segunda depressão, ele bebia sempre e quase nunca comia, depois que ele percebeu o que estava se tornando, resolveu lutar contra tudo isso, ainda mais com uma filha de dez anos, então eu me tornei a mulher da casa, aprendi algumas coisas básicas fora o que eu aprendia na internet, pois não tinha uma avaliação feminina. Aos onze anos meu pai ainda procurava emprego já se passara um ano e nada, quase não tínhamos o que comer e nem dinheiro, quando surgiu essa pequena vaga de emprego para meu pai, ele começou no básico se tornando o que é hoje, fiquei basicamente sozinha todo esse tempo, não culpo meu pai até porque só ele mantém essa casa, talvez porque não quer que eu trabalhe, eu já o disse que queria o fazer, mas o mesmo não quer nem saber de mim saindo dessa casa para trabalhar, o emprego dele como o mesmo diz, dá para ambos. A casa da vovó está no meu nome então ela se torna minha, mas só irei assumir quando estiver com meus dezoito anos, por enquanto ela está mofando lá. Desligo as luzes do andar de baixo e subo para meu quarto, ponho a xícara de chá de camomila ao lado da minha cama sobre o móvel e pego meu diário debaixo do travesseiro.

"Querido diário, esses dias não estavam sendo fácil, finalmente estou de férias, não irei mais aguentar os insultos ou até mesmo olhar para aquelas pessoas, sei que isso não irá durar muito, mas passarei uns dias em paz. Hoje meu pai viajou novamente eu espero que ele esteja bem, enquanto a Lucas, ele está sumido a duas semanas, ele nunca faz isso sem me avisar, se estou preocupada? Muito! Lucas sempre esteve ao meu lado eu tenho medo de ele não estar, não quero pensar negativo, todavia eu não sei se posso pensar positivo ultimamente ele está passando coisas ruins, na última vez que falamos ele tinha sido espancado pelo próprio pai, eu tinha visto seu braço todo mutilado ele realmente tinha enfiado na cabeça que a morte de sua mãe era culpa dele, mas não era e ele não queria entender isso, agora fico com medo do que ele poderia ter feito, não consigo pensar positivo. Eu estou com medo muito medo!".

  Sinto agora uma lágrima gélida descer em minha pele, as cortinas balançam e o vento frio entra para meu quarto deixando o ambiente agora como cena de terror, fecho a janela e me jogo a cama quente me cobrindo com o edredom, olho para o teto imaginando várias coisas antes de meus olhos se fecharem e eu adormecer profundamente.

Destinados - Um Começo Para O Fim - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora