Destinados - Um Começo Para O Fim - Livro 1

~85~

  Voltava para casa sozinha, nosso pequeno passeio foi interrompido porque o chefe de Miguel pediu para ele fazer umas horas extras no lugar de outro garoto que estava doente. Enquanto volto para casa, seguro meu celular para ver que nenhuma mensagem de Carl chegou, onde será que ele está? Abraçando meus braços em busca do calor humano e acabo por sentir a dor que me fez lembrar de hoje mais cedo, o medo se apoderou de mim e senti meu coração acelerar a mil por hora. Tomando um par de inspirações pesadas e sentindo o suor descer na minha testa, a cada passo tentava controlar os batimentos e a euforia que é minha respiração. Vendo a casa que vivo a meses sinto um certo conforto. Assim que bato a porta atrás de mim suspiro pesado, mas sou surpreendida por dois braços que me prendem entre a porta e o corpo.
   — Onde você estava? — senti o cheiro de tequila e outras substâncias de longe, sabia que tinha passado a tarde bebendo. A visão de Carl na sombra é ainda mais assustadora, seus olhos penetraram os meus com uma intensidade forte e nunca abandonam as minhas íris. Está com seu tronco nu, uma calça moletom e descalço — me responde! — sinto o peso em sua voz, não parece bêbado, mas a odor do álcool é forte.
   — S-Saí com Miguel — minha voz vacila assim como uma de suas sobrancelhas levantam.
   — Com aquele idiota? — me encara e não entendo sua raiva — não passou nem uma mensagem para mim na droga desse dia.
   — Pensei que quisesse um tempo sozinho, você que não passou, saiu de casa, me expulsou do seu quarto, não quis conversar!
   — Saiu com um garoto e voltou essa hora da noite — me olha agora com postura reta e apenas seu corpo como barreira me impede de passar.
   — Carl, vai dormir, está beba...
   — Não estou bêbado. Quero saber o que estava fazendo.
   — Sai com Miguel, foi apenas isso.
   — Apenas isso?
   — Carl isso é ciúmes? — o encaro
   — E se for? — balanço minha cabeça negativamente não o olhando.
   — Isso aqui tudo, é uma briga besta — tento passar por ele, porém o mesmo segura meu braço, com a dor solto um grunhido baixo.
   — O que aquele idiota fez com você? — sua voz fica alterada.
   — Fala baixo Elina e Daniel podem...
   — Foda-se — sua linguagem me faz calar — porque gemeu? O que ele fez contigo?
   — Carl é você que está me ma...
   — FALA ANGEL! — O encaro e sinto todo meu corpo congelar, não tenho reação para esse Carl irreconhecível, ouço os passos de alguém e Elina aparece na escada.
   — Meninos — Carl me encara nos olhos antes de soltar meu braço. — Carl o que fez com ela? — só agora percebo como meus olhos estão cheios d'água — querida suba, tenho coisas a tratar com ele — o encaro por muitos minutos antes de virar minhas costas para ele. Subo as escadas sentindo as lágrimas nas paredes da minha garganta. Quando fecho a porta atrás de mim tiro minha jaqueta a jogando na poltrona enquanto meu corpo cai na cama e tento abafar as vozes da minha cabeça.

     Quando acordei pela manhã fiquei pensando em que momento daquele pesadelo eu acabei dormindo, percebi que dormi com a roupa que sai ontem com Miguel, então deixei meu corpo deslizar para fora do lugar acolhedor e quente para tomar um banho para iniciar um dia na escola. Quando sai para o corredor para um café da manhã soube que hoje o dia para Elina e Carl não seria bom, assim que ja se ouve as vozes de ambos. Meu pai está a sala com uma xícara de chá, agindo como se nada estivesse acontecendo, o olho assim como o mesmo e ele balança a cabeça negativamente e me sentando esperando o rapaz era impossível não ouvir a briga.
   — Até quando vai cuidar da minha vida?— sua voz sai alterada.
   — Até que você saía da porra do meu teto! Irei cuidar da sua vida — nunca vi Elina tão alterada e a dizer esse tipo de palavras com Carl. O clima está muito tenso, muito pesado naquele ambiente e eu não imagino eu ali a brigar. — Não quero que vá aquela luta — só ai lembrei que hoje Carl teria uma luta naquele mesmo ringue — Carl põe sua vida em risco com aquelas pessoas.
   — Olha eu sei me cuidar, tá legal? Não preciso que me diga o que devo fazer. — Vejo a estrutura forte do garoto a sair e então pude presenciar grandes bolsas e olhos vermelhos, não dormiu ontem. Um suspiro alto sai de sua boca assim como passa a mão em seu rosto pálido.
   — Oi Daniel — meu pai o cumprimenta e o mesmo me encara fazendo um leve movimento com a cabeça para irmos para fora. Levanto do acento e caminho para fora junto ao mesmo, não digo nada porque não há nada para dizer. Sabia do que se tratava a briga e não queria tocar no assunto com Carl parece com cara para poucos assuntos e a única coisa que eu queria era menos problemas.

   Sim, queria menos problemas, mas quando cheguei na escola soube de algo que me trouxe uma das piores notícias. Agora estou na diretoria a espera de alguém, assim que cheguei fui chamada e realmente eu não sei para que era ou do que se tratava, só sabia que tinha haver com algo que estava sendo investigado pela polícia e que eu estava no meio. Só havia eu no corredor a espera de alguém me chamar. Por que eu? E por que um interrogatório?
   — Srta.Cooper? — levanto olhando a diretora. — Me acompanhe — vou atrás da mulher com roupas formais até me deparar com dois polícias a minha frente em poltronas. Me sinto como uma criminosa pronta para ser encaminhada para a delegacia.
   — Recebemos um caso de alguns dias atrás, quase um mês senhorita e você está incluída — um dos homens se pronunciou.
   — Eu posso saber do que se trata? — eles se olharam e um deles suspira pesado.
   — Acontece que a quase um mês um rapaz deixou uma carta após seu suicídio — rapidamente me caiu a ficha — Lucas Philipe estava sendo procurado pela policia por tráfico de drogas e assassinato — me mostrou a foto do rapaz que até então para mim sempre foi inofensivo — junto a ele encontramos essas fotos — na mesa tinha fotos minhas, de todos os jeitos que possa imaginar, alguns rabiscos e uma minha com, Carl, e um X vermelho em cima. Do que se trata isso eu não sei, mas sei que meu coração quase pula para fora do meu peito.