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Angel

  No avião eu estava do lado de Carl que ouvia algo no seu mp3, não trocou palavras comigo desde ontem, apenas nos olhamos durante o trajeto para o aeroporto. A notícia de Lucas tinha me abalado muito, foi à mesma emoção que senti quando minha mãe se foi, meu coração está apertado e eu não consigo está feliz, não há motivos e eu acho que não haveria por um bom tempo. Mas, eu tenho que focar em uma coisa, nos meus pequenos surtos de terror que estão voltando. Eu já estava feliz por ter superado as crises, mas agora, não sei o que aconteceu que resgatou esses medos do passado, quase não entrei no carro hoje e ontem tive uma crise. Meu pai não entende e pela primeira vez me decepcionei com ele, me senti muito magoada com o que disse. Disse que eu não tinha mais motivos, será que não? Se está acontecendo é porque tem! Mas nem eu mesma sei qual é. Acho que não estou mesmo acostumada com percas, perdi duas pessoas importantes para mim e mesmo chateada, não suportaria perder meu pai, também acho muito egoísmo da minha parte perante com ele quando tentei suicídio, não sei onde estava com a cabeça, acho que havia me esgotado a tal ponto que havia se esquecido da pessoa que tanto amo, seria muito forte para ele, mas agora também está sendo forte para mim e ele que deveria está me ajudando a lidar com isso, acha que é frescura da minha parte, e a pessoa que está me ajudando não tem nenhuma obrigação de ajudar e eu? Sinto-me mal por não está dando valor a essa ajuda e o olhando, sei que está mal com algo, sei que faço alguma coisa de errado, muito errado. Não imagino Carl tentando algo nesse nível, apesar de às vezes ter recaídas que o faz fazer coisas bobas, é um rapaz maduro, acho que não chegaria tão longe a ponto de pensar em suicídio.

   — Angel vamos — sua voz me faz despertar dos devaneios e ver que já estamos nas terras Americanas. Finalmente estou sentindo ar puro, sempre quis visitar Nova Iorque, porém, papai nunca me levou para suas viagens por conta do colégio. Pego na minha mala bastante retrô e a arrasto acompanhando os passos do rapaz mais velho que eu.
   — Os avós de Carl moravam aqui, sempre costumávamos vir passar suas férias e as férias de Loren quando pequenos, depois que eles ganharam a casa do Havaí começaram a ir sozinhos passar as férias lá. A última vez que viemos, foi no seu aniversário ano passado. — Elina me diz com certa tristeza igualmente seu olhar triste, mas ainda carrega o sorriso lindo nos lábios — foram dias ótimos — me olhou — e esses também serão, certo? — sorri para ela que me abraçou de lado.

  Era bom saber que eu não tinha nenhum rancor perante a Elina. Outras pessoas não gostariam de ver outra mulher no lugar de sua mãe. Eliana não esta no lugar de minha mãe, ninguém poderá preencher o vazio que tem aqui dentro. Mas mesmo assim, com Elina sinto o ar materno, a proteção de mãe e eu gosto da mesma e gosto de aceita-la como madrasta, não sei se um dia posso a chamar de Mãe, porque meu coração está criando paixão e sentimentos por Carl, mesmo estando errado, sei que devo a chamar de mãe ou Elina, não de sogra. Afastando os pensamentos, há um carro preto a espera de nós, Daniel e Carl conversam na frente do automóvel enquanto eu e Elina ainda andamos para encontrá-los;
   — Então, eu percebi que Carl mudou um pouco depois das férias — meus batimentos aumentam — o que fizeram?
   — É... — procurava uma resposta, pois não havia feito nada para mudá-lo —... bom, assistimos filmes e às vezes ele saía, passava o dia a escrever no seu caderno, ficamos mais em casa — por mais que penso que o conheço, acabei de ver que não sei muito do seu histórico — por que? Como assim ele mudou?
   — Carl se fechou bastante depois da morte de Loren. Mas ontem mesmo ele se sentou à mesa para comer, conversou e até sorriu. Antes nem jantar ele jantava, ficava em bares ou dormia fora.
   — Entendo — disse e chegamos à beira dos dois homens.
   — Vamos meninas — Daniel sorriu largo e eu e Carl nos olhamos.

   Enquanto observo todo o lugar desconhecido por mim e bem bonito, além disso, sinto a tensão que está o banco de trás, enquanto Elina falava com Daniel sobre os lugares que iríamos nessas duas semanas, eu e Carl não abrimos a boca para nada. Depois de tudo que houve eu pensava que iríamos ter alguma conversa. Mas sei que não, não será tão fácil sentar e conversa de séries enquanto tomo um chá gelado na companhia dele. Ele é difícil, sim bateu papo comigo, falou sobre uma relação, entretanto sei que até tudo acontecer será difícil. Não teremos uma relação como ele disse. Eu acho.

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Destinados - Um Começo Para O Fim - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora