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  Angel Cooper

  Arrumo a blusa de frio no meu corpo enquanto desço as escadas para esperar a mensagem de Miguel avisando que já está perto de casa, sinto meu estômago protestar em fome e caminho até a cozinha para pegar uma maçã, Lis e Daniel estão a assistir algum filme na sala, e encostada na bancada do armário sinto que estou sendo observada, com os cabelos em cortinas em cada lado do meu rosto tento encarar discretamente a janela para ver que uma estrutura masculina está entre uma árvore no quintal. Rapidamente levanto minha cabeça para ver que nada há ali, tento regular minha respiração para que meus batimentos voltem ao normal, e quando meu celular vibra não deixo de ter um pequeno susto que me faz faltar o ar.

"Estou a porta" M.

  Caminhando até lá me despedindo dos dois sobre o sofá, vejo o garoto em pé com um guarda-chuva em mãos, olho para o céu azul-escuro para ver que cai pequenos pingos que me deixaria encharcada em minutos. Corro para debaixo do seu guarda-chuva enquanto ri da minha cara e começamos a traçar um caminho para casa de Fernanda.

***

  — Mas amiga, é sério, sei que conhece ele melhor que eu, mas deve tomar cuidado — Fernanda estava insistindo que Carl está aprontando algo, sei que ele está estranho ultimamente, também sei que mexe com tráfico, porém, eles não sabem.
  — Por que insiste tanto que meu namorado é um delinquente que quer me torturar até a  morte? — dou uma pequena gargalhada e olho Miguel que revira os olhos para a menina morena ao meu lado. Ouço um suspiro vindo da mesma que joga seu caderno a cama e me encara, deixo meu lápis sobre o caderno e a olho.
  — Pelo simples fato de ele te espancado um cara quase, quase — me encara no fundo dos olhos — até a morte — meu coração acelerou tão rápido quanto eu pude processar o que ela falou, sabia que Carl poderia machucar alguém, mas a esse ponto? Matar? — não sei o motivo, só sei que Carl parecia cobrar algo e o homem não cedeu.

Drogas?

  — Você tem certeza? — ela ri e encaro Miguel.
  — Quem é o único cara que anda de coturno em qualquer dia da semana esteja sol ou chuva, tem sua cabeça raspada e tatuagens por um braço inteiro e temperamento horrível? Jonathan?
Me surpreendeu Carl está de regata — regata? Um pequeno flash me vem a mente, quando lembro de algumas semanas, quando Carl chegou em casa e disse algo como um nome, que para mim se referiu a sua ex namorada Lizzie, estava bêbado e com marcas de sangue. Sangue que não era dele.
  — Tomarei cuidado.

  A partir do momento que as coisas que Fernanda me disse entraram na mente, não tinha nenhuma coisa naquela lição que me fez tirar tudo da cabeça. Agora, eu ando de volta para casa, resolvi não ter que dormir lá, também briguei com Miguel, pois, não quis que me acompanhasse. Sei que Daniel terá um surto ao saber que estou andando nas ruas a essa hora da noite, quase madrugada sozinha, mas precisava justamente disso, ficar só e pensar em tudo o que está acontecendo e aconteceu nesses meses. O vento frio está demasiado forte, tento esvaziar minha cabeça, e acelerar o passo, mas a mão que segurou meu braço e a voz que me ameaçou, não deixou eu continuar.
  — Não deveria andar só a essa hora da noite — meu corpo parou no tempo, não obedecia minhas ordens - que no momento era apenas correr — ainda mais tão bonita como é — engulo em seco sentindo seu aperto sobre meu braço — agora, escuta muito bem, Angel — como sabia meu nome? — quero que avise a seu irmãozinho, ou melhor, namoradinho? Que vai haver volta, ou você e ele morre, mande isso como um aviso — sinto meu braço ser cortado, e não pude evitar o grito que saiu de meus lábios em dor. Coloco a mão entre o ferimento para estancar o sangramento, envolvendo minha blusa entre o corte, tento visualizar o homem, mas já não há mais ninguém na rua, então meu corpo me obedece, eu corro, corro muito até avistar a casa completamente apagada e quando entro nela corro rapidamente para o andar de cima e abrindo a porta do quarto de Carl pude o ver saindo do banho e assustado com a aparição repentina da minha pessoa, solta sua toalha dos cabelos e encara minha mão, logo após minha blusa encharcada de sangue.
  — Angel o que é isso? — lágrimas caem dos meus olhos e o estado que me encontro não me permite dizer nada apenas observar meu corpo se guiado e a água fria cair sobre o corte me fazendo gemer em dor.
  — Awn — mordo meus lábios tentando conter o barulho.
  — Me conta o que houve! — me sento sobre sua cama vendo ele sentando a minha frente com uma caixinha de primeiro socorros.
  — Acontece que um cara que não sei quem é, me ameaçou e mandou te dizer que vai ter volta — Carl me encarou sério.
  — Quem era? — sentia seu ódio
  — E-eu n-não — o olhando meu pânico só aumenta mais ainda.
  — Quem era? — esbraveja.
  — Eu não sei! — choro e abaixo minha cabeça — eu não sei, foi apenas isso — ouço um suspiro, e depositado no meu corte foi algo que ardeu me fazendo fechar os olhos.

Destinados - Um Começo Para O Fim - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora